quarta-feira, 24 de julho de 2024

Eleições americanas

 

A desistência à reeleição do presidente norte-americano pode contribuir para mudar os destinos do país do tio Sam e quiçá do mundo, uma vez que havia enorme incerteza quanto às condições de saúde dele, se imaginando, por isso, que o candidato republicano de oposição a ele já se aproximava da Casa Branca, muito comodamente.

A aludida decisão abre a possibilidade para a inclusão de novo candidato democrata com reais condições de debate de ideias que o atual presidente já tinha deixado à margem, quando isso ficou demonstrado no debate realizado com o seu opositor, onde ele se mostrou completamente alheio à realidade, em termos de conectividade dos assuntos políticos da atualidade.

Os analistas políticos não tinham dúvidas de que a eleição do republicano para a Presidência dos Estados Unidos já era favas contadas, na disputa com o atual presidente daquele país, no mês de novembro vindouro.

Não obstante, é sempre difícil se prever os resultados das urnas, principalmente naquele país, quando a escolha é feita por meio do Colégio Eleitoral, cujo processo é bastante curioso e complexo, em que o candidato vencedor de determinado estado ganha os votos de todos os delegados, mesmo que o candidato derrotado vença na votação popular.

Ou seja, pouco importa a vontade soberana do povo, porque prevalece a vontade do Colégio Eleitoral, precisando de muita democracia para se entender tanta complicação, em termos eleitorais.

Essa incrível distorção eleitoral só acontece nos Estados Unidos, que nem existe Justiça Eleitoral por lá, onde os estados, cada qual, organizam as eleições, segundo os seus costumes, tradições e legislação.

Sabe-se que, a princípio, o Colégio Eleitoral daquele país foi criado com a finalidade precípua de defender as suas instituições e garantir que tão somente as pessoas honradas e qualificadas pudessem concorrer à Presidência do país, mas isso, a rigor, não vem sendo observado, quando a qualidade dos presidentes norte-americanos não vem sendo garantida, à luz da intenção originária.

É o caso do atual candidato republicano, que é fenômeno na mídia e milionário, que nunca mostrou o extrato da sua declaração de Imposto de Renda, já tendo sido punido por esse comportamento, mas continua a desrespeitar decisões judiciais, tendo ainda a pachorra de frequentar tribunais fazendo ironia com os juízes.

Quando ele saiu da Casa Branca, levou documentos secretos para a sua casa, na Flórida, e nada aconteceu de penalidade aplicada a ele. 

Em que pese seus arroubos contra os princípios do bom senso e da sensibilidade, ele é o mais importante líder da extrema-direita mundial, sempre aplaudido por seus atos, mesmo que contrariem à racionalidade.

Convém que seja notada a importante característica da política dos Estados Unidos, como país que não existe partido com cunho comunista, cujo regime foi duramente perseguido durante a Guerra Fria, cujo partido foi colocado na ilegalidade no ano de 1954.

Naquele país sequer há o socialismo democrático, ao estilo europeu, mas existe o Partido Democrata, que tem tendência de centro, enquanto o Partido Republicano vem se posicionando como de direita conservadora.

A vice-presidente dos Estados Unidos poderá herdar o espólio do presidente, inclusive a estrutura de campanha e as doações financeiras, que são essenciais na caminhada eleitoral norte-americana, cabendo a ela mostrar competência para enfrentar o candidato republicano.

Antes da renúncia à reeleição, um candidato era considerado completamente inapto, por razões de saúde, enquanto o outro é considerado culpado por crimes diversos, cujo quadro indicaria, por meio de pesquisas de preferência de votos, que muitos eleitores estavam decidindo não votar em nenhum dos dois.

Agora pode surgir a simpatia por novo candidato, a depender do carisma dele, principalmente se ele agregar qualidades que justifiquem equilíbrio emocional, competência e principalmente sensibilidade para presidir o país que ainda é considerado o centro das atenções mundiais, em termos políticos e econômicos.

No Brasil, cria-se enorme expectativa sobre a possível vitória do candidato republicano, que já era quase certa se o candidato natural não tivesse desistido do próximo pleito eleitoral, caso em que já era enorme a antecipada excitação dos direitistas nacionais, na tentativa de saírem às ruas com seus bordões ufanistas contra a nefasta esquerda.

Enfim, ressurge a esperança de que apareça candidato democrata revestido de bastante equilíbrio e sensibilidade para as importantes responsabilidades não somente norte-americanas, mas também mundiais, uma vez que o globo ainda é controlado por essa potência, que merece ser comandada por político com capacidade de compreender a complexidade e a engenhosidade do mundo moderno.

A verdade é que toda essa extraordinária responsabilidade é colocada sob dependência  da competência do candidato democrata, tendo em vista que, se ele fracassar, o insensato e arrogante candidato republicano terá amplas e escancaradas avenidas para a destruição não apenas dos Estados Unidos da América, mas também do resto do mundo. 

Brasília, em 24 de julho de 2024

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