Já foi eclodido o disparo que anuncia o início da
corrida à disputa presidencial, quase que simultâneo nas hostes das principais
agremiações com cacife para disporem-se à luta. Como é peculiar na política
rasteira tupiniquim, a estratégia é lançar ataque um contra o outro candidato,
com o objetivo de tornar o pleito eleitoral, que oficialmente só irá começar daqui
a mais de um ano, mais atrativo com o festival de acusações verossímeis ou não,
porque o que importa e atrair o foco da mídia. O último lance no jogo político foi
dado pelo ex-presidente da República tucano, quando afirmou que a presidente da
República é "ingrata" e que
o partido dela "cospe no prato em
que comeu (sic)", em resposta às declarações dela de que o governo
petista "não herdou nada"
da gestão que sucedeu. O tucano foi direto e incisivo, ao indagar e responder: "O que a gente pode fazer quando a pessoa é
ingrata? Nada. Cospe no prato em que comeu", quando instigado a
comentar as declarações atribuídas à presidente petista, por ocasião das
comemorações dos dez anos de gestão petista no governo federal. Ele foi além,
ao dizer que o PT teve a indelicadeza de usurpar o projeto político implantado nos
mandatos tucanos, ao sentenciar: "O
que aconteceu no Brasil foi usurpação de projeto. Só que como ele é usurpado,
não faz direito. Vai e vem, recua, não tem coragem de dizer que vai privatizar"
e "Eles (petistas) tinham duas
grandes metas. Uma ligada ao socialismo e outra à ética. De socialismo nunca
mais ninguém falou. E ética, meu Deus, não sou eu quem vai falar a respeito do
que está acontecendo no Brasil". Embora “cuspir no prato que comeu”
seja frase bem ao estilo popular, não é de bom tom que autoridade pública de
destaque mundial a pronuncie em público, porque é impossível cuspir no prato
que teria comido. Deixando a brincadeira à parte e voltando ao que interessa, pode-se
constatar que a presidente da República foi bastante infeliz ao tentar sepultar
o legado do governo tucano, demonstrando insensibilidade política e até memória
desgastada sobre passado recente, ao negar a continuidade pelo governo petista
do plano de estabilização da economia, principal programa de estruturação
montado contra as causas nocivas à vulnerabilidade do sistema econômico do
país, servindo como orientação e norte às medidas de estabilização da economia.
É lamentável que somente a mandatária do país, salvo a sociedade brasileira,
não saiba que o governo petista até agora não apresentou novidade alguma ao
plano de estabilização concebido no governo tucano. Isso é mais do que duvidar
da inteligência e da memória da sociedade, que tem plena consciência de que o
governo petista não foi capaz de apresentar qualquer novidade, ressalvadas
algumas medidas esporádicas e setoriais na economia, em termos de planos, metas
e reformas estruturais, ficando devendo quanto ao crescimento do país, a
exemplo do acanhado PIB de 0,9%, em 2012. Na verdade, alguns programas do
governo que ainda funcionam foram aproveitados do governo anterior, que
passaram por melhorias quanto ao incremento de recursos, a exemplo do programa
Bolsa Família, que tem a importância da sua existência para turbinar o
assistencialismo e a popularidade governamentais, com vistas a fomentar a
vocação eleitoral dos brasileiros, que são fiéis aos políticos que concedem benefícios
e assistências pecuniárias, graças aos recursos dos contribuintes. A sociedade
anseia por que os políticos tenham a sensibilidade e a racionalidade não somente
de respeitar os legados positivos dos governantes, mas sobretudo de trabalhar
com a finalidade de bem servir aos interesses do país, independentemente de
quem sejam as ideias, os planos e os programas bem sucedidos, porque certamente
o povo tem a inteligência e a capacidade de perceber quais os políticos que
mais valorizaram os recursos humano e material e contribuíram para o
desenvolvimento da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de março
de 2013
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