segunda-feira, 18 de março de 2013

Governabilidade da incompetência e do atraso

A presidente da República afirmou, por ocasião da cerimônia de posse de três ministros, que as mudanças se tornaram necessárias, pasmem, para garantir a governabilidade. Ela disse que "Não acredito que seja possível esse país ser dirigido sem essa visão de compartilhamento e de coalizão. Eu aprendi que numa coalizão você tem que valorizar as pessoas que contigo estão. Parceiros da luta", "a capacidade de formar coalizões é crucial para o país" e "Muitas vezes as pessoas acreditam que a coalizão do ponto de vista da política é algo incorreto. Estamos assistindo em alguns lugares do mundo processos de deteriorização da governabilidade justamente pela incapacidade de se fazer coalizão". A presidente concluiu, dizendo: “No comando do país, é preciso fazer opções. Governar é necessariamente escolher entre várias alternativas e por isso eu aprendi muito sobre o valor da lealdade entre aqueles que desenvolvem com a gente a tarefa de governar, o valor simultâneo da paciência e da urgência para cumprir prazos e metas e da sensatez nas escolhas dos caminhos.". É pena que o articulado discurso da presidente não faça nexo com a indecorosa realidade do loteamento de ministérios, órgãos públicos e empresas estatais entre os partidos da sua base de sustentação, que é o caso em referência, em verdadeira troca de apoio político no Congresso Nacional. Essas cerimônias efetivando a troca de ministros servem apenas para confirmar a marca da incompetência do governo no gerenciamento da administração pública, pela sua entrega a pessoas despreparadas e descompromissadas com a eficiência da execução das políticas públicas, tendo em conta que esses órgãos e essas entidades ficam à disposição dos partidos políticos que os herdam para dirigir a seu bel-prazer, sem nenhuma orientação governamental. Neste caso, o que se verifica, na realidade, é que a presidente foi obrigada a fazer as trocas nos ministérios, sem quaisquer critérios técnicos ou administrativos, em atendimento e por imposição dos caciques do PMDB e PDT, como forma de apaziguar as querelas internas dessas agremiações. No caso do PDT, a substituição do ministro é ato ainda mais degradante e indecente, em razão de privilegiar pedido do ministro que pediu exoneração do cargo ante a enxurrada de denúncias de atos de corrupção, que inviabilizaram a sua permanência nele. De certa forma, essa mudança tem a feição de reabilitá-lo, por ele ser o presidente do partido, que enfrentava conflito de interesses entre seus integrantes. Na verdade, as palavras da mandatária do país não sintetiza um pingo de honestidade, nem traduz a realidade dos fatos ou o sentimento de brasilidade, porque a sua autoridade se reduz tão somente a executar a vontade dos partidos com interesses fisiológicos, no sentido de que o governo somente tem apoio político mediante o atendimento de seus pedidos, em cuja formalização a presidente nada escolhe e apenas utiliza a caneta, como um robô comandado pelos inescrupulosos capitães das capitanias hereditárias. No caso, garantir a governabilidade para esse governo significa falta de compromisso com a moralidade e com a seriedade na administração do país, tendo em conta apenas interesses escusos; a partilha de entidades e órgãos públicos entre políticos despreparados e apaniguados; desrespeito aos princípios ideológicos, éticos, legais, morais...; inobservância aos princípios constitucionais da dignidade e das boas condutas democráticas; prestígio ao fisiologismo escrachado; entre outras indignidades na gestão dos recursos públicos. Até quando essa desgraça administrativa do país vai existir só depende da vontade popular. Compete à sociedade vislumbrar o quanto a sede pelo poder é bastante prejudicial aos interesses da nação, ante a formalização das coalizões espúrias e interesseiras, e decidir pela forma competente de gerenciamento do patrimônio dos brasileiros, com o afastamento da política dos homens públicos que se aproveitam dela para a satisfação das causas pessoais e partidárias. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de março de 2013

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