A presidente da República visitará, amanhã, o
Estado da Paraíba, devendo permanecer na sua capital por apenas uma hora e
trinta minutos, o tempo necessário para participar da solenidade de entrega de apartamentos
que integram o programa “Minha Casa, Minha Vida”. Logo em seguida, a comitiva
presidencial seguirá para a cidade de Itatuba, onde a presidente irá conhecer
as obras do canal da adutora Acauã-Araçagi, iniciadas pelo Vale do
Paraíba. Alguns políticos de oposição programaram a realização de protestos,
com a participação de agricultores de diversas cidades do interior do estado,
tendo como destaque a exposição dos efeitos da seca, a mais grave nos últimos 40
anos, que terrão à mostra os esqueletos dos animais dizimados no período da
estiagem. Na ocasião, também serão expostas as dificuldades resultantes da
paralisação das obras de transposição do Rio São Francisco e do endividamento
dos agricultores devido à seca, tendo o objetivo de exigir a urgente adoção de
medidas saneadoras desses alarmantes problemas. O ministro das Cidades,
vangloriando-se pela significante ida da presidente à Paraíba, disse que “Isso é importante. A primeira visita da
presidente Dilma à Paraíba é um marco especial para nós paraibanos”. O povo da Paraíba poderia
aproveitar esse "marco", que o ministro se orgulha em enaltecer, para
protestar contra a visita presidencial muito mais para aparecer e fazer
turismo, uma vez que a insignificância da presença da mandatária do país não
condiz nem um pouco com a amplitude dos estragos causados pela terrível seca,
que sequer será objeto de preocupação da visita totalmente dispensável, apenas
de caráter eleitoreiro, em continuidade à campanha da reeleição. Esses
políticos deveriam se preocupar em defender, de verdade, o povo sofrido e
deixar de fazer promoção despropositada de quem não merece, porque nada fez nem
faz para ser saudado ou endeusado. Para a dignidade da liturgia do cargo de
presidente da República, esse tipo de programa turístico deveria ser evitado,
como forma de amenizar tanto desperdício de tempo e de recursos públicos com o deslocamento
improdutivo, apenas para satisfazer o ego e a vaidade de políticos que não
passam de meros incentivadores da incompetência do Estado, quando, à toda
evidência, o povo clama por providências efetivas e saneadoras das causas e dos
efeitos da arrasadora seca, que aflige todo Sertão do Estado da Paraíba. No momento em que o sertanejo passa por grave crise resultante da
inclemente seca, a mandatária do país comparece ao Estado do Paraíba, pasmem,
tão somente para inaugurar moradia e receber os costumeiros aplausos de seus
bajuladores, quando ela deveria ter a dignidade para se solidarizar com a
carência e as agruras do pessoal do alto Sertão e ainda se empenhar em visitar
a região atingida pela devastadora estiagem, levando substancial apoio material
e financeiro, como demonstração do seu verdadeiro compromisso no combate ao
sofrimento desse povo castigado e sem a merecida atenção das autoridades
públicas, que estão mais interessadas em ser aplaudidas pelo que não fizeram do
que solucionar as mazelas que arrasam a autoestima dos nordestinos. Os
protestos programados pela oposição ainda são insignificantes, em razão da
magnitude dos estragos causados pela seca, em todo o Estado. A presidente da
República poderia demonstrar seu verdadeiro sentimento humanitário, levando na
sua enorme bagagem algo que efetivamente pudesse contribuir para solucionar ou,
quando menos, amenizar a gravidade dos efeitos da terrível seca. A sociedade
anseia por que Sua Excelência se conscientize sobre a gravidade da seca e adote
efetivas providências com vistas à erradicação definitiva das agruras e dos
sofrimentos dos bravos nordestinos, que não suportam mais tanta indiferença e
tamanho menosprezo das autoridades públicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de março de 2013
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