domingo, 5 de maio de 2013

Coração bom valoriza a vida


Há coisas que somente as mães são capazes de compreender. É o caso da genitora de um dos participantes da cruel morte da dentista de São Bernardo do Campo/SP, que declarou estar bastante arrasada e, pasmem, apesar da verdadeira comoção causada à nação brasileira, em decorrência dessa lamentável tragédia, acreditar que seu filho tem um coração bom. Para ela, seu filho foi envolvido nisso por pessoas que ela nunca viu. Ela disse que “Meu filho sempre foi um menino muito bom, todos aqui gostam dele, minha família toda está triste. Ele estava indo na igreja, parou um pouco, conheceu gente nova. Meu filho era tudo para mim na vida. Tudo que eu preciso ele faz para mim”. Essa senhora é a dona do Audi usado pelos bandidos para chegar ao local do crime. Ela afirmou: “Acredito que meu filho tem um coração bom. Ele foi de bobo, caiu de gaiato e agora está pagando por isso”. Seu filho tem 21 anos e foi reconhecido por uma das vítimas que sobreviveram à tragédia e pelas imagens de segurança do posto de combustíveis, onde ele usou o cartão bancário da vítima para sacar dinheiro. A própria mãe auxiliou na investigação do caso, ao reconhecer seu filho em imagens divulgadas pela polícia. Ela alegou ter bom diálogo com o filho, mas isso não foi suficiente para evitar o envolvimento dele em crimes. Embora a mãe jure que seu filho é pessoa boa, antes desse crime, ele tinha passagem na polícia por roubo a residência, às vésperas do último Natal. Os fatos mostram, com detalhes chocantes, o quanto as alegações de uma mãe não correspondem à realidade dos acontecimentos, por evidenciarem que seu filho se envolveu com outros delinquentes da maior periculosidade, para levar vida de playboy, sustentada com dinheiro fácil proveniente de assaltos e outras bandidagens absolutamente incompatíveis com alguém de coração bom, porque quem tem coração, nem precisa ser bom para compreender que a vida humana não tem preço. A versão sobre a tentativa de defender seu filho, com afirmação de que ele tem coração generoso, embora tenha sido capaz de protagonizar crime da pior crueldade, assemelha-se à fábula da águia e da coruja. Esta, desesperada porque aquela comia seus filhotes, dirigiu-se à famosa ave de rapina e implorou-a que deixasse seus filhinhos em paz. A águia, comovida, garantiu que se comportaria com o devido respeito e pediu que a mamãe coruja os caracterizasse, no que ela disse que se tratava dos bichinhos mais lindos do vale. Depois disso, a águia não teve dúvidas, não sobrava um filhote de coruja à sua frente. Na realidade, há enorme irresponsabilidade dos pais que não se preocupam em educar seus filhos e muito menos em impor-lhes limites, mas sabem defendê-los com maestria, normalmente imputando à sociedade a culpa pelos erros e crimes por eles cometidos. Enquanto os pais continuarem não educando na forma correta seus filhos, não acompanhando seus relacionamentos com as pessoas e não se inteirando sobre o que eles fazem, não adianta tentar dizer que eles têm coração, porque quem pratica tamanha e inominável maldade é comparável aos monstros e estes não têm coração e, mesmo que o tenham, esse órgão desconhece completamente a preciosidade da vida humana, que precisa ser dignificada e respeitada. Lamenta-se que, para esses bárbaros, alguns poucos anos de prisão, mas a família da vítima sentirá, o resto de suas vidas, o pesado infortúnio pela perda de pessoa querida. Urge que o Código Penal passe por reformulação e modernização, de modo que não sejam toleradas violências com tamanha crueldade e os rigores das penalidades cabíveis ao caso sirvam de exemplo para ser evitada a incidência de infrações semelhantes ao caso em referência. Acorda, Brasil!

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

 
Brasília, em 04 de maio de 2013

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