terça-feira, 9 de julho de 2024

A pior dor do mundo

Uma jovem estudante resolveu suspender a própria eutanásia, na condição de que duas novas esperanças possam mudar, em definitivo, a decisão de pôr fim ao seu sofrimento provocado por intensa dor, com a qual ela vem convivendo, há 11 anos, por causa da neuralgia do trigêmeo, distúrbio que provoca dor incapacitante, que é considerada a pior do mundo.

A estudante disse que uma das possibilidades de tratamento vem do neurologista dela e a outra de equipe da Argentina.

A dor atinge o rosto com altíssima intensidade, nos dois lados, na jovem, em forma de pontadas ou choques.

Um neurologista afirmou que "É variável, mas algumas pessoas podem ter 200 choques por dia.”.

A moça relatou que "O choque elétrico da crise é muito forte. Eu tenho uma dor constante durante o dia, uma dor permanente, e ela fica ali no nível 6, mais ou menos. E quando tem a crise, a dor aumenta muito, vai ao nível 10 e fica muito insuportável".

Ela disse que "Eu vou tentar dependendo da margem de sucesso. Tudo vai depender do que eles me apresentarem, porque se for uma terapia que não tem muitas chances de sucesso, não tem muitos estudos, eu não vou me arriscar e me submeter a mais tipos de cirurgia. Então, eu tenho que avaliar bem a proposta, a condição. O médico ainda tem que me passar as informações".

A segunda esperança está em uma clínica que já tem trabalho conhecido de médicos especialistas no tratamento da doença.

A conclusão dela é no sentido de que: "Se der certo e aliviar a dor, talvez eu reconsidere a eutanásia. Tudo é válido para minimizar a dor. Mesmo que eu tenha decidido optar pela eutanásia, ainda terei que passar por um processo burocrático e demorado".

A situação da jovem é tão grave que ela faz uso de canabidiol e de mais dez medicamentos, por dia, entre antidepressivos, anticonvulsivos, opioides e relaxantes musculares, cujas crises já afetaram a sua saúde mental, uma vez que ela já tentou o suicídio, por duas vezes.

A complexidade da doença já contabiliza a passagem dela por quatro cirurgias, 70 médicos consultados e mais de 50 remédios testados, inclusive a aplicação, no músculo temporal e masseter, de botox, de quatro em quatro meses.

A estudante teve a primeira crise há 11 anos, após ela ter saído de quadro de dengue, quando o médico disse que o problema dela pode ter sido provocado pelo vírus que causa a doença, porque ele se aloja nos nervos.

Mesmo diante de seríssimo quadro de dificuldades, a jovem paciente apresenta palavra de consolo às pessoas, nestes termos: "Para aquelas pessoas que também têm neuralgia de trigêmeo, o meu recado é que não se desesperem e não achem que a eutanásia é a saída para qualquer doença nesse nível. O meu caso é extremamente raro, que não dá para ser usado como referência. O que eu quero dizer é que as pessoas que sofrem disso, obrigatoriamente, vão se curar somente pela eutanásia. Existem vários tratamentos possíveis".

Segundo um médico, a neuralgia do trigêmeo é distúrbio que provoca dor intensa na região do rosto, que também poderá atingir a cabeça, por onde passa o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade tátil, térmica e dolorosa da face.

O trigêmeo tem três ramificações, compreendendo os sistemas oftálmica, maxilar e mandibular, com interferência no controle das sensações do rosto.

O neurologista declarou que "O trigêmeo é um nervo que faz, primariamente, a inervação do rosto. É um nervo craniano direto. Então, as regiões mais para cima da cabeça são inervadas por nervos que saem direto do tronco cerebral. E o rosto é inervado pelo trigêmeo. Quando acontece alguma lesão desse nervo, ou às vezes, até por um motivo que não se sabe bem, acontece uma hiperestimulação causando o que se chama neuralgia do trigêmeo".

Ele disse que há várias formas de tratamentos, "com remédios, cirurgias, com radiocirurgias, (...).”

Por fim, o médico disse que a disfunção do trigêmeo pode advir da má formação no nervo, por consequência  de doenças, como a esclerose múltipla e tumores e que, qualquer lesão no trigêmeo, pode causar a neuralgia, a exemplo de procedimentos odontológicos, que possam lesionar o nervo ou causar abcessos.

À toda evidência, essa terrível doença é incomum e provoca dores insuportáveis com a persistência de enorme sofrimento, a ponto de levar a paciente a decidir por pena capital, evidentemente sobre a própria vida, como no caso dessa jovem estudante, que já tentou diversas formas de tratamento, que têm sido apenas paliativas, até agora, visto que as suas dores são apenas aliviadas, continuando a incomodá-la, a ponto de causar o desespero do suicídio.  

Ainda bem que acaba de aparecer esperança, com luzes aparecendo no final do túnel, quando uma ou outra alternativa apresentada possa acenar para a recuperação da vida dessa jovem guerreira, que já mostrou enorme resistência por longos 11 anos a fio de intenso sofrimento.

É muito importante que voltemos nossos pensamentos e atenções para o deus da medicina, na esperança de que ele viabilize ao menos uma das duas linhas de tratamento que acabam de surgir e que isso seja abençoado pelo Deus verdadeiro, de modo que finalmente traga o alento de vida para essa esperançosa jovem.

            Brasília, em 8 de julho de 2024 

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