Segundo as conclusões do Sínodo aberto em 2021, as
mulheres devem desempenhar missão maior na Igreja Católica, mas o diaconato,
que foi um dos tema de discussão desse encontro, continua vetado para elas, sem
esperança de mudança do status quo.
Vejam-se que a contemplação do diaconato às
mulheres seria a permissão do desempenho de atividades inferiores ao sacerdócio,
bem menos do que o presbiterato, mas, ainda assim, já se contaria como evolução
do pensamento da Igreja Católica.
O referido Sínodo teve por finalidade a realização de
ampla consulta iniciada por determinação do papa sobre o futuro da Igreja Católica
e a sua doutrina acerca de uma série de assuntos pertinentes a essa instituição,
tendo contado com a participação de leigos nas atividades paroquiais,
principalmente no que se refere à inserção das mulheres em funções litúrgicas,
além de questões relacionadas com o divórcio, a homossexualidade, a pobreza, o individualismo
e a poligamia.
Desde que iniciou o comando da Igreja Católica, em
2013, o papa propôs, sem sucesso, reformar e mudar atividades institucionalizadas
na sua composição funcional, evidentemente na busca da modernização adequada à evolução
da humanidade, como forma da obtenção de mais proximidade dela com os
fiéis.
No âmbito dos debates em paróquias de todo o mundo,
na forma prevista no citado Sínodo, foi produzido, em outubro de 2023, o
"documento de síntese", com a sinalização dos temas centrais para a discussão
sobre o futuro da Igreja, entre os quais constava o lugar das mulheres nela, mas
essa questão seguirá causando eternas divisões no seio da instituição, evidentemente
sem esperanças para a ala feminista, ante o pragmatismo dos religiosos conservadores.
Em tom muito mais de pura contradição, ante o
desfecho sobre o assunto, o Vaticano expediu nota esclarecendo os trabalhos do
Sínodo "evidenciaram a necessidade de dar um reconhecimento mais pleno (...)
ao papel das mulheres em todos os âmbitos da vida da Igreja", ou seja,
é preciso se reconhecer, de forma marota, a importância da participação da
mulher, na igreja, sem que ela possa desempenhar missão nobre e relevante
dentro da igreja, fato esse que somente mostra, literalmente, a involução e a contradição
do posicionamento da instituição.
Vejam só que desculpas mais absurdas e demagógicas,
quando bispos "reconhecem que existem muitos âmbitos da vida eclesial
abertos à participação das mulheres", no entanto, lamentam que "essas
oportunidades de participação muitas vezes não sejam utilizadas", que é
o mesmo que se afirmar que não tem espaço para as mulheres dentro da igreja,
quando seria muito mais elegante e honesto se afirmar direta e conclusivamente
que somente os homens podem fazer tudo na igreja, permitindo-se apenas o auxílio
das mulheres.
Esses bispos tiveram a pachorra de sugerir, pasmem,
que seja "promovido o conhecimento dessas possibilidades e incentivado
seu desenvolvimento subsequente, incluindo cargos de responsabilidade pastoral
ou em outras formas ministeriais e pastorais", sem mencionar quais
atividades, cujas funções não condizem, em absoluto, com a importância e a
dignidade da mulher, que é tratada apenas como serviçal secundária dos homens,
em visível humilhação à inteligência delas, aceitando assim que elas possam
exercer funções menores daquelas feitas pelos homens, em clara forma de
discriminação à dignidade e à capacidade delas.
A verdade precisa ficar escancarada sobre esse tema
referente ao papel da mulher, na Igreja Católica, porque ele vem sendo tratado
sob o prisma inadequado do machismo, que é muito nítido, por não haver a menor
justificativa que impeça que ela não possa participar plena e efetivamente de
todos os assuntos eclesiais, salvo o forte preconceito que impera nas
inexplicáveis mentes conservadoras da igreja.
À luz do essencial cristianismo, seria da maior
importância a ativa participação da mulher nas atividades da igreja, contribuição
essa que seria forma de elevação à estrutura dos princípios religiosos, que ressentem
do acesso dela ao essencial convívio perante os fiéis, tendo a possibilidade da
inserção do emprego de linguagem mais inclusiva, em harmonia com a universalização
da religião.
Enfim, à vista do exposto, não precisa de muito
esforço para se compreender que a participação das mulheres, na Igreja Católica,
tem sido visivelmente relegada às funções menores e marginais, quando elas
poderiam exercer funções relevantes e expressivas, como efetiva contribuição ao
engrandecimento da importante missão de evangelização, de modo que essa necessária
mudança se traduziria na evolução e na modernização tão necessárias da instituição.
Brasília, em 11 de julho de 2024
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