quarta-feira, 20 de março de 2013

Farra na terra dos Césares

Menosprezando qualquer critério de rigor quanto à parcimônia com a aplicação de recursos públicos e muito menos levando em conta a realidade de carência do povo brasileiro, a presidente da República, na sua viagem de três dias a Roma, para a missa inaugural do novo papa, não se fez de rogada e resolveu alugar, para a hospedagem sua e da sua descomunal e injustificável comitiva, pelo seu exagerado tamanho, nada mais nada menos do que 52 quartos de hotel e 17 veículos, conforme reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo. As pessoas mais importantes da comitiva, como a presidente, quatro ministros, diversos assessores mais próximos e seguranças se hospedaram em aproximadamente 30 quartos do hotel Westin Excelsior, na Via Veneto, que se localiza em endereço mais sofisticado da capital italiana. A suíte presidencial, que foi transformada em escritório para a Presidência da República, teve a diária de cerca de R$ 7.700,00, sendo que os quartos mais baratos ficaram pela quantia de R$ 910,00. Os demais quartos, em número de 22, para pessoal de apoio, ficaram na proximidade do citado hotel. O que causa enorme estranheza é o fato de a presidente da República ter descartado se instalar por três na residência oficial da Embaixada do Brasil, instalada num amplo palacete no centro histórico de Roma, que normalmente acomoda mandatários brasileiros, preferindo se hospedar em hotéis de alto luxo, sob o argumento, segundo a sua assessoria, de facilitar a rotina de trabalho. No caso da frota de veículos, foram alugados, pasmem, sete veículos sedan com motorista, um carro blindado de luxo, quatro vans executivas com capacidade para 15 pessoas cada, um micro-ônibus e um veículo destinado aos seguranças. Sem incluir nessa frota um caminhão-baú e dois furgões, exclusivamente para o transporte de bagagens e equipamentos. O total dos recursos públicos para custear a farra dessa viagem turística a Roma não foi divulgado, mas os elementos acima evidenciam o tamanho da insensibilidade, do absurdo e do esbanjamento totalmente dispensável, em termos de benefício ou necessidade para o país, tendo em vista que essa viagem serviu para a presidente e sua enorme comitiva fazerem visita a museus e igrejas históricas, enquanto aguardavam a missa inaugural do papa. Essa vergonhosa viagem, representada por uma das maiores comitivas dos países visitantes e custeada com recursos dos bestas dos contribuintes, naturalmente porque o afastamento deve ter sido enquadrado indevidamente como em objeto de serviço, contradiz visceralmente o que defende o governo, inclusive em Roma, quando invocou a necessidade de o papa se preocupar com a pobreza. A injustificável participação de tantos servidores públicos para se afastarem do país sem qualquer finalidade, porque nenhuma atividade foi desempenhada por eles, constitui ato irregular, cabendo aos órgãos de controle e fiscalização impugnar as despesas pertinentes, exatamente porque elas não têm amparo legal, e responsabilizar, como medida pedagógica e preventiva de outros absurdos e abusos semelhantes, a presidente da República, por ter autorizado o afastamento de servidores do país, para fazer turismo em Roma à custa do erário, ou seja, sem objeto de serviço público. Essa indecente e dispensável viagem demonstra a forma da esculhambação como o socialismo gasta, sem pudor nem critério algum, os recursos públicos, ficando evidenciado que parcimônia e economicidade não prevalecem para a nata do poder, que tem autonomia para encher avião presidencial e esnobar nas acomodações e nos transportes nas terras dos Césares, sem qualquer benefício para o Estado. Certamente que os recursos despendidos - que poderiam ter sido evitados, caso houvesse sensibilidade gerencial - com o deslocamento do avião presidencial, sua tripulação e as diárias e demais despesas estapafúrdias teriam aproveitamento adequado caso fossem destinados às regiões da seca do Nordeste ou das enchentes do Sudeste do país, tão carentes de políticas públicas que não são executadas por falta de recursos. A sociedade repudia com veemência as mordomias governamentais, os abusos e as farras com recursos públicos, a falta de sensibilidade sobre as prioridades públicas, a indolência da oposição, por não exigir a devolução aos cofres públicos de recursos com gastos irregulares, e o menosprezo à dignidade da população brasileira, pela indiferença à sua vontade de que os recursos públicos sejam aplicados estritamente em atendimento às causas do povo brasileiro e do interesse público. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de março de 2013

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