terça-feira, 14 de maio de 2013

Portos à deriva

Diante da iminência da perda de validade da Medida Provisória dos Portos, que pode naufragar por cochilo da bancada governista, por ter permanecido de braços cruzados até às vésperas do prazo constitucional, o governo mobilizou seus ministros, na tentativa de garantir que a votação na Câmara dos Deputados. Por ter sido editada em dezembro último e à vista da importância das suas metas para a nação, a tramitação da MP exigiria especial empenho da trupe governista desde o momento que esse documento ingressou no Congresso, visando à regulamentação do setor portuário no país, no que tange à modernização e ao aperfeiçoamento dos procedimentos operacionais. É lamentável que medida tão relevante corra o risco de perder validade por falta de votação pelo legislativo, por essa ser a sua primordial função. Em que pesem as tratativas com as lideranças na Câmara, que não se sensibilizaram com os argumentos aduzidos, o governo afirmou que não cederá e continuará defendendo a aprovação da sua versão, permanecendo a ideia da falta de articulação quanto à correta forma de discussão da matéria, que aflorou, na Câmara, insatisfação de toda ordem na base de sustentação do governo naquela Casa, como, no caso do líder do PMDB na Câmara, que disse: “Se o governo radicalizar, a MP dos Portos não será votada.” e ele ainda acusa o governo de intransigência sobre a questão. Por sua vez, o governo responde que "... nunca foi intransigente. O governo está há três, quatro meses discutindo com todos os segmentos. Negociamos bem com os trabalhadores. Discutimos bem com os empresários. Estamos discutindo agora com os senhores congressistas. Nós nunca fomos intransigentes; pelo contrário. Nós abrimos mão de muitos pontos para justamente viabilizar essa discussão". Entretanto, o líder do PMDB se tornou o principal entrave às negociações, por ser a voz em defesa dos portos públicos, tendo apresentado emenda com sugestões de mudanças na medida provisória, defendendo que as autorizações para explorar os terminais privados deixariam de valer por tempo indeterminado e passariam a ter duração de 25 anos, prorrogáveis por igual período; que seria feita por licitação, ao invés de chamada pública, a autorização para construção de terminais privados; e que as empresas só poderiam contratar trabalhadores ligados aos órgãos gestores de mão de obra. Essas colocações modificam a versão do governo, que entende que a MP original é potencialmente capaz de reduzir custos e de atrair investimentos, com claros objetivos de estimular a competição entre portos privados e públicos, na perspectiva de solucionar um dos principais entraves da infraestrutura do setor. Entrementes, contrariando os princípios do decoro e da decência, a mídia noticia que o governo prometeu liberar emendas parlamentares, em valores superiores a R$ 1 bilhão, para convencer os deputados a abrirem mão da intransigente defesa de interesses contrários às medidas visando ao desenvolvimento da nação, com a modernização dos portos, que vêm funcionando com a utilização de métodos e procedimentos arcaicos e ultrapassados, compatíveis à mentalidade da maioria dos parlamentares brasileiros, que estão muito mais interessados em trabalhar em sintonia com as causas dos empresários, que não pretendem perder a arraigada hegemonia na direção dos emperrados, inoperantes e ultrapassados portos nacionais, em