quarta-feira, 20 de março de 2013

Popularidade irreal?

Com base em pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria/Ibope, que acaba de ser divulgada, a popularidade da presidente da República alcançou novo recorde, tendo subido de 78% para 79% neste mês, em relação à última pesquisa, avaliada em dezembro de 2012. Custa acreditar que um governo incompetente, ineficiente e apenas com viés populista, conforme releva a avaliação, consegue aprovação tão absurdamente incongruente com a realidade gerencial do país, porquanto os aspectos principais da sua gestão, que têm peso e podem efetivamente influenciar o gerenciamento da nação não foram, mais uma vez, levados em consideração nem sequer tangenciados nessa suspeita e, por que não dizer, irrealista pesquisa, que foi levantada, pasmem, em 144 municípios, com somente 2.002 pessoas, entre quase duzentos milhões de brasileiros. As principais e momentosas questões que afetam a administração das políticas públicas, que interessam diretamente ao desempenho da presidente, certamente poderiam ajudar na avaliação por parte dos pesquisados, a exemplo da leniência dela com a pouca-vergonha da corrupção, recentemente evidenciada com o indigno apoio palaciano às candidaturas dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, em que os respectivos parlamentares estão envolvidos em denúncias de atos irregulares com recursos públicos, inclusive com processos tramitando na Justiça; do seboso loteamento dos ministérios e órgãos públicos, como se fossem capitanias hereditárias, entre os partidos políticos que dão sustentação ao governo no Congresso Nacional; da falta de investimentos na saúde pública, educação, segurança pública, infraestrutura, no saneamento básico, nas grandes obras etc., deixando o país mergulhar no subdesenvolvimento social e econômico; da falta de reformas estruturais, amplas e significativas, em especial com vistas a passar a limpo os gargalos do gigantismo do custo Brasil, de modo a promover corajosa lipoaspiração nos insuportáveis e massacrantes tributos, encargos previdenciários e noutros obstáculos causadores também da falta de investimentos privados, que estão travados diante da visível impossibilidade de competitividade da produção nacional com o mercado internacional; do inchamento da máquina pública, para acomodar as indecentes coalizões políticas; entre outras deficiências do governo que não são, por motivos óbvios, levantadas na avaliação de uma presidente que vive ao sabor de pesquisa de pouca abrangência e eivada de suspeição, possivelmente com a participação de pessoas sem nenhuma experiência da realidade brasileira e que, enfim, prestam péssima contribuição ao país, com suas avaliações desqualificadas, apesar de terem o condão de fazê-la a acreditar, à luz de pesquisa que se diz dos “brasileiros”, que vem governando a nação com eficiência, quando a realidade dos fatos mostra, de forma cristalina, que a mandatária do país ficaria reprovada ou, no mínimo, em segunda época nas matérias da sua gestão, ao contrário do resultado anunciado. Causa espécie perceber a indolência da oposição, que silencia diante do irrealismo e da inconsistência da pesquisa, ao invés de aproveitar o seu resultado para detonar o pseudoapogeu petista, com a apresentação das fraquezas, deficiências e negociatas interesseiras do governo, para que o seu castelo de areia se desmorone de vez. A sociedade tem o dever cívico de exigir, em atenção à verdade e transparência, que as pesquisas sobre o desempenho do governo sejam levadas em consideração também suas deficiências gerenciais, de modo que elas possam merecer credibilidade e refletir a realidade dos fatos, sem a indecente e indevida maquiagem do marketing publicitário. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de março de 2013

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