A presidente da República
afirmou, por ocasião da cerimônia de posse de três ministros, que as mudanças se tornaram necessárias,
pasmem, para garantir a governabilidade. Ela disse que "Não acredito que seja possível esse país ser
dirigido sem essa visão de compartilhamento e de coalizão. Eu aprendi que numa
coalizão você tem que valorizar as pessoas que contigo estão. Parceiros da luta",
"a capacidade de formar coalizões é
crucial para o país" e "Muitas vezes as pessoas acreditam que a
coalizão do ponto de vista da política é algo incorreto. Estamos assistindo em
alguns lugares do mundo processos de deteriorização da governabilidade justamente
pela incapacidade de se fazer coalizão". A presidente concluiu,
dizendo: “No comando do país, é preciso
fazer opções. Governar é necessariamente escolher entre várias alternativas e
por isso eu aprendi muito sobre o valor da lealdade entre aqueles que
desenvolvem com a gente a tarefa de governar, o valor simultâneo da paciência e
da urgência para cumprir prazos e metas e da sensatez nas escolhas dos caminhos.".
É pena que o articulado discurso da presidente não faça nexo com a indecorosa realidade
do loteamento de ministérios, órgãos públicos e empresas estatais entre os
partidos da sua base de sustentação, que é o caso em referência, em verdadeira troca
de apoio político no Congresso Nacional. Essas cerimônias efetivando a troca de
ministros servem apenas para confirmar a marca da incompetência do governo no
gerenciamento da administração pública, pela sua entrega a pessoas
despreparadas e descompromissadas com a eficiência da execução das políticas
públicas, tendo em conta que esses órgãos e essas entidades ficam à disposição
dos partidos políticos que os herdam para dirigir a seu bel-prazer, sem nenhuma
orientação governamental. Neste caso, o que se verifica, na realidade, é que a
presidente foi obrigada a fazer as trocas nos ministérios, sem quaisquer
critérios técnicos ou administrativos, em atendimento e por imposição dos
caciques do PMDB e PDT, como forma de apaziguar as querelas internas dessas
agremiações. No caso do PDT, a substituição do ministro é ato ainda mais
degradante e indecente, em razão de privilegiar pedido do ministro que pediu
exoneração do cargo ante a enxurrada de denúncias de atos de corrupção, que
inviabilizaram a sua permanência nele. De certa forma, essa mudança tem a
feição de reabilitá-lo, por ele ser o presidente do partido, que enfrentava
conflito de interesses entre seus integrantes. Na verdade, as palavras da
mandatária do país não sintetiza um pingo de honestidade, nem traduz a
realidade dos fatos ou o sentimento de brasilidade, porque a sua autoridade se
reduz tão somente a executar a vontade dos partidos com interesses fisiológicos,
no sentido de que o governo somente tem apoio político mediante o atendimento
de seus pedidos, em cuja formalização a presidente nada escolhe e apenas
utiliza a caneta, como um robô comandado pelos inescrupulosos capitães das
capitanias hereditárias. No caso, garantir a governabilidade para esse governo significa falta de compromisso com a moralidade
e com a seriedade na administração do país, tendo em conta apenas interesses escusos;
a partilha de entidades e órgãos públicos entre políticos despreparados e apaniguados;
desrespeito aos princípios ideológicos, éticos, legais, morais...; inobservância
aos princípios constitucionais da dignidade e das boas condutas democráticas; prestígio
ao fisiologismo escrachado; entre outras indignidades na gestão dos recursos
públicos. Até quando essa desgraça administrativa do país vai existir só
depende da vontade popular. Compete à sociedade vislumbrar o quanto a sede pelo
poder é bastante prejudicial aos interesses da nação, ante a formalização das
coalizões espúrias e interesseiras, e decidir pela forma competente de
gerenciamento do patrimônio dos brasileiros, com o afastamento da política dos
homens públicos que se aproveitam dela para a satisfação das causas pessoais e
partidárias. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de março de 2013
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