quarta-feira, 6 de março de 2013

Basta de tiranias


No momento em que se anuncia a morte do tirano venezuelano, políticos, artistas e personalidades aproveitam o ensejo para comentar as qualidades e os feitos do homem que deixou a vida de estadista polêmico e partiu para a história. A presidente do Brasil quase vai às lágrimas, ao lamentar a enorme perda do amigo, dizendo que ela "enche de tristeza todos os latino-americanos e que Chávez era uma liderança comprometida com seu país e com o desenvolvimento da América Latina.”. Ela disse ainda que "Em muitas ocasiões, o governo brasileiro não concordou integralmente com Hugo Chávez. Porém, hoje, como sempre, reconhecemos nele uma grande liderança, uma perda irreparável e, sobretudo, um amigo do Brasil, um amigo do povo brasileiro". Com certeza o povo que a presidente se refere deve ser seus asseclas, que comungam com a mesma filosofia socialista, sistema político que ela defende e tem contribuído decisivamente para o subdesenvolvimento social, político e econômico dos países que o adotam, a exemplo de várias repúblicas Latinas Americanas, por meio do qual vem servindo de pressuposto mentiroso e enganoso como fundamento ao desenvolvimento social, quando, na verdade, os emergentes líderes se tornam absolutistas, populistas e perpétuos mandatários, beneficiando e privilegiando grupos do poder e massacrando os princípios democráticos, o primado constitucional e legal e em especial o respeito aos direitos humanos, com a cassação da liberdade de expressão daqueles que se atreverem a emitir opinião contrária ao sistema da tirania. Ao ensejo, muitos políticos falam em sentidas condolências, lamentáveis perdas, prestação de tributo, lamentável perda, tristeza por ele ter deixado uma marca profunda em seu povo, solidariedade com o povo, confiança na continuidade do seu exemplo de amor à pátria e ao seu povo, grande dor em toda a América, partida de um dos melhores, merecido respeito etc. Agora, não deixa de ser hilária a mensagem do “grande” presidente do Senado brasileiro, que disse, in verbis:  "Neste momento de dor e de pesar, o povo da Venezuela conta com a plena solidariedade do povo brasileiro, representado no Congresso Nacional". Na verdade, o Congresso não representa ninguém senão o interesse de seus integrantes, que agem em interesse próprio, em detrimento das causas da sociedade. É impressionante como um bando de políticos hipócritas se manifesta lamentando o desaparecimento de um déspota, que desrespeitou as regras democráticas; concentrou o poder no Estado; restringiu a liberdade da imprensa; reduziu os direitos humanos, em especial aos opositores ao seu governo; influenciou o fanatismo cívico dos seus compatriotas com ajuda do assistencialismo bolsa esmola, possibilitando a sua perenidade no poder; quebrou e sucateou o sistema petrolífero do país; e, enfim, conquistou a simpatia de diversos chefes de estado com tendências igualmente controladoras e tirânicas. A passagem do ex-presidente venezuelano pela terra deve servir de importante lição para a humanidade, em especial para que os seus exemplos autoritários, arbitrários e populistas sejam riscados dos sistemas políticos dos países modernos, que pretendem que a sua população tenha dignidade e usufrua normalmente os consagrados direitos humanos, exercendo livremente os princípios democráticos da iniciativa econômica, política, de pensamento, de expressão e de quaisquer atividades que contribuam para o seu desenvolvimento socioeconômico. A sociedade precisa se conscientizar sobre a real necessidade de serem valorizadas as posturas públicas de solidariedade humanitária e de respeito aos direitos humanos, exigindo que os políticos sejam autênticos homens públicos e disseminadores dos bons princípios democráticos, como forma de contribuir para o bem da verdade e desenvolvimento da humanidade.

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES


Brasília, em 05 de março de 2013

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