O
ex-primeiro-ministro italiano, que acaba de obter expressiva votação no último
pleito eleitoral, foi alvo de calorosa manifestação de desaprovação da sua
pessoa na política, tendo sido apupado com vaias e assobios, quando entrava no
Senado italiano, onde estava indo para participar da eleição do presidente
daquela Casa Legislativa. Ele, que está para ser julgado por fraude fiscal e
escândalo sexual, revidou o grupo de populares com xingamento em voz alta,
enquanto se dirigia ao Parlamento, dizendo que "Vocês deveriam ter vergonha. Vocês são pobres, tolos e estúpidos".
Na realidade, os manifestantes apenas e tão somente gritaram "Buffone!
Buffone!", significando palhaço, em italiano. Em bom português, esse termo
significa literal e exatamente o que expressiva composição dos homens públicos
é capaz de representar quando eles estão no exercício de cargos públicos
eleitorais, pelo menos é que se verifica na Itália e em especial no Brasil. No
caso do país tupiniquim, o clássico exemplo foi evidenciado recentemente na
eleição dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, quando os
dois congressistas não tiveram a dignidade de abdicar de suas candidaturas,
mesmo diante da pressão popular, inconformada em razão das graves denúncias de
irregularidades cometidas nos cargos de congressistas, consistindo em desvios
de recursos públicos, falsidade ideológica, enriquecimento ilícito e outros
crimes que, num país com o mínimo de dignidade política, impediriam in limine as candidaturas de pessoas
consideradas desqualificadas, com base nos seus passados de improbidade e de
desonestidade, em flagrante ferimento aos princípios da administração pública,
com destaque para o requisito da honestidade e da moralidade, que são
indispensáveis quando se trata da ocupação de cargos públicos. A rigor, os políticos
enquadrados como palhaços, por terem se envolvido em corrupção, como são os
casos dos atuais presidentes das Casas do Parlamento brasileiro, por estarem
com denúncias em tramitação no Poder Judiciário, não têm o direito de
representar nem mesmo eles próprios, porque decaíram dos patamares da decência
e do decoro, que seriam o mínimo de sustentação, em termos éticos, para
mantê-los na vida pública, com a credibilidade que se espera dos representantes
do povo. Contrariando os preceitos ínsitos inspiradores de verdadeiros homens
públicos, os
eleitores italianos e brasileiros são iguais em pensamento e atitude, no plano
político, por evidenciarem que eles têm o mesmo DNA, quanto à forma
inescrupulosa de escolher seus representantes, que normalmente não são levados
em conta os instintos de responsabilidade e de caráter, a exemplo de muitos
políticos desses países, que, apesar de se envolverem em casos de corrupção,
conseguem se eleger e continuar na vida pública, como se o normal fosse ser
desonesto. Os eleitores brasileiros já demonstraram preferência por eleger
homens públicos comprometidos com algo estranho à honestidade, à moralidade e
ao decoro, que são atributos maléficos capazes de comprometer a seriedade do
sistema político e a credibilidade de toda classe política. Infelizmente, os
reiterados escândalos protagonizados pelos homens públicos italianos e
brasileiros são ineficazes para evidenciar que, na política, ser digno
moralmente é proceder com retidão nos seus atos como cidadão e observar fielmente
os princípios éticos. A sociedade tem o dever cívico e patriótico de repudiar
os homens públicos que ignoram os preceitos da ética e da moralidade na
política. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de março de 2013
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