sábado, 31 de dezembro de 2022

Apelo à reflexão?

 

O presidente da República, cujo governo termina hoje, entrou no Palácio do Planalto bastante pequeno, em termos políticos, porque ele sempre pertenceu ao baixo-clero da Câmara dos Deputados, não tendo aprovado nenhum projeto de notoriedade, e consegue sair de lá ainda menor ainda, depois do seu obsequioso retiro medroso e desleal a partir da sua derrota nas urnas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral.

Na verdade, a entrada dele, no referido palácio, foi triunfante e festiva, mas a sua saída, que aconteceu ontem, foi cercada de melancolia, praticamente tendo saído pelas portas dos fundos, como um escorraçado fugitivo, que não teve a hombridade nem a dignidade de honrar a grandeza do cargo presidencial, quando preferiu fugir para os Estados Unidos da América, certamente com temor de ser preso, depois de passar o cargo para um ex-presidenciário.

Aliás, só o fato de ele ter perdido a disputa presidencial, segundo a Justiça eleitoral, logo para político em plena decadência moral, uma vez que o seu adversário foi condenado à prisão, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e ainda responder a vários processos penais, na Justiça, mostra que a sua rejeição por parte de brasileiros atingiu o clímax, em que pese haver fortes suspeitas de irregularidades na manipulação das urnas eletrônicas, com o atenuante de não ter sido possível se saber a verdade sobre elas, por falta de acesso ao código fonte.

A verdade é que o presidente tinha condições de obter o referido código fonte, bastava ele ter decretado a intervenção militar, que os militares cuidariam de afastar os dirigentes do Tribunal eleitoral e providenciar a recontagem dos votos, depois de se apoderarem desse valioso instrumento, que tem o poder de mostrar a verdade sobre a operacionalização das últimas eleições, por meio de fiscalização pertinente, de modo que se teria a certeza sobre os verdadeiros vitoriosos nas eleições.  

          O certo é que o presidente brasileiro preferiu enganar seus seguidores e muito mais, traí-los, porque eles permaneceram, por mais de dois meses nas portas dos quartéis do Exército, implorando por intervenção militar, tendo dado, como resposta, a famosa “banana” de braço para eles, tendo fugido, sorrateiramente, para Orlando, Estados Unidos, para supostamente se proteger, sem dar a mínima satisfação, como era do seu dever político, para aqueles que confiavam na grandeza moral e política dele.

À toda evidência, havia a inabalável esperança de que o presidente do país, mesmo em cima da hora, no apagar das luzes do seu governo, acionária o disposto no art. 142 da Constituição, por meio da tão ansiada intervenção militar, para delegar aos militares o dever de sanear a esculhambação implantada, no Brasil, por um ministro do Supremo Tribunal Federal, que também preside o Tribunal eleitoral.

          Na realidade, depois da retirada de cena política do presidente brasileiro, o clima nos grupos de seus apoiadores azedou de vez, com a perda da esperança sobre a intervenção militar, tendo surgido muita revolta, em que, por exemplo, um internauta disse que “Meu protesto nunca foi por Bolsonaro, foi pelo Brasil, foi pelas Forças Armadas”.

Uma apoiadora do presidente escreveu, no Telegram, se referindo ao mandatário: “Ele é um frouxo. Me sinto mal por ter acreditado que ele iria acionar o Exército”.

As respostas das publicações são repletas de piadas, memes e de “patriotas traídos”, conforme resume o seguinte texto: “Infelizmente nosso presidente é um covarde. O povo se uniu em setembro de 2021 e 2022, suplicou ‘eu autorizo’ e o que ele fez? Nada”.

Ressalte-se que a citada expressão “eu autorizo” foi resposta clara dada pelo povo ao apelo do presidente do país, que não se cansava de afirmar que “eu faço o que povo quiser”, mas ele nunca teve coragem para fazer absolutamente nada para impedir a implantação da ditadura do Poder Judiciário, mostrando que ele não passava de demagogo e hipócrita, que fez o povo acreditar na palavra dele, mas foi totalmente incapaz de corresponder às próprias iniciativas e isso é fato também a se lamentar profundamente.

O resumo da ópera não poderia ser o pior possível, infelizmente protagonizado por quem sempre se mostrou a síntese da bravura em defesa dos seus ideais políticos, indo para cima das autoridades da República, quando sentiam ofendidos os seus direitos e até mesmo quando muitos casos envolviam os seus apoiadores, mas essa mesma pessoa se desmilinguiu muito, de repente, logo depois das eleições, como se ele tivesse duas personalidades distintas, uma de altruísta até antes da derrota, e outra bastante acabrunhada e completamente desiludida, depois dela.

Os fatos mostram que o presidente conseguiu evidenciar pessoa absolutamente transfigurada e incapaz de pensar e agir, porque foi exatamente assim que transcorreu o seu fim de profunda depressão, quando ele mesmo disse que decidiu se recolher aos aposentos do Palácio da Alvorado, com a finalidade de não tumultuar ainda mais as eleições, mesmo que ele ainda estivesse no comando dos brasileiros, que, avidamente,  esperavam por ativa reação dele contra os desmandos impostos pela ditadura da toga, que tantos malefícios causaram ao Brasil, mas, lamentavelmente, eles ficaram por isso mesmo: impunes.

        O silêncio obsequioso do presidente do país, antes poético e misterioso, culminou com a inexplicável fugida para outro país, em busca de refúgio, como se ele se considerasse criminoso sem ter sido julgado por delito algum, mas ninguém sai do Brasil se não tiver motivação plausível, quanto mais quando seus apoiadores tinham entregado importante missão para ele desempenhar, mas ela ficou sem resposta.

Essa incumbência seria na forma da intervenção militar, mas ele preferiu, sem prestar o mínimo esclarecimento aos seus apoiadores, abdicar do seu dever patriótico, deixando para traz muitas decepção e desolação, diante da certeza de que ele seria incapaz de se comportar como verdadeiro fugitivo, logo no pior momento da história do Brasil, que ele poderia ter se transformado em herói nacional, tendo optado, ao contrário, por abandonar o seu povo, em ato que configura a pior covardia.

Enfim, essa é mais uma melancólica história que se traduz em fatos deploráveis para os anais da República, uma vez que os brasileiros acreditaram piamente em político que se mostrava identificado com os propósitos de grandeza do Brasil, mas ele nem consegue terminar o seu governo com a cabeça erguida, quando o seu povo foi injustamente traído por ele, que resolveu fugir para outro país, com medo de ser preso, fato este que pode demonstrar o fim da sua carreira política, diante da perda de credibilidade como homem público.

Brasília, em 31 de dezembro de 2022

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