terça-feira, 14 de maio de 2013

O encalhe dos portos ou dos políticos?

No meio de intensa discussão sobre a Medida Provisória dos Portos, uma manobra do PT fez com que o líder do PMDB na Câmara substituísse sua versão, contendo alteração de trechos do texto original, em flagrante contraposição às metas do Palácio do Planalto para a modernização do setor. Enquanto a proposta do governo pretende que apenas os portos públicos passem por licitação, para a sua exploração, o PT a emendou com pretensão de se exigir licitação para portos públicos e privados. Diante da retirada da proposta do PT, que queria que as autorizações para exploração de portos privados fossem feitas por meio de licitação, e não por autorização por chamada pública, como defendia o governo federal, o PMDB abriu mão das emendas de iniciativa do seu líder. Com isso, a Câmara dos Deputados poderá votar ainda hoje a medida provisória, que é considerada pelo governo de essencial importância para a modernização da logística de transportes e ampliação da infraestrutura do país, por visar estabelece novos critérios para a exploração e arrendamento, mediante contratos de cessão para uso à iniciativa privada de terminais de movimentação de carga em portos públicos. Percebe-se que a matéria em discussão envolve sobretudo a possibilidade da abertura legal para o desenvolvimento do país, pela instrumentalização capaz de se extrair do eterno anacrônico sistema operacional que vem causando enorme obstrução ao crescimento do comércio de exportação dos produtos nacionais e importância das matérias imprescindível ao progresso da indústria nacional. Diante desse auspicioso quadro com ares de modernidade, é inadmissível que esteja faltando conscientização cívica e patriótica dos políticos, no sentido da busca do entendimento necessário à aprovação das medidas preconizadas, não importando quem tenha sido seu autor ou quem teve a melhor iniciativa para que os portos nacionais possam funcionar mais próximo possível dos portos dos países desenvolvidos, onde os navios cargueiros não ficam encalhados uma eternidade para embarque e desembarque dos produtos, como vem ocorrendo nos portos brasileiros, em clara demonstração de incompetência das autoridades responsáveis pelos interesses nacionais. As falhas crônicas nos portos nacionais estão causando gigantescos prejuízos à economia do país, inclusive implicando o cancelamento de contratos de exportação de produtos, em evidente demonstração de incapacidade do atendimento da demanda do setor. O momento é propício para a convergência de iniciativas em prol dos interesses nacionais, conquanto a modernização da infraestrutura e da operabilidade dos portos está visceralmente ligada à soberania nacional, motivo pelo qual os políticos, governistas ou não, têm o dever ética, moral e cívico de encontrar o entendimento e melhor caminho para a aprovação das medidas em causa, porque o país exige que, nesta hora, sejam colocados de lado os interesses pessoais, partidários ou de natureza que não contribua para o benefício das causas nacionais. É triste, para não dizer algo pior, presenciar-se a disputar entre parlamentares sobre algo absolutamente de interesse do país, envolvendo objetivos de importante modernidade de setor notadamente antiquado, que funciona aos trancos e barrancos, amparado em sistema operacional visivelmente obsoleto e prejudicial aos interesses nacionais, que parte dos congressistas prefere ignorar tal situação. Convém que as benfazejas experiência, sensibilidade e conscientização dos políticos brasileiros operem em sintonia com os princípios da necessária competência, na discussão de matéria em benefício do desenvolvimento da nação, pondo em destaque, pelo menos no momento tão significativo, arraigados sentimentos de patriotismo, em defesa das causas dos brasileiros. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 14 de maio de 2013

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