segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

À espera de definição

 

Em vídeo que circular nas redes sociais, um cidadão fez veemente apelo para que os verdadeiros brasileiros se juntem às pessoas que estão em frente aos quartéis do Exército, como prova de amor ao Brasil.

Pensando sobre a relevância do patriotismo e do amor ao Brasil, as palavras desse cidadão têm bastante pertinência, eis que não faz o menor sentido alguém dizer que ama a pátria e, no momento que mais ela precisa, como neste momento de mobilização em torno de causa em apelo à moralização do funcionamento das instituições constituídas, simplesmente vira-se de costas para ela, sem medir as consequências sobre a sua falta de atitude.

Agora, de certa forma, é preciso se reconhecer o comportamento exemplar das pessoas que estão enfrentando as intempéries, sob sol e chuvas, condições estas as mais precárias e adversárias possíveis e imagináveis, em nome de causa que não se oferecem, à vista de nenhuma reação das autoridades envolvidas, como, em especial, as Forças Armadas e o presidente da República, a menor esperança de que ela seja atendida, na forma ansiada de saneamento, notadamente no que diz aos questionamentos sobre o duvidoso resultado das urnas.  

A verdade é que a pessoa com capacidade para tanto, que é o presidente da República, sequer sinaliza no sentido de que ele vai adotar alguma medida capaz de restabelecer a ordem institucional esculhambada por iniciativa e autoria de um único ministro, que, além de muitas barbaridades, trancou o segredo das urnas e não permite que ninguém possa conferir a regularidade sobre a operacionalização da votação.

O comportamento do mandatário é muito estranho, exatamente porque isso transmite sinais de insegurança para quem se posiciona à frente dos quartéis do Exército, a depender do que o presidente pense no que deve ser feito, se algo realmente acontecer, diante da inexistência de plano que assegure, minimamente, que alguma medida estratégica está, ao menos, em laboratório.

Diferente seria, com vistas ao aumento da mobilização de pessoas à frente dos quartéis, que o presidente informasse a sua intenção em contestar ou tentar obter a transparência das urnas, que seria forma de assegurar que a mobilização das pessoas não vem sendo em vão, à vista de tanto sacrifício, que não tem sido poupado, justamente em nome de causa justa.

Não obstante, a forma de sacrifício não tem sido correspondida à altura, quanto à certeza, em termos de reação do presidente, que vem esticando ao máximo a corda que suporta o limite até onde ele vai, inclusive na iminência de acabar o governo e somente restar a desculpa esfarrapada de que não foi possível fazer o que se pretendia, por algum motivo irrelevante, como falta de tempo, por exemplo.

Não tem sido fácil, tanto para quem se encontra nos acampamentos, que anseia por alguma medida saneadora, e também por parte de muitas pessoas que já perderam a esperança de alguma reação vinda do presidente do país, como no meu caso, que não acredito em mais nada, uma vez que, e se ele tivesse realmente pretendendo contestar o resultado das urnas, por exemplo, ele já tinha agido à altura da gravidade dos problemas, na tentativa de pôr ordem na República.

      Diante da gravidade dos problemas institucionais, é preciso que o presidente da República tenha a compreensão sobre o sentimento patriótico desses brasileiros que estão se mobilizando à frente dos quartéis do Exército, para perceber que não tem sido fácil manter o equilíbrio emocional e psicológico, por tanto tempo, no aguardo de definição, que seria simplesmente desastrosa e frustrante se nada for adotado contra os abusos de autoridade, em especial quanto à falta de transparência sobre a operacionalidade das urnas eletrônicas e o resultado da última votação presidencial.

          Apelam-se por que o presidente da República tenha a hombridade de se posicionar em definitivo, como forma de mostrar a sua verdadeira personalidade de estadista, que poderá servir para marcar o seu futuro como homem público, em respeito aos verdadeiros  patriotas que anseiam pela moralização do Brasil.   

Brasília, em 26 de dezembro de 2022

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