domingo, 10 de março de 2013

Excrescência gerencial e política

Visivelmente na contramão da deseja eficiência no serviço público e sob ruidoso protesto de parlamentares da oposição, o Senado Federal aprovou a criação de mais um ministério para a já encharcada, em termos de órgãos, administração pública. Trata-se da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, que será o 39º ministério do governo, que vai se associar a uma coletânea de órgãos chinfrins que nada fazem exatamente por falta de conteúdo para ser desenvolvido, aliado ao fato de que a sua titularidade será entregue a pessoa desqualificada e despreparada, por ser ele criado para agradar politicamente aliados da coalizão, como moeda de troca ao apoio garantido na sustentação da base do governo, no Congresso Nacional. Como sói acontecer, a fatura será apresentada ao contribuinte, que terá que arcar com o impacto da despesa do montante de R$ 7,9 milhões no Orçamento da União. A pouca-vergonha fica por conta de o fato de que a criação da secretaria, que tem status de ministério, objetiva acomodar no governo o recém-aliado PSD, que já tem até nome em potencial possibilidade para ocupá-la. Toda essa sem-vergonhice tem por propósito a ampliação da base de apoio à reeleição da presidente da República. Essa é mais uma cristalina prova da incompetência do governo, que, de forma indigna, porquanto injustificável, diante da falta de motivação técnica e necessária, resolve criar um ministério, com toda estrutura administrativa de centenas de órgãos e cargos de chefias e assessoramentos, com custos altíssimos, que sequer foram avaliados sob os critérios de razoabilidade e real necessidade à satisfação do interesse público. Nada disso importa, porque o que interessa, em última análise, são a consolidação e ampliação da indecente base de apoio, com dezenas de partidos políticos, todos atendidos nos seus interesses de participação no governo, com apaniguados ocupando cargo público na Esplanada dos Ministérios ou nas empresas estatais. A hipocrisia desse governo é tão imensurável a ponto de declarar, em ato público, que o seu partido é do povo para o povo, quando deveria ter a dignidade de declarar que se trata de governo para se beneficiar do governo à custa do povo. Com o propósito de formalizar com requinte a desmoralização e desonestidade, a indecência em comento contou com o respaldo do Congresso, que chancelou a criação do ministério em solenidade meramente simbólica pelo plenário do Senado, com a presença de apenas 15 senadores, que não apreciaram absolutamente nada sobre a real necessidade da criação de mais um ministério inútil, ineficiente e dispensável, porém muito dispendioso para os brasileiros, que já carregam sobre suas costas um fardo superpesado, com o inchaço da máquina pública, anacrônica e deficiente. A criação dessa pasta é tão afrontosa à sociedade que, na atualidade, as políticas de apoio à micro e pequena empresa estão sob a condução do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que não deve contribuir em nada para o desenvolvimento desse setor da economia. A sociedade tem a obrigação cívica de repudiar com veemência mais essa demonstração de incompetência do governo, que, de forma explícita, utiliza recursos públicos para sustentar seus indignos balcões de negócios, ao garantir a ampliação da sua aliança partidária com a vergonhosa entrega de cargos públicos. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de março de 2013

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