Neste último sábado, a
Caixa Econômica Federal, responsável pela gestão do Bolsa Família, informou que
antecipou o saque do benefício na sexta-feira, dia 17, um dia antes da
alarmante onda de boatos dando conta da possível extinção do programa, que provocou
a corrida de milhares pessoas às agências bancárias, em pelo menos 12 estados
do país. No decorrer da semana, o governo tentou por todos os meios negar a
antecipação de saques. Conforme reportagem publicada no jornal “Folha de
S.Paulo”, na edição deste último sábado, a Caixa confirmou que, sem aviso
prévio, o calendário de pagamentos do Bolsa Família havia sido antecipado um
dia antes dos boatos. A Caixa afirmou que a antecipação no calendário
individual dos saques dos 13,8 milhões de benefícios pode “ocorrer em situações específicas como casos de calamidade ou
necessidade de melhorias de sistemas”. Nesse caso específico, havia em
andamento "desde março, diversas melhorias no Cadastro de Informações
Sociais, conforme já divulgado" e que "Em consequência desse procedimento, na sexta-feira (17), primeiro dia
do calendário de pagamentos de benefícios do Bolsa Família do mês de maio, o
banco disponibilizou o saque independentemente do calendário individual".
Outro fato não menos estranho e intrigante foi a constatação, pelo jornal “O
Globo”, que “... a Polícia Federal
descobriu indícios de que uma central de telemarketing com sede no Rio de
Janeiro foi usada para difundir o boato de que o Bolsa Família iria acabar”.
A situação ficou ainda mais confusa entre os membros do governo, ante a
explicação da ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, na última
terça-feira, que “Nós liberamos o
pagamento para evitar tumulto e para garantir a integridade física dessas
pessoas”. Ela garantiu, durante o programa "Bom Dia, Ministro"
que “No final de semana, exclusivamente,
os beneficiários tiraram o dinheiro do Bolsa Família do mês independente se seu
numero era 1, 2, 3, 4 ou 5. Isso não está mais acontecendo porque agora, com as
agências abertas, temos condições de dar um atendimento qualificado”. Não há a menor dúvida de que,
confirmada a antecipação dos pagamentos, por ato plenamente voluntário da Caixa,
embora contrariasse o argumento do governo de que a liberação teria sido para
atender situação de emergência, com a finalidade de atenuar os efeitos dos
boatos, só complica a credibilidade das autoridades envolvidas na operação, por
se vislumbrar possível estratégia de ato ardiloso, com vistas à obtenção de
vantagem política para alguém. A
Caixa Econômica precisa dar explicações sobre o que motivou a antecipação dos
benefícios e porque só agora admitiu ter feito o pagamento antes do previsto,
mudando a versão anterior. Os fatos demandam profundas apurações, não apenas
com vistas aos devidos esclarecimentos à sociedade pelas autoridades
envolvidas, mas em especial para que os culpados sejam punidos exemplarmente,
como forma de se evitar que fatos análogos voltem a acontecer, como se o povo
brasileiro fosse um bando de ingênuos e otários. Sem dúvida, trata-se muito mais de
tentativa de turbinar uma Operação Bolsa-Voto, arquitetada com antecedência
para beneficiar alguém ou desviar o foco da mídia para algo de impacto,
diferente de alguma maldade que estava ocorrendo ou poderia ocorrer nas hostes
do governo, com reflexos desfavoráveis ao Palácio do Planalto. Convém que a
presidente da República, seus principais assessores e a direção da Caixa sejam
compelidos a esclarecer à sociedade o que realmente eles queriam atingir com
manobra tão absurda e atabalhoada, deixando a população humilde atordoada e
insegura quanto à possibilidade da extinção dessa boquinha, que vem servindo
também para sustentar muitas pessoas que não precisam ou não se encaixam no
perfil do programa assistencial, à vista do cristalino descontrole reinante no
sistema. O certo é que os fatos
lamentáveis confirmam a índole maquiavélica dos marqueteiros de plantão, que
prepararam mais uma jogada de “mestre” para respaldar suas prediletas fraudes à
ingenuidade do povo brasileiro e ainda contaram com ajuda de uma ministra para,
incontinenti, acusar a oposição pela malandragem engendrada com a participação
da Caixa, que não teria liberado nada se a ordem tivesse origem na oposição. Há
de se notar que, no dia do corre-corre aos bancos, o PSDB fazia convenção para
eleger seu presidente e, na proximidade ao ocorrido, a presidente da República ia
se encontrar com o governador de Pernambuco, para inaugurar estádio. Urge que a sociedade exija
apuração abrangente e imparcial, como forma de realmente esclarecer os fatos e,
se for o caso, punir os culpados, a fim de se evitarem futuros casos
semelhantes ao episódio em apreço. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de maio de 2013
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