segunda-feira, 4 de março de 2013

Juventude hipócrita

Sem a menor preocupação quanto às questões éticas e morais e na contramão dos reiterados protestos da sociedade, o presidente do Senado Federal foi alvo de aclamação pelos militantes do PMDB, em evento que contou com a presença da ala jovem do partido. No final do encontro, houve disputa entre os jovens para tirar fotos com o senador alagoano. É bastante espantoso que o senador tenha sido efusivamente aplaudido pela juventude peemedebista, que, aos gritos, bradava "Renan, de novo, representando o povo!", quando os íntegros brasileiros o hostilizam desde a sua eleição para o citado cargo, mediante protestos públicos realizados em várias cidades. Além do abaixo assinado na internet, pedindo sua saída, com adesão superior a 1,6 milhão de pessoas. Os correligionários do senador alegam apenas que, por enquanto, há denúncias contra ele, mas ainda nada foi provado que impeça que o parlamentar continue sendo um símbolo do partido. Cada época tem a sua juventude, como a transviada, cara-pintada e tantas outras que representam o seu tempo. Essa do PMDB pode ser apropriadamente denominada juventude hipócrita, por fingir que o presidente do Senado tem o seu apoio, quando ela sabe que se trata de um político sem um pingo de compostura moral, à vista do seu passado manchado por muitos crimes contra a administração pública, como desvio de recursos públicos, apresentação de notas fiscais falsas para justificar gastos com dinheiro público, enriquecimento ilícito, entre outros procedimentos inidôneos que desabonam e desqualificam a sua pessoa até mesmo como representante do povo. Não há dúvida de que esses fatos conspiram contra a sua dignidade e honestidade, sendo ele, na atualidade, o símbolo máximo de tudo de ruim e do que não presta na política brasileira. De certa forma, esse apoio da juventude peemedebista representa atitude prejudicial e enganosa para o parlamentar alagoano, por partir das suas hostes, quando o resto do país clama por sua renúncia ao cargo de presidente do Senado. Em tese, nem era para se estranhar a estupidez do apoio da juventude partidária a um emérito corrupto, levando-se em conta que ele teve não só o respaldo da maior autoridade do país e dos seus asseclas para se eleger ao cargo máximo do Senado, como foi saudado como sendo um brilhante e imaculado homem público, acima de qualquer suspeita, quando o Supremo Tribunal Federal deve se pronunciar sobre denúncia contra ele, a respeito de crimes contra a administração pública, fato que já seria mais do que suficiente para caracterizar a falta de condições éticas e morais para o exercício de cargo da magnitude de presidente do Senado. É de se lamentar que a juventude do país esteja seguindo os piores exemplos da atual política brasileira, com assimilação de péssima lição da falta de conduta ética e moral. O certo é que os homens públicos a quem a juventude vem se espelhando não têm reputação moral nem dignidade capazes de contribuir com a formação de novo político, uma vez que, no caso do presidente do Senado, a sua conduta é repudiada pela sociedade, em virtude das práticas de corrupção com recursos públicos e da sua participação noutras falcatruas, como se isso fosse ética política. A juventude, que pretende ser político amanhã, não pode conviver nem aprender com os homens públicos inescrupulosos e indecorosos, pois suas artimanhas e seus instrumentos da maestria política são contrários aos interesses públicos. Não há dúvida de que essa aproximação promíscua é bastante prejudicial ao futuro da juventude, que não será promissora com a devassidão cívica e os maus exemplos políticos. A sociedade espera que a juventude se conscientize sobre a necessidade de sempre observar os princípios éticos e morais também na política, devendo abominar os homens públicos que menosprezam os preceitos do decoro e da probidade no serviço público. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 03 de março de 2013

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