Importante
colaborador do governo, que preside, como voluntário, a Câmara de Políticas de
Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência da República, órgão
consultivo do Palácio do Planalto, declarou, em entrevista ao UOL e à Folha, que
o Brasil precisa "trabalhar com meia
dúzia de ministérios ou coisa desse tipo" e não com as 39 existentes
na administração pública. Ele afirmou que teria dado um "toque" na
presidente sobre a necessidade de promover redução da quantidade de ministérios,
mas, por questões políticas, o seu aconselhamento não foi levado em
consideração, permanecendo a inadmissível estrutura na Esplanada. Na sua
avaliação, "tudo tem o seu limite.
Quando a burrice, ou a loucura, ou a irresponsabilidade vai muito longe, de
repente, sai um saneamento, está certo? Então, eu diria assim, que nós,
provavelmente, estamos no limite desse período". Ele também disse que
somente quatro ou cinco instituições públicas brasileiras têm "estrutura de meritocracia e profissionalismo"
que funcionam, a exemplo do Banco do Brasil, Banco Central, Itamaraty, Exército
e BNDES. Com base em experiência empresarial, ele declarou que "dentro da estrutura brasileira, o conceito
de política atrapalha bastante a gestão" e a solução para essa grave questão
deve ser procurada nas realidades existentes no país. Ele entende que a gestão
pública brasileira já avançou um pouco quanto à eficiência, mas o país somente
terá planejamento competitivo, de forma ampla, no prazo superior a dez anos.
Embora as lições de especialistas sejam contrárias ao inchamento da máquina
pública, por enxergar que o complexo ministerial induz necessariamente à
ineficiência e ao descontrole das políticas públicas, resultando dispersão de
comando e de objetividade do Estado, que não consegue cumprir com exatidão a
sua missão constitucional, haja vista que a estrutura da Esplanada está
preparada exclusivamente para o atendimento de fins políticos, oportunizando a
expansão da máquina pública, com a criação de ministérios para agradar aliados
e assegurar seu apoio na coalizão de governo, como instrumento claro e
indecente de mecanismo de troca, em pagamento da confiança política, visando
tão somente à perpetuação no poder, em detrimento da eficiência administrativa
e da preservação dos princípios da ética e moralidade que são exigidos dos
homens públicos, na condução dos negócios de interesse da sociedade. Até então,
sempre foi normal o governo ser tachado de incompetente e de burro pela
sociedade que paga os pesados tributos, ante a evidente demonstração de
incapacidade para tratar os assuntos de Estado com a indispensável eficiência,
mas não deixa de ser surpreendente e até auspicioso que integrante do próprio
governo, de alta relevância em termos de assessoramento e de qualificação
técnico-especializada, venha considerar burrice a criação de ministério, por
vislumbrar a falta de preocupação com a objetividade e economicidade das ações
do Estado. Na realidade, nos últimos tempos, o uso da máquina pública tem
servido para assegurar a consolidação de alianças espúrias do governo com os
partidos de sustentação da sua base política, sem o mínimo de pudor quanto à eficiência,
aos fins do Estado e à decência que tem que ser demonstrada na gestão dos
recursos públicos, ficando patenteada a mera vocação de negociata, visando à satisfação
de interesses pessoas e partidários, em flagrante prejuízo ideológico político
de ser conduzida a coisa pública em estrita observância aos princípios da
ética, probidade, legalidade, economicidade, eficiência, eficácia,
transparência etc. A sociedade tem o dever cívico de repudiar, de forma
enérgica, as burrices dos governantes, sob pena de contribuir positivamente, ante
a sua leniência, com os abusos e as infringências aos princípios essenciais da
administração pública, para o crescente subdesenvolvimento da nação. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de março de 2013
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