sexta-feira, 1 de março de 2013

Irracionalidade e indolência parlamentares

Segundo estudo promovido pela Organização das Nações Unidas – ONU, em conjunto com a União Interparlamentar – UIP, foi constatado que o Congresso brasileiro é o segundo mais caro entre 110 países pesquisados. A sociedade tupiniquim é obrigada a arcar com a extraordinária manutenção de 81 senadores e 513 deputados, totalizando 594 congressistas, importando o montante de US$ 7,4 milhões por parlamentar. A composição das despesas mensais com cada parlamentar compreende: salário de R$ 26,7 mil; cota para o exercício do mandato de R$ 34,2 (despesas com passagens, combustíveis, telefone etc.); auxílio moradia de R$ 3 mil; verba de gabinete de R$ 78 mil (para a contratação de até 25 assessores); afora o custo administrativo do Congresso. Numa análise fria, o custo dos congressistas brasileiros só não supera o dos seus pares dos Estados Unidos, que atinge a cifra de US$ 9,6 milhões anuais. Esse valor americano não parece extrapolar o bom senso, em termos de despesas com congressistas, uma vez que se trata da primeira potência mundial, onde a responsabilidade dos parlamentares salta à vista, por eles terem a obrigação de se manifestar com frequência sobre as altas decisões do Estado, fato que justifica os valores despendidos com a sua manutenção. Embora os EUA sejam a nação mais poderosa entre as nações, tendo a incumbência de conduzir o equilíbrio e a estabilidade mundial, em especial econômica, a quantidade de parlamentares de 535 parece compatível com sua grandeza, enquanto no país tupiniquim, que praticamente não tem preocupação senão com a sua política interna direcionada para questões paroquianas, são 594 parlamentares, quantidade discutível e injustificável para os propósitos constitucionais instituídos para funcionamento do Congresso, ou seja, a quantidade de congressistas é desproporcional às reais necessidades do Parlamento brasileiro, que poderia ser eficiente, confiável e produtivo para o país, com a metade da representação política. Impende sopesar ainda que o parlamentar americano tem o custa equivalente à renda per capita de US$ 197,8, enquanto o custo do parlamentar brasileiro é US$ 449,13 da renda per capita, ou seja, no Brasil, a despesa com o Parlamento também é um assombro. Impende frisar que a análise em comento levou em conta as despesas dos congressistas sem a contabilização dos gastos com pessoal das atividades meio e fim das Casas Legislativas, que certamente devem ser os maiores do mundo, considerando que, juntas, empregam, pasmem, mais de 12 mil servidores, representando verdadeiro disparate, em termo de deficiência organizacional no serviço público, à vista da utilização predominante do abominável cabide de empregos, como critério político para contratação dos apaniguados. Estranha-se que no estudo não tenham sido avaliados importantes componentes concernentes à corrupção, ao fisiologismo e à produtividade, que, naturalmente, os congressistas brasileiros bateriam os recordes mundiais nesses aspectos. Os parlamentares mais indolentes do mundo são os brasileiros, quanto à má vontade para o trabalho, por terem a indecência de legalizar seu comparecimento ao Congresso em apenas três dias por semana, enquanto o servidor público é obrigado ao trabalho de 40 horas semanais. Eles ainda tiveram a indignidade, mesmo recebendo salários e vantagens acima do razoável, de não apreciar, por mais de dez anos, os vetos presidenciais, no total superior a 3.200, que estão abarrotando as estantes do Congresso. Além disso, o Orçamento da União para este exercício ainda não foi votado, apesar de se tratar de peça importante para os rumos da eficiência da gestão dos recursos públicos, ficando o Executivo à mercê do Congresso para investir nas obras indispensáveis ao desenvolvimento do país. Urge que os parlamentares brasileiros tenham a exata compreensão sobre as enormes despesas com a manutenção do Congresso Nacional ineficiente e pouco produtivo, com vistas à sua indispensável racionalização operacional, inclusive quanto à quantidade de parlamentares, levando-se em conta a realidade socioeconômica do país e a sua importância para o aperfeiçoamento da democracia, principalmente em relação à fiel observância aos princípios da ética e moralidade. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de fevereiro de 2013

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