sábado, 11 de maio de 2013

Contenções na superficialidade

O presidente do Senado Federal apresentou balanço dos 100 dias no cargo da instituição, com destaque para três medidas administrativas, consistindo no fortalecimento da transparência, no aumento da eficiência e na economia de recursos acima de R$ 300 milhões, no biênio 2013/2014. Como não poderiam ser diferentes, as providências adotadas tiveram ampla aprovação popular, conforme pesquisa realizada pelo DataSenado. Em síntese, houve o fim dos 14º e 15º salários; a extinção de 101 funções comissionadas; a redução de 25% das funções de chefia e assessoramento; a extinção ou fusão de estruturas administrativas; o cancelamento e a revisão de contratos de terceirização de mão de obra; a proibição de contratos emergenciais; a implantação de jornada corrida de sete horas de trabalho; a disponibilização dos profissionais do Serviço Médico ao atendimento da população do DF; a limitação de ramais para ligações DDD, DDI e celulares; a extinção da lotação de servidores no antigo "senadinho", no Rio de Janeiro; a doação dos equipamentos hospitalares aos hospitais públicos do DF; a redução de impressos pela Gráfica do Senado; suspensão da distribuição dos kits de informática às Câmaras Municipais; a proibição de nomeações; o rodízio para os cargos de diretor de compra e contratações e também para diretoria do controle interno; a fixação de taxa de ocupação dos imóveis utilizados por não senadores, entre outras medidas de contenção de recursos. Não há dúvida de que as providências adotadas, embora bastante tarde, merecem o reconhecimento da sociedade, porquanto a sua extinção ou a alteração dos procedimentos em prática eram desnecessários ou contrários ao interesse público. Embora essas práticas estivessem respaldadas em normas internas, os antecessores dirigentes deveriam ser responsabilizados pela complacência com o desperdício de dinheiros públicos. Tendo em conta a disposição do presidente do Senado em promover revolução administrativa, mediante reformas e aperfeiçoamento do funcionamento da instituição, de modo que ela possa exercer seu papel constitucional exclusivamente em benefício da sociedade, conviria que houvesse preocupação com os absurdos penduricalhos aos vencimentos dos senadores, com eliminação dos auxílios, das ajudas, da verba de representação e todas as demais mordomias incompatíveis com a dignidade de servidor público. Não pode haver justificativa para que o parlamento brasileiro ostente a vice-liderança no ranking mundial, em termos de custo por congressista, só perdendo para o parlamento dos Estados Unidos da América, que se justificativa por se tratar da principal potência do mundo. Os parlamentares brasileiros deveriam ter apenas vencimentos, em harmonia com os demais servidores públicos, que têm a obrigação de cumprir carga de 40 horas semanais, enquanto os congressistas estão obrigados regimentalmente a marcar presença em Brasília, pasmem, apenas de terça-feira a quinta-feira e ainda têm direito aos absurdos e imerecidos recessos legislativos. Sem mencionar que, nos pleitos eleitorais, ninguém comparece com assiduidade ao Congresso, porque há que ser priorizado seu interesse político, em detrimento das causas nacionais, que são relegadas a planos secundários. Em consequência dessa falta de compromisso com o país, os vetos presidenciais não são votados há mais de doze anos, as reformas estruturais indispensáveis ao desenvolvimento do país - nem mesmo a que se refere ao aperfeiçoamento do retrógrado e defasado sistema político-eleitoral - sequer são esboçadas, a exemplo dos projetos de interesse da nação, como a atualização da legislação penal e carcerária, que impossibilitaria o efetivo e eficiente combate à criminalidade e à violência, entre outras matérias necessárias à modernização do país, em especial impedindo que o custo Brasil continue estrangulando a competitividade e o fluxo de exportação dos produtos nacionais. O Congresso Nacional não pode ficar a reboque do Executivo, porque o país espera muito das lideranças do parlamento, que são eleitas com a finalidade de representar e produzir em benefício da sociedade, independentemente das iniciativas palacianas. Os brasileiros anseiam por que os parlamentares, aproveitando esse surto de brasilidade do presidente do Senado, conscientizem-se sobre a necessidade de realmente exercer funções públicas com a primordial finalidade de servir ao povo brasileiro, tendo em conta, sobretudo, a sua realidade socioeconômica. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de maio de 2013

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