No
momento em que se anuncia a morte do tirano venezuelano, políticos, artistas e
personalidades aproveitam o ensejo para comentar as qualidades e os feitos do
homem que deixou a vida de estadista polêmico e partiu para a história. A
presidente do Brasil quase vai às lágrimas, ao lamentar a enorme perda do
amigo, dizendo que ela "enche de
tristeza todos os latino-americanos e que Chávez era uma liderança comprometida
com seu país e com o desenvolvimento da América Latina.”. Ela disse ainda
que "Em muitas ocasiões, o governo
brasileiro não concordou integralmente com Hugo Chávez. Porém, hoje, como
sempre, reconhecemos nele uma grande liderança, uma perda irreparável e,
sobretudo, um amigo do Brasil, um amigo do povo brasileiro". Com
certeza o povo que a presidente se refere deve ser seus asseclas, que comungam
com a mesma filosofia socialista, sistema político que ela defende e tem
contribuído decisivamente para o subdesenvolvimento social, político e
econômico dos países que o adotam, a exemplo de várias repúblicas Latinas Americanas,
por meio do qual vem servindo de pressuposto mentiroso e enganoso como
fundamento ao desenvolvimento social, quando, na verdade, os emergentes líderes
se tornam absolutistas, populistas e perpétuos mandatários, beneficiando e privilegiando
grupos do poder e massacrando os princípios democráticos, o primado
constitucional e legal e em especial o respeito aos direitos humanos, com a
cassação da liberdade de expressão daqueles que se atreverem a emitir opinião
contrária ao sistema da tirania. Ao ensejo, muitos políticos falam em sentidas
condolências, lamentáveis perdas, prestação de tributo, lamentável perda,
tristeza por ele ter deixado uma marca profunda em seu povo, solidariedade com
o povo, confiança na continuidade do seu exemplo de amor à pátria e ao seu povo,
grande dor em toda a América, partida de um dos melhores, merecido respeito etc.
Agora, não deixa de ser hilária a mensagem do “grande” presidente do Senado
brasileiro, que disse, in verbis: "Neste momento de dor e de
pesar, o povo da Venezuela conta com a plena solidariedade do povo brasileiro,
representado no Congresso Nacional". Na verdade,
o Congresso não representa ninguém senão o interesse de seus integrantes, que agem
em interesse próprio, em detrimento das causas da sociedade. É impressionante
como um bando de políticos hipócritas se manifesta lamentando o desaparecimento
de um déspota, que desrespeitou as regras democráticas; concentrou o poder no
Estado; restringiu a liberdade da imprensa; reduziu os direitos humanos, em
especial aos opositores ao seu governo; influenciou o fanatismo cívico dos seus
compatriotas com ajuda do assistencialismo bolsa esmola, possibilitando a sua
perenidade no poder; quebrou e sucateou o sistema petrolífero do país; e,
enfim, conquistou a simpatia de diversos chefes de estado com tendências
igualmente controladoras e tirânicas. A passagem do ex-presidente venezuelano
pela terra deve servir de importante lição para a humanidade, em especial para
que os seus exemplos autoritários, arbitrários e populistas sejam riscados dos
sistemas políticos dos países modernos, que pretendem que a sua população tenha
dignidade e usufrua normalmente os consagrados direitos humanos, exercendo
livremente os princípios democráticos da iniciativa econômica, política, de
pensamento, de expressão e de quaisquer atividades que contribuam para o seu desenvolvimento
socioeconômico. A sociedade precisa se conscientizar sobre a real necessidade de
serem valorizadas as posturas públicas de solidariedade humanitária e de
respeito aos direitos humanos, exigindo que os políticos sejam autênticos
homens públicos e disseminadores dos bons princípios democráticos, como forma
de contribuir para o bem da verdade e desenvolvimento da humanidade.
Brasília, em 05 de março de 2013
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