Ao responder indagação formulada em debate, o
arcebispo da Paraíba teve a lucidez de dizer que o padre deveria ser livre para
escolher entre casar ou manter o celibato. Embora não seja contra o celibato,
por ser lei disciplinante, ele entende que a sua prática é antes de tudo um
dom, em que a pessoa deveria ficar livre para escolhê-lo. O religioso adiantou
que o fim da obrigação do voto de castidade já conta com o apoio favorável de
significativa parcela dos membros da igreja. O arcebispo foi bastante
esclarecedor, ao afirmar que “O celibato
é uma questão de amor, educação e um dom que deve ser cultivado por aqueles que
o tem”. É
inacreditável como a humanidade se evolui, acompanhando os avanços e as
conquistas da modernidade científica e tecnológica, mas, infelizmente, a Igreja
Católica prefere manter-se petrificada com seus dogmas, suas bulas e seus
mandamentos instituídos de longa data, noutros tempos remotos bem atrasados.
Não se pode imaginar que tenha alguém interessado nesse anacrônico pensamento
que não permite acompanhar a evolução do ser humano, que foi criado por Deus
para viver e ser feliz, fazendo uso exatamente dos mecanismos e instrumentos
criados com o Seu consentimento, porque sem a chancela celestial nada existia,
nem mesmo o homem. Diante disso, o bom senso recomenda que os costumes e as
condutas da humanidade devam ser permanentemente aperfeiçoados e modernizados,
em absoluta consonância com o meio em que as pessoas vivem, fazendo uso e
aproveitamento dos mecanismos da sua época, independentemente das regras e dos
princípios retrógrados e fora do foco para onde caminha a humanidade, na busca
da satisfação da sua plena felicidade. Não há dúvida de que os procedimentos
inerentes à sociedade devem ser adaptados aos novos tempos, que são aprovados
por Deus. Parece ser inconcebível e injustificável que a Igreja Católica ainda
conserve no celibato a obrigatoriedade do voto de castidade, entre outros
procedimentos inadmissíveis na atualidade, a exemplo da exclusão da mulher dos
ofícios sacerdotais, tendo em vista que o homem e a mulher são igualmente
filhos de Deus, confiados por Ele ao cumprimento da missão de bem servir ao
próximo, sem a imposição de restrição ou de condição senão de que todos devem
viver em comunhão com os sentimentos de bondade, caridade e amor. Por que não
prevalecer no âmbito da Igreja Católica o salutar entendimento de que a maior
importância para o seu fortalecimento passa pelo consenso sobre questões
fundamentais, como essa do celibato e muitas outras consideradas intocáveis? Na
concepção celestial, não pode haver preconceito nem discriminação entre os
filhos de Deus, razão por que as questões devem ser estudadas à luz da
racionalidade e do bem-comum da humanidade. A comunidade católica precisa se
conscientizar de que a modernidade mundial exige que a sua Igreja tenha
clarividência, capacidade e visão evolutiva, capazes de perceber que os
sistemas arcaicos, totalmente obsoletos, precisam passar com urgência por permanentes
choques de atualização e modernização, sob pena de a visível involução de pensamento
reinante contribua cada vez mais para o esvaziamento dos seus templos. A
comunidade católica anseia por que haja mobilização no sentido de serem
analisadas com profundidade as questões que afetam a instituição Igreja
Católica, com vistas à aprovação de modificações que se harmonizem com os
tempos modernos, que foram evoluídos sob as graças e as bênçãos de Deus.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de março de 2013
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