Um
advogado gaúcho, que já tinha conseguido suspender o pagamento do patrocínio de R$ 30 milhões da Caixa Econômica Federal ao Corinthians, volta à cena após entrar com ação popular no Tribunal
Regional Federal do Rio Grande do Sul, com a finalidade de impedir que a Caixa pague
R$ 25 milhões ao Flamengo, como patrocinador máster. O advogado argumenta que a
Caixa, na qualidade de empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda,
estaria tendo despesas inócuas com publicidade, destituída de caráter
informativo, em contrariedade ao disposto no art. 37 da Constituição Federal.
Embora a Caixa seja uma instituição de gestão independente, tendo plena
autonomia para destinar verba para fins publicitários, parece haver confusão
quanto à aplicação de expressivas quantias em propaganda por intermédio de times
de futebol, principalmente envolvendo o Flamengo, que exige piso elevadíssimo
para ostentar o nome do seu patrocinador, cujo retorno, em termo comercial e de
lucro, que deve corresponder bem remotamente ao montante aplicado no negócio.
Por sua vez, é absolutamente incompreensível que a Caixa, que tem função
social, invista maciçamente em publicidade, em contraposição às instituições
bancárias privadas, que fazem propaganda de forma parcimoniosa. Por seu turno,
não parece lícito que uma entidade pública promova participação com clubes de
futebol, sem que eles comprovem que estão quites com o governo, totalmente em
dia com os encargos sociais e demais obrigações trabalhistas e tributárias, diante
do fato de que, por exigência legal, as empresas privadas, inclusive times de
futebol, não podem ser contratadas pelo Estado se estiverem em situação
irregular perante o Fisco. As contratações envolvendo vultosas quantias entre
entidades e empresas públicas, a exemplo da Petrobras, Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal etc., deveriam ser cuidadosamente fiscalizadas pelo
Ministério Público, Tribunal de Contas da União e demais órgãos de controle,
com a finalidade de se assegurar que as transações encontram respaldadas nos
seus estatutos e os investimentos terão a garantia de satisfatória lucratividade,
que são seus objetivos como instituições empresariais, embora com a marca do
poder público. O governo federal vem se
mostrando verdadeira máquina de desperdício de dinheiros públicos, ao
aplicá-los sem a devida priorização, como se pode inferir dessa participação. À
toda evidência, instituições como a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil,
a Petrobras e outras empresas públicas não precisam fazer agressivo marketing publicitário,
utilizando milhões de reais, porquanto eles teriam adequada destinação às
políticas públicas, com destinação para os hospitais e outras ações públicas
carentes. Bastava o governo estabelecer que os lucros dessas instituições passassem
a ser aplicados na região da seca e na reconstrução dos estragos causados pelas
enchentes etc. É dever do governo se empenhar no sentido de somente gastar recursos
públicos em empreendimentos e finalidades de interesses sociais, ao invés de aplicar
milhões de reais em publicidade com clubes de futebol, que certamente não terá benefício
algum para a sociedade. Constitui péssimo gerenciamento e enorme desperdício de
recursos públicos o exagerado uso de publicidade na mídia, apenas para fazer
propagando, na sua maioria enganosa, do governo. Urge que os governantes se
conscientizem sobre a necessidade de racionalizar e priorizar os dispêndios
públicos, inclusive originários de entidades e empresas públicas, exclusivamente
em objetivos de interesse social. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de maio de 2013
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