O presidente eleito à
Presidência da República disse que não vai esquecer os acontecimentos que o
levaram à prisão em 2018, mas ponderou que não tem direito de "sentar
na cadeira com ressentimento" e que isso não está na sua "mesa
de governança".
O político acusou o ex-juiz
da Operação Lava-Jato, que o jugou e o condenou à prisão, de ter enganado os
brasileiros e os meios de comunicação, ou seja, ele que é acusado de ter cometido
gravíssimos crimes contra a administração pública entende que a culpa é do
magistrado que julgou as ações penais e o condenou pelos crimes atribuídos a
ele, em total inversão de valores.
O político disse que "Foram
cinco anos, não cinco dias, foram vidas destruídas, e nós estamos aqui de
cabeça erguida. E eu tenho certeza que meus acusadores não andam de cabeça
erguida como eu ando. Digo isso porque não quero vingança, depois do presente
que o povo brasileiro me deu outra vez me elegendo presidente não tenho direito
de me sentar na cadeira com esse sentimento".
O político ressaltou também que
decidiu ser candidato novamente, após retomar seus direitos políticos, porque
seria o único com capacidade para vencer o presidente da República.
É preciso ficar claro que a
retomada dos direitos políticos se deu por ajudar exclusiva da Justiça, sem o
exame sobre o mérito dos crimes atribuídos a ele, conforme mostram os fatos e
isso não significa que ele tenha ganho condições de normalidade política,
porque a mácula inerente aos atos irregulares na gestão dele continua existindo
como na origem das denúncias à Justiça, o que vale dizer que ele é seguramente verdadeiro
ficha suja, que não teve condições de provar a sua lisura na vida pública.
Como se vê, o político se
louva em afirmar que se encontra de “Cabeça erguida”, como se ele fosse pessoa
de princípios, cultor de conduta ilibada e idoneidade, na vida pública, em que se
ele tivesse, ao menos, provado, com base em elementos juridicamente válidos, a
sua inocência sobre as brutais irregularidades praticadas no governo dele.
Não tem como serem ignorados os esquemas criminosos
e degradantes, devidamente comprovados por meio de investigações policiais e
julgamentos judiciais, mostrando a suntuosidade de recursos públicos desviados
de estatais, com destaque para a maior empresa petrolífera brasileira, de onde
foram subtraídos bilhões de reais para diversas atividades espúrias, em
especial para o financiamento de campanhas milionárias, visando à manutenção no
poder, só isso já seria mais do que assombroso para a reprovação dele como político
à altura da grandeza do Brasil e dos brasileiros honrados e dignos.
Como falar em vingança, se as
ações penais julgadas, cujas sentenças condenatórias à prisão dele, tiveram por
base fatos caracterizados como irregulares, cuja autoria realmente foi materialmente
atribuída à pessoa dele, que não teve capacidade para contestar as acusações e
comprovar a sua inocência, motivo da conclusão pela culpabilidade dele e das
sentenças condenatórias à prisão?
Na verdade, o político não
pode sequer falar em ressentimento, exatamente porque não há motivo algum para
se concluir nesse sentido, uma vez que todos os atos irregulares atribuídos à
autoria dele se encontram integralmente registrados e comprovados nos autos,
aguardando julgamento, com relação àqueles que ainda não prescreveram, em razão
da idade avançada dele, que a lei permite o arquivamento da ação penal pela
preclusão de tempo, não por comprovação da inculpabilidade e isso não tem nada
a ver com absolvição dos crimes havidos, porque a imaculabilidade dos atos criminosos
continua intocável.
É preciso frisar que poderia
até se falar em “cabeça erguida” e inexistência de “ressentimento” se o político
tivesse comprovado, perante a Justiça e a sociedade, a sua inculpabilidade com
relação às denúncias de irregularidades cuja autoria é atribuída a ele, ou até
mesmo que tivesse sido constatado que os atos criminosos não tivessem existidos
e ainda que não tivesse prova alguma sobre elas.
