Há
coisas que somente as mães são capazes de compreender. É o caso da genitora de
um dos participantes da cruel morte da dentista de São Bernardo do Campo/SP,
que declarou estar bastante arrasada e, pasmem, apesar da verdadeira comoção
causada à nação brasileira, em decorrência dessa lamentável tragédia, acreditar
que seu filho tem um coração bom. Para ela, seu filho foi envolvido nisso por pessoas
que ela nunca viu. Ela disse que “Meu
filho sempre foi um menino muito bom, todos aqui gostam dele, minha família
toda está triste. Ele estava indo na igreja, parou um pouco, conheceu gente
nova. Meu filho era tudo para mim na vida. Tudo que eu preciso ele faz para mim”.
Essa senhora é a dona do Audi usado pelos bandidos para chegar ao local do
crime. Ela afirmou: “Acredito que meu
filho tem um coração bom. Ele foi de bobo, caiu de gaiato e agora está pagando
por isso”. Seu filho tem 21 anos e foi reconhecido por uma das vítimas que
sobreviveram à tragédia e pelas imagens de segurança do posto de combustíveis,
onde ele usou o cartão bancário da vítima para sacar dinheiro. A própria mãe auxiliou
na investigação do caso, ao reconhecer seu filho em imagens divulgadas pela
polícia. Ela alegou ter bom diálogo com o filho, mas isso não foi suficiente
para evitar o envolvimento dele em crimes. Embora a mãe jure que seu filho é
pessoa boa, antes desse crime, ele tinha passagem na polícia por roubo a
residência, às vésperas do último Natal. Os fatos mostram, com detalhes chocantes,
o quanto as alegações de uma mãe não correspondem à realidade dos acontecimentos,
por evidenciarem que seu filho se envolveu com outros delinquentes da maior
periculosidade, para levar vida de playboy, sustentada com dinheiro fácil
proveniente de assaltos e outras bandidagens absolutamente incompatíveis com
alguém de coração bom, porque quem tem coração, nem precisa ser bom para
compreender que a vida humana não tem preço. A versão sobre a tentativa de defender
seu filho, com afirmação de que ele tem coração generoso, embora tenha sido capaz
de protagonizar crime da pior crueldade, assemelha-se à fábula da águia e da coruja.
Esta, desesperada porque aquela comia seus filhotes, dirigiu-se à famosa ave de
rapina e implorou-a que deixasse seus filhinhos em paz. A águia, comovida,
garantiu que se comportaria com o devido respeito e pediu que a mamãe coruja os
caracterizasse, no que ela disse que se tratava dos bichinhos mais lindos do
vale. Depois disso, a águia não teve dúvidas, não sobrava um filhote de coruja à sua
frente. Na realidade, há enorme irresponsabilidade dos pais que não se
preocupam em educar seus filhos e muito menos em impor-lhes limites, mas sabem defendê-los
com maestria, normalmente imputando à sociedade a culpa pelos erros e crimes
por eles cometidos. Enquanto os pais continuarem não educando na forma correta
seus filhos, não acompanhando seus relacionamentos com as pessoas e não se
inteirando sobre o que eles fazem, não adianta tentar dizer que eles têm
coração, porque quem pratica tamanha e inominável maldade é comparável aos
monstros e estes não têm coração e, mesmo que o tenham, esse órgão desconhece
completamente a preciosidade da vida humana, que precisa ser dignificada e
respeitada. Lamenta-se que, para esses bárbaros, alguns poucos anos de prisão, mas
a família da vítima sentirá, o resto de suas vidas, o pesado infortúnio pela
perda de pessoa querida. Urge
que o Código Penal passe por reformulação e modernização, de modo que não sejam
toleradas violências com tamanha crueldade e os rigores das penalidades
cabíveis ao caso sirvam de exemplo para ser evitada a incidência de infrações
semelhantes ao caso em referência. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de maio de 2013
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