O presidente brasileiro afirmou
que seu homólogo argentino deveria pedir desculpas em razão da quantidade de afirmações
agressivas feitas sobre o brasileiro, tendo condicionado que conversas entre os
dois somente depois do pedido de desculpas.
A autoridade tupiniquim
esclareceu, na ocasião, que, durante a reunião do G7, na Itália, há duas
semanas, "Não conversei com o presidente da Argentina, porque acho que
ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele falou muita bobagem. Só
quero que ele peça desculpas".
O ressentido brasileiro declarou
que "A Argentina é um país que eu gosto muito e é um país muito
importante para o Brasil. E o Brasil é muito importante para a Argentina. Não é
um presidente da República que vai criar uma cisão. O povo argentino e
brasileiro é maior que os seus presidentes. E eles querem viver bem, viver em
paz".
Acontece que o presidente argentino
rejeitou o pedido de desculpas sugerido pelo brasileiro e, ao invés, de não o
fazer, ainda o chamou de "esquerdinha com o ego inflado".
O argentino afirmou que "É
preciso colocar-se acima dessas bobagens porque os interesses dos argentinos e
dos brasileiros são mais importantes do que o ego inflado de algum esquerdinha",
em referência ao pedido de desculpas do brasileiro.
Um assessor da Casa Rosada disse
que o argentino "não cometeu nada de que tenha que se arrepender, ao
menos por ora", embora, nessa questão, o argentino jamais deveria se
intrometer, por questão de civilidade e maturidade políticas.
Na verdade, os atritos entre os
dois presidentes vêm de longa data, desde a campanha eleitoral do argentino, quando
ele chegou a dizer que não se reuniria com o brasileiro como chefe de Estado e
ainda o chamou de comunista e corrupto, além de ter mencionado que o brasileiro
esteve na prisão.
O certo é que o brasileiro apoio
o adversário do argentino, o candidato do peronismo derrotado.
Como visto, o esforço do brasileiro de obter desculpas formais do
argentino foi completamente em vão, com vistas à aproximação de ambos os
presidentes, uma vez que o argentino continua entendendo que os atributos
negativos do presidente tupiniquim são incompatíveis com o relevante cargo
presidencial.
O certo é que, em nível diplomático, o argentino deveria ter se pautado
sob os princípios de civilidade, evitando comentar sobre os predicativos
nefastos do brasileiro, embora ele apenas teria dito apenas a verdade sobre os
fatos julgados na Justiça.
A verdade é que o ex-presidiário não conseguiu comprovar a sua inocência
acerca dos fatos irregulares denunciados perante a Justiça brasileira, conforme
mostram os autos, no sentido de que ele se beneficiou indevidamente de recursos
públicos, se não, do contrário, ele jamais teria sido condenado à prisão, em
face da constatação da prática dos crimes imputados à autoria dele.
Não obstante, essas questões não dizem respeito aos interesses senão dos
brasileiros, dispensando comentários de outros países ou pessoas deles, à vista
da autonomia e da independência institucionalizadas entre as nações.
Ou seja, pouco importa o que aconteça no Brasil ou na Argentina, é de
bom tom que ninguém se julgue no direito de criticar as pessoas do país adversário,
ante a predominância da regra básica inerente à diplomacia internacional de não
interferência nos assuntos dos outros países.
Em conclusão, tem-se que não caberia ao atual presidente da Argentina
ter criticado o presidente do Brasil e muito menos o brasileiro querer pedido
de desculpas daquele, uma vez que os assuntos estão fora do contexto que
interessa aos negócios propriamente das nações, o que vale se afirmar que são
questões estritamente pessoais e não de Estado.
Em termos dos interesses dos dois países, importa que as suas relações diplomáticas
e negociais progridam em ritmo de normalidade, mantido o respeito entre ambos
os países, em padrão de qualidade de nações civilizadas, observados os
princípios institucionalizados, inerentes às suas autonomias, à luz do Direito
Internacional.
Brasília, em 9 de julho de 2024
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