sábado, 2 de março de 2013

Memória desgastada?

Já foi eclodido o disparo que anuncia o início da corrida à disputa presidencial, quase que simultâneo nas hostes das principais agremiações com cacife para disporem-se à luta. Como é peculiar na política rasteira tupiniquim, a estratégia é lançar ataque um contra o outro candidato, com o objetivo de tornar o pleito eleitoral, que oficialmente só irá começar daqui a mais de um ano, mais atrativo com o festival de acusações verossímeis ou não, porque o que importa e atrair o foco da mídia. O último lance no jogo político foi dado pelo ex-presidente da República tucano, quando afirmou que a presidente da República é "ingrata" e que o partido dela "cospe no prato em que comeu (sic)", em resposta às declarações dela de que o governo petista "não herdou nada" da gestão que sucedeu. O tucano foi direto e incisivo, ao indagar e responder: "O que a gente pode fazer quando a pessoa é ingrata? Nada. Cospe no prato em que comeu", quando instigado a comentar as declarações atribuídas à presidente petista, por ocasião das comemorações dos dez anos de gestão petista no governo federal. Ele foi além, ao dizer que o PT teve a indelicadeza de usurpar o projeto político implantado nos mandatos tucanos, ao sentenciar: "O que aconteceu no Brasil foi usurpação de projeto. Só que como ele é usurpado, não faz direito. Vai e vem, recua, não tem coragem de dizer que vai privatizar" e "Eles (petistas) tinham duas grandes metas. Uma ligada ao socialismo e outra à ética. De socialismo nunca mais ninguém falou. E ética, meu Deus, não sou eu quem vai falar a respeito do que está acontecendo no Brasil". Embora “cuspir no prato que comeu” seja frase bem ao estilo popular, não é de bom tom que autoridade pública de destaque mundial a pronuncie em público, porque é impossível cuspir no prato que teria comido. Deixando a brincadeira à parte e voltando ao que interessa, pode-se constatar que a presidente da República foi bastante infeliz ao tentar sepultar o legado do governo tucano, demonstrando insensibilidade política e até memória desgastada sobre passado recente, ao negar a continuidade pelo governo petista do plano de estabilização da economia, principal programa de estruturação montado contra as causas nocivas à vulnerabilidade do sistema econômico do país, servindo como orientação e norte às medidas de estabilização da economia. É lamentável que somente a mandatária do país, salvo a sociedade brasileira, não saiba que o governo petista até agora não apresentou novidade alguma ao plano de estabilização concebido no governo tucano. Isso é mais do que duvidar da inteligência e da memória da sociedade, que tem plena consciência de que o governo petista não foi capaz de apresentar qualquer novidade, ressalvadas algumas medidas esporádicas e setoriais na economia, em termos de planos, metas e reformas estruturais, ficando devendo quanto ao crescimento do país, a exemplo do acanhado PIB de 0,9%, em 2012. Na verdade, alguns programas do governo que ainda funcionam foram aproveitados do governo anterior, que passaram por melhorias quanto ao incremento de recursos, a exemplo do programa Bolsa Família, que tem a importância da sua existência para turbinar o assistencialismo e a popularidade governamentais, com vistas a fomentar a vocação eleitoral dos brasileiros, que são fiéis aos políticos que concedem benefícios e assistências pecuniárias, graças aos recursos dos contribuintes. A sociedade anseia por que os políticos tenham a sensibilidade e a racionalidade não somente de respeitar os legados positivos dos governantes, mas sobretudo de trabalhar com a finalidade de bem servir aos interesses do país, independentemente de quem sejam as ideias, os planos e os programas bem sucedidos, porque certamente o povo tem a inteligência e a capacidade de perceber quais os políticos que mais valorizaram os recursos humano e material e contribuíram para o desenvolvimento da nação. Acorda, Brasil! 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 1º de março de 2013

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