O presidente da
República, cujo governo termina hoje, entrou no Palácio do Planalto bastante pequeno,
em termos políticos, porque ele sempre pertenceu ao baixo-clero da Câmara dos
Deputados, não tendo aprovado nenhum projeto de notoriedade, e consegue sair de
lá ainda menor ainda, depois do seu obsequioso retiro medroso e desleal a
partir da sua derrota nas urnas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral.
Na verdade, a entrada
dele, no referido palácio, foi triunfante e festiva, mas a sua saída, que
aconteceu ontem, foi cercada de melancolia, praticamente tendo saído pelas
portas dos fundos, como um escorraçado fugitivo, que não teve a hombridade nem
a dignidade de honrar a grandeza do cargo presidencial, quando preferiu fugir
para os Estados Unidos da América, certamente com temor de ser preso, depois de
passar o cargo para um ex-presidenciário.
Aliás, só o fato de ele
ter perdido a disputa presidencial, segundo a Justiça eleitoral, logo para político
em plena decadência moral, uma vez que o seu adversário foi condenado à prisão,
pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e ainda responder
a vários processos penais, na Justiça, mostra que a sua rejeição por parte de
brasileiros atingiu o clímax, em que pese haver fortes suspeitas de irregularidades
na manipulação das urnas eletrônicas, com o atenuante de não ter sido possível
se saber a verdade sobre elas, por falta de acesso ao código fonte.
A verdade é que o
presidente tinha condições de obter o referido código fonte, bastava ele ter decretado
a intervenção militar, que os militares cuidariam de afastar os dirigentes do Tribunal
eleitoral e providenciar a recontagem dos votos, depois de se apoderarem desse
valioso instrumento, que tem o poder de mostrar a verdade sobre a operacionalização
das últimas eleições, por meio de fiscalização pertinente, de modo que se teria
a certeza sobre os verdadeiros vitoriosos nas eleições.
O certo é que o presidente brasileiro
preferiu enganar seus seguidores e muito mais, traí-los, porque eles
permaneceram, por mais de dois meses nas portas dos quartéis do Exército,
implorando por intervenção militar, tendo dado, como resposta, a famosa “banana”
de braço para eles, tendo fugido, sorrateiramente, para Orlando, Estados Unidos,
para supostamente se proteger, sem dar a mínima satisfação, como era do seu
dever político, para aqueles que confiavam na grandeza moral e política dele.
À toda evidência, havia
a inabalável esperança de que o presidente do país, mesmo em cima da hora, no
apagar das luzes do seu governo, acionária o disposto no art. 142 da Constituição,
por meio da tão ansiada intervenção militar, para delegar aos militares o dever
de sanear a esculhambação implantada, no Brasil, por um ministro do Supremo
Tribunal Federal, que também preside o Tribunal eleitoral.
Na realidade, depois da retirada de cena
política do presidente brasileiro, o clima nos grupos de seus apoiadores azedou
de vez, com a perda da esperança sobre a intervenção militar, tendo surgido
muita revolta, em que, por exemplo, um internauta disse que “Meu protesto
nunca foi por Bolsonaro, foi pelo Brasil, foi pelas Forças Armadas”.
Uma apoiadora do presidente
escreveu, no Telegram, se referindo ao mandatário: “Ele é um frouxo. Me
sinto mal por ter acreditado que ele iria acionar o Exército”.
As respostas das
publicações são repletas de piadas, memes e de “patriotas traídos”, conforme
resume o seguinte texto: “Infelizmente nosso presidente é um covarde. O povo
se uniu em setembro de 2021 e 2022, suplicou ‘eu autorizo’ e o que ele fez?
Nada”.
Ressalte-se que a citada
expressão “eu autorizo” foi resposta clara dada pelo povo ao apelo do
presidente do país, que não se cansava de afirmar que “eu faço o que povo
quiser”, mas ele nunca teve coragem para fazer absolutamente nada para
impedir a implantação da ditadura do Poder Judiciário, mostrando que ele não passava
de demagogo e hipócrita, que fez o povo acreditar na palavra dele, mas foi
totalmente incapaz de corresponder às próprias iniciativas e isso é fato também
a se lamentar profundamente.
O resumo da ópera não poderia
ser o pior possível, infelizmente protagonizado por quem sempre se mostrou a
síntese da bravura em defesa dos seus ideais políticos, indo para cima das
autoridades da República, quando sentiam ofendidos os seus direitos e até mesmo
quando muitos casos envolviam os seus apoiadores, mas essa mesma pessoa se
desmilinguiu muito, de repente, logo depois das eleições, como se ele tivesse
duas personalidades distintas, uma de altruísta até antes da derrota, e outra
bastante acabrunhada e completamente desiludida, depois dela.
Os fatos mostram que o
presidente conseguiu evidenciar pessoa absolutamente transfigurada e incapaz de
pensar e agir, porque foi exatamente assim que transcorreu o seu fim de
profunda depressão, quando ele mesmo disse que decidiu se recolher aos
aposentos do Palácio da Alvorado, com a finalidade de não tumultuar ainda mais
as eleições, mesmo que ele ainda estivesse no comando dos brasileiros, que, avidamente,
esperavam por ativa reação dele contra
os desmandos impostos pela ditadura da toga, que tantos malefícios causaram ao Brasil,
mas, lamentavelmente, eles ficaram por isso mesmo: impunes.
O silêncio obsequioso do presidente do
país, antes poético e misterioso, culminou com a inexplicável fugida para outro
país, em busca de refúgio, como se ele se considerasse criminoso sem ter sido
julgado por delito algum, mas ninguém sai do Brasil se não tiver motivação plausível,
quanto mais quando seus apoiadores tinham entregado importante missão para ele
desempenhar, mas ela ficou sem resposta.
Essa incumbência seria na
forma da intervenção militar, mas ele preferiu, sem prestar o mínimo
esclarecimento aos seus apoiadores, abdicar do seu dever patriótico, deixando para
traz muitas decepção e desolação, diante da certeza de que ele seria incapaz de
se comportar como verdadeiro fugitivo, logo no pior momento da história do
Brasil, que ele poderia ter se transformado em herói nacional, tendo optado, ao
contrário, por abandonar o seu povo, em ato que configura a pior covardia.
Enfim, essa é mais uma
melancólica história que se traduz em fatos deploráveis para os anais da
República, uma vez que os brasileiros acreditaram piamente em político que se
mostrava identificado com os propósitos de grandeza do Brasil, mas ele nem consegue
terminar o seu governo com a cabeça erguida, quando o seu povo foi injustamente
traído por ele, que resolveu fugir para outro país, com medo de ser preso, fato
este que pode demonstrar o fim da sua carreira política, diante da perda de
credibilidade como homem público.
Brasília, em 31 de dezembro de 2022