quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Escola cívico-militar

 

Uma das principais promessas de campanha do presidente da República, na área da educação, o programa de escolas cívico-militares pode estar com seus dias contados, porque a equipe de transição do futuro governo sinaliza com a intenção de desativá-lo.

Essa ideia deverá causar enormes reações contrárias, por parte daqueles que defendem o modelo federal já implementado, com absoluto sucesso, em centenas de cidades brasileiras.

O Programa Nacional das Escolas Cívico-Militar (Pecim) foi lançado em setembro de 2019, no primeiro ano do atual governo, que defendeu o ensino militar ao longo de toda sua trajetória política e, durante a campanha presidencial de 2018, sob o principal argumento de que um dos principais problemas da educação no país seria a falta de disciplina e suposta doutrinação ideológica de esquerda praticada em sala de aula.

Conforme o programa lançado pelo governo federal, as escolas cívico-militares contam com a participação de militares da reserva nas suas gestão e organização, embora a direção e a maior parte das disciplinas continuem a cargo de civis.

As escolas cívico-militares diferenciam dos colégios militares dirigidos pelo Exército ou das polícias militares existentes em praticamente todo o país.

Nessas unidades escolares, a gestão é feita exclusivamente por militares.

Na maioria das escolas que adotam o modelo híbrido, os militares atuam no recebimento dos alunos, nos intervalos entre os turnos e no encerramento do horário de aula, cujo pagamento é feito diretamente pelo Ministério da Defesa.

Além disso, as escolas adotam fardas que simulam uniformes militares e realizam rotinas de ensino de civismo, como cantar o hino nacional, periodicamente.

A adesão ao modelo é voluntária e ocorre após a realização de consulta pública em que a comunidade do entorno da unidade opina sobre a aceitação ou não sobre a adoção do modelo.

Os critérios favoráveis à adoção de escolas mistas são a progressiva diminuição da violência e o notório apreço pela disciplina militar, resultando sempre em benefício para a formação dos alunos.

O Ministério da Educação tinha como meta, a implementadas até 2023, de 2016 escolas cívico-militares, mas somente foram efetivadas 202 unidades, conquanto fale-se na "fila" de espera de pelo menos 350 municípios, que se candidataram para entrar no programa.

Em que pese o suposto sucesso do programa, integrante da equipe de transição afirma que a tendência é que o programa seja encerrado, uma vez que, disse ele, "Eu considero que a escola cívico-militar é um equívoco que tem que ser revisto. É preciso um processo de transição para rever práticas pedagógicas adotadas pelas escolas que aderiram ao programa. A tendência é que o programa seja encerrado".

A avaliação de críticos ao modelo cívico-militar é de que ele parte de uma premissa equivocada, em que a disciplina militar seria responsável por melhorar o desempenho dos alunos. Outro fator que faria com que as comunidades fossem favoráveis à adoção do modelo é o temor em relação à violência dentro e nas proximidades das escolas, especialmente nas áreas periféricas das cidades.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás afirmou que "O problema é que as pessoas olham para o desempenho dos colégios militares e acham que os bons resultados são resultado dos militares e não da quantidade de recursos que são empregados nessas unidades".

A diretora de uma escola que aderiu ao programa federal, em 2020, disse que as mudanças impostas pelo novo modelo tiveram impacto positivo na rotina dos alunos e dos professores, uma vez que "A questão disciplinar mudou muito. Agora, com a presença dos militares, os professores se preocupam menos com a bagunça. Isso fez aumentar o tempo que os professores têm para ministrar as aulas porque eles passam menos tempo sendo interrompidos".

A aquela diretora também afirmou que o desempenho escolar dos alunos melhorou, conforme mostram os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), em especial no que se refere o Ensino Médio, em que a nota da escola saiu de 3,8, em 2019, para 4,8, em 2021.

Ela disse que a nota da escola ficou acima da média do Paraná no Ensino Médio público, que foi 4,6 e que "Antes, a gente avançava muito devagar. Era quase um décimo de aumento por ano. Após a mudança para o cívico-militar, nós subimos um ponto inteiro. Eu não vou aceitar se eles mudarem".

A mencionada diretora também disse, com relação a outra escola do programa: "Eu moro aqui há muitos anos. Meus filhos estudaram nessa escola e eu pude ver a mudança. Não tem mais venda de drogas na esquina, não se ouve mais palavrão na saída dos alunos. Eu acho que não tem que mudar nada".

O presidente e fundador da Associação Brasileira de Educação Cívico-Militar disse que o fim do programa federal vai frustrar pais e alunos, porque "Vai ser uma frustração muito grande porque é um modelo que vem dando certo. Ainda não há nenhuma posição oficial, mas a gente espera que isso não vá para a frente. Mas se for, acho que as escolas e as comunidades vão procurar formas de manter o modelo".

O Ministério da Educação disse que as escolas cívico-militares teriam obtido "expressivos resultados", em especial na redução da evasão e abandono escolares, diminuição da violência, maior participação de pais e responsáveis na vida escolar e melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Com certeza, todos os programas, mesmo de sucesso, como nesse caso das escolas cívico-militares, criados pelo atual governo deverão ser revistos, encerrados e desprezados.

Na verdade, para o futuro governo, sendo da atual gestão, não tem valia alguma a excelência dos seus resultados para a sociedade, porque o que importa mesmo é o ajuste dos programas governamentais à conveniência ideológica partidária, o que é completamente diferente da satisfação do interesse público, quando esta não é prioritária para o governo da esquerda e isso não surpreende mais, uma que a gestão pública se restringe aos seus exclusivos interesses, no sentido de melhor atender aos seus planos e metas político-partidários.

Tudo isso já fazia parte do governo da esquerda, quando a gestão dos recursos públicos era voltada para a satisfação de grupos de apoiadores políticos, conforme ficou bastante evidente por meio dos esquemas criminosos instituídos e gerenciados pelo governo, à vista das revelações feitas pelas investigações levadas a efeito pela competente Operação Lava-Jato, que conseguiu desvendar os monstruosos desvios de recursos públicos, destinados ao financiamento de milionárias campanhas eleitorais e compra da consciências de inescrupulosos parlamentares, entre outas indecências e irregularidades consideradas normais no âmbito da esquerda.

A alegação para se extinguir importante programa não se sustenta, por partir da premissa de mero “equívoco”, sem se acrescentar mais nada como argumento que se apresente como prejudicial, de alguma forma, à formação dos alunos, quando somente existem benefícios para eles e o próprio ensino, com ganho de qualidade, conforme foi atestado por uma diretora de escola, fato este que somente denota falta de responsabilidade cívica e educacional.

Enfim, a extinção desse importante programa para a sociedade é apenas o início da desestruturação de muitos outros que serão anunciadas com o passar do tempo, em prejuízo também para as pessoas que votaram de forma irresponsável para a volta da esquerda ao poder, que somente enxerga os seus interesses, em detrimento das causas nacionais e da sociedade, conforme mostram o tatos.  

Brasília, em 8 de dezembro de 2022

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