sábado, 9 de março de 2013

Vergonhosa leniência

Uma autoridade do Palácio do Planalto saiu em defesa das Organizações Não Governamentais, as temidas e famigeradas ONGs, ao afirmar que a sua criminalização é uma "injustiça" e que, para se tiver ideia sobre a importância do seu trabalho, há necessidade de se "conhecer o Brasil a fundo", com vistas a se constatar a real utilidade dessas instituições para o país. A sua manifestação, em tom de indignação, veio em resposta ao discurso do ex-presidente da República tucano, que teria afirmado que existe uma "moda" de ONGs arrecadando recursos públicos para corrupção. O ministro petista disse que entendia a fala do ex-presidente, haja vista que houve realmente incidência de problemas na concessão de dinheiro público para essas instituições, mas ele acredita que as questões são exceções e que elas estão recebendo o devido combate. Ele afirmou que "Cada centavo do dinheiro público deve ser fiscalizado, mas isso não quer dizer que nós tenhamos que abrir mão dessa relação com as ONGs". Embora tivesse a disposição de defender as ONGs que ainda recebem dinheiro público, o ministro não quis comentar a situação do ex-ministro do Trabalho, que ainda enfrenta crise após acusações de corrupção no ministério envolvendo ONGs ligadas ao partido dele, o PDT. De certo modo, assiste razão ao ministro palaciano, porque o verdadeiro problema não se encontra nas ONGs, mas sim nos seus integrantes, uma vez que elas foram e são criadas justamente por políticos e pessoas inescrupulosos e desonestos, normalmente com vínculo de família ou de amizade com autoridades públicas dirigentes ou incrustradas nos Ministérios, órgãos públicos e empresas estatais, com poderes para promover a fácil liberação de elevados recursos para elas, que, na maioria dos casos, não realizam absolutamente nada em benefício social, em contrariedade ao previsto nos objetivos acordados. E o que é pior, sem exigência, comprovação ou contraprestação de coisa alguma e, pasmem, sem qualquer fiscalização dos órgãos de controle, que têm a incumbência de contrastear se os recursos teriam sido aplicados ou não. Ao que se tem conhecimento, inúmeros foram os casos de desvios de recursos públicos protagonizados por muitas ONGs fajutas, inexistentes e sem-vergonha, conforme amplamente denunciado pela mídia, mas, certamente, até o momento, nenhuma foi compelida a devolver um centavo da verba recebida indevidamente e muito menos ninguém foi punido, a título de exemplo disciplinar e pedagógico, em razão da prática do embolso de quantias que deveriam ter sido aplicadas em finalidades públicas, com aproveitamento da sociedade. Não há dúvida de que o affaire envolvendo o desvio de milhões de recursos públicos pelas ONGs é evidente demonstração da verdadeira e inadmissível injustiça ao país, quanto à impunidade reinante, com o agravante do acobertamento das autoridades públicas, que não têm o menor escrúpulo ao defender, com veemência, as atividades criminosas das ONGs, beneficiárias das facilidades desse governo para receber pomposas verbas de forma irregular e ainda tem a sua benevolência, como se elas nada tivessem feito de errado, à luz da visão petista, que considera normais os desvios éticos e morais, a exemplo do mensalão, que, para essa agremiação, não é crime desviar recursos públicos. Urge que a liberação de recursos públicos para as ONGs seja precedida das cautelas legais e regulamentares, consistindo na confirmação da devida regularidade da sua constituição; da comprovação do seu efetivo funcionamento; da inexistência de vínculo dos seus dirigentes com autoridades públicas; da obrigação de prestação de contas sobre a aplicação dos recursos; e da indispensável fiscalização sobre o resultado dos serviços prestados. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 08 de março de 2013

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