Não obstante, as provas
materiais foram coligidas e serviram de base para as sentenças judiciais, que
foram devidamente confirmadas nas segunda e terceira instâncias da Justiça, cujos
veredictos da lavra de três desembargadores e cinco ministros foram por
unanimidade, confirmando as decisões iniciais.
A verdade é que as aludidas sentenças
foram anuladas, sob o argumento artificioso da incompetência de jurisdição, cuja
medida não encontra amparo constitucional nem legal, conquanto os atos
criminosos subsistiram normalmente, conforme comprovação constante dos autos,
tanto que eles vão ser novamente julgados, no caso daqueles que não foram
prescritos, por mero decurso de prazo, ficando patente que é vergonhoso se falar
em “cabeça erguida” quando nada foi provado em contrário das denúncias, por
ocasião dos exames de mérito das ações penais, quanto à inculpabilidade ou não do
político.
É preciso ficar muito bem
claro que o significado de inocência, à exclusiva luz do comunismo, tem a representatividade
de fidelidade, lealdade à causa socialista e isso fica muito evidente quando o
político diz que não existe ninguém mais inocente do que ele, dando a entender
que isso faz parte da confissão à extrema lealdade ao comunismo, diante da
prática de desonestidade que tem o respaldo em nome da causa desse funesto
regime, prática esta que tem por finalidade a manutenção no poder, não importando
os fins empregados para o atingimento dos meios, exatamente como tudo aconteceu
no governo desse político, que, mesmo em plena decadência moral, ainda se acha
a imponência da política.
Quem não conhece o currículo
sujo do político, na vida pública, e ouve ele dizer que “eu tenho certeza
que meus acusadores não andam de cabeça erguida como eu ando.”, vai imaginar
que quem praticou crimes de improbidade administrativa foram os acusadores e os
julgadores dele e não ele, que, ao contrário, teria a áurea da pureza na gestão
pública, quando os fatos mostram que ele não teve a mínima dignidade para
assumir a responsabilidade sobre a roubalheira no governo dele e somente admitiu,
na campanha eleitoral, que teria havido corrupção quando ele foi presidente do
país, porque, segundo, as pessoas confessaram e delataram os desvios de
recursos públicos, à época.
Enfim, quem precisariam levantar
a cabeça eram os antibrasileiros que perderam a dignidade em votar em político
que não se envergonha de se dignar a dizer que anda de “cabeça erguida”, quando
já foi condenado à prisão, ante a prática dos crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, por recebimento de propina, sendo que ele ainda responde a
vários processos penais na Justiça, que o impedem de praticar atividades políticas
e exercer cargo público, a despeito do entendimento contrário de brasileiros,
segundo o resultado informado das urnas, que se encontra sob questionamentos
quanto aos procedimentos de votação e pendentes de esclarecimentos por parte da
Justiça eleitoral brasileira.
Diante da evidente degeneração
de princípios, com dominação explícita no último processo eleitoral, em que não
houve o devido cuidado, por parte de eleitores, quanto ao controle da avaliação
sobre os critérios da lisura em relação à coisa pública, o resultado das urnas
informado pela Justiça eleitoral revela precisamente a confirmação do provérbio
segundo o qual o povo tem o governo que merece, em conformidade com a vontade de
eleitores, repita-se, em visível promiscuidade quanto aos valores inerentes às
atividades de incumbência da administração pública, que se fundam nos salutares
princípios da moralidade, da honestidade, da dignidade, entre outros que são os
pilares da probidade na gestão pública.
A ilação permitida sobre
todos esses fatos inglórios é a estranheza e o desalento de o Brasil vir a ser presidido
por político com a índole tão deprimente e degenerada de desonestidade, por ter
se tornado, por seus deméritos criminais, modelo de completo desprezo aos
princípios republicano e democrático, conforme mostram os fatos, à saciedade.
Brasília, em 15 de
dezembro de 2022
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