sexta-feira, 15 de março de 2013

Pura realidade brasileira

Segundo levantamento realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, o Brasil manteve, pasmem, o 85º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano - IDR, tendo obtido 0,730, na escala que varia entre 0 a 1, que é o mesmo apresentado desde 2007. O curioso disso é que, mesmo com a aludida avaliação, o país ainda se situa no grupo de Desenvolvimento Humano Alto. Em que pese a permanente estagnação no ranking, os responsáveis pelo levantamento teceram elogios ao país, por entenderem que houve satisfatório desempenho nas últimas décadas, ao afirmarem que "O País mudou o padrão histórico em muito pouco tempo e é reconhecido por isso". Com o índice de 0,955, a Noruega desponta com a melhor avaliação, sendo a nação colocada em primeira no ranking. Para o cálculo do IDH, são levados em conta indicadores de renda, educação e longevidade, esta representada pela saúde. Os dados revisados para 2011 atribuem ao Brasil o índice 0,728. O PNUD esclarece que fez uso de elementos menos atualizados do que os utilizados pelo governo brasileiro, mas se eles fossem os mesmos, o IDH seria 0,754. Esse órgão também apresentou outros indicativos, com a finalidade de mostrar dados importantes pertinentes do desenvolvimento dos países, com relação a recursos humanos, mostrando que o Brasil encontra-se na média das nações avaliadas, no total de 186, a exemplo de expectativa de vida ao nascer: 81%; média de anos de estudos: 112%; anos esperados de escolaridade: 57%; renda nacional bruta per capita: 78%; IDR ajustado pela desigualdade: 97%. O relatório em apreço tece elogios ao Brasil em diversas análises das avaliações, destacando o crescimento econômico dos países em desenvolvimento e nas consequências sociais do fenômeno, onde há indicação de que o país, entre 40 nações, teve desempenho, no período de 1990 e 2012, “significativamente superior” ao previsto, tendo por base fatores pertinentes ao “Estado desenvolvimentista proativo, aproveitamento dos mercados mundiais e inovações em políticas sociais". Segundo o PNUD, os avanços do Brasil foram impulsionados de forma significativa na educação e saúde. O Brasil foi alvo de elogios pela redução da desigualdade entre os cidadãos, em virtude da "criação de um programa de redução da pobreza, à extensão da educação e ao aumento do salário mínimo". A avaliação faz menção honrosa à criação, em 1996, do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), por ter estabelecido piso nacional de gastos por aluno e ampliado os investimentos em ensino nas regiões mais pobres do país. Finalmente, o relatório destaca a redução da pobreza, após a implantação, em 2001, do programa Bolsa Família. Parece bastante estranho que o órgão da ONU reconheça os avanços e desenvolvimentos econômicos e sociais, dando seguidos destaques ao Brasil, porém existe aí enorme contrariedade quando comparados os elogios com os índices inerentes ao país, que, em média, se mantiveram no mesmo patamar das avaliações dos anos anteriores, com estagnação no 85º lugar no ranking, no caso do IDR. Urge que as autoridades públicas aproveitem os resultados apontados no relatório em comento e adote políticas capazes de melhorar substancialmente o Índice de Desenvolvimento Humano, com maciços investimentos em especial nas áreas de saúde e educação. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 14 de março de 2013

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