terça-feira, 19 de março de 2013

Inaceitável viagem turística

Ignorando as crises que assolam o país, como a seca do Nordeste e as incertezas na economia, a presidente da República levantou voo com destino ao velho mundo, tendo desembarcado em Roma, para assistir a missa de entronização do papa. Como não poderia ser diferente, ela e sua ilustre comitiva, todos muito bem transportados, hospedados e alimentados à custa dos idiotas dos contribuintes, aproveitaram o interstício até a solenidade papal para visitarem museus, como forma de preencher a folga turística. Em entrevista concedida aos jornalistas, ela disse, se referindo ao papa, que "Eu acho que ele tem um papel a cumprir”. Quanto à aproximação da Igreja aos pobres, a presidente afirmou que “É uma postura importante. É claro que o mundo pede, hoje, além disso, que as pessoas sejam compreendidas e que as opções diferenciadas das pessoas sejam compreendidas", não tendo deixado claro a que "opções diferenciadas" ela estava se referindo. Questionada se a eleição do papa latino-americano poderá influenciar no debate brasileiro sobre questões pertinentes à Lei do Aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, ela teria respondido que "não parece que seja um tipo de papa que vá defender esta posição". É lamentável que a presidente e outros altos servidores públicos, sem um pingo de pudor ético, decidam fazer viagem turística com recursos públicos, não levando em conta o custo-benefício dessa desastrada saída do país, que, na verdade, não se justifica quanto à sua necessidade para o interesse da nação, porque não acrescenta coisa alguma a absolutamente nada, senão ao atendimento do ego de quem não tem objetividade para os destinos do país. É bem provável que o resultado desse indecente passeio sob os auspícios do dinheiro público, que poderia ser muito mais aproveitado se fosse destinado ao flagelo da seca do Nordeste, tenha como direcionamento argumentações no calor da campanha eleitoral da reeleição, quando as questões religiosas serão objeto de questionamento, em defesa de quem é mais chegado à Igreja Católica. Logo ela, convicta comunista, deve dizer que confessa alguma religião somente com fins eleitoreiros. Ainda que a visita à Roma dos Césares tenha sido realizada mediante o grave pecado de ter sido custeada com recursos dos bobos dos eleitores, que, mesmo penalizados com o desvio de verba para futilidade, quando deveria ter sua destinação para finalidade verdadeiramente pública, ainda votam em quem não tem compromisso com o primacial atendimento das necessidade do povo brasileiro. Ao invés de pretender ensinar Pai-Nosso ao papa ou dar-lhe lição acerca do respeito às opções diferenciadas das pessoas - que nem ela sabe do que se trata -, a presidente poderia se preocupar em administrar o país com competência, acabando com a corrupção; enxugando a máquina pública; abominando o escrachado fisiologismo político; viajando somente quando realmente necessário; promovendo as reformas estruturais; priorizando e investindo em políticas públicas de saúde, educação, segurança pública etc. Infelizmente, a presidente não tem o mínimo de culpa pela incompetência do seu assessoramento e do seu governo. A culpa, na realidade, é do povo que ainda vota, na sua expressiva maioria, com o cartão do bolsa família numa mão e a cédula eleitoral na outra. O povo brasileiro precisa se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade de eleger pessoas sensatas e competentes para representá-lo, que pensem brasilidade e entendam sobre metas prioritárias para o país, sob pena de continuar chancelando, com pesados tributos viagens de turismo de seus representantes políticos e enorme legado de incapacidade gerencial do país, sem retorno para a sociedade tupiniquim. Acorda, Brasil!    
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de março de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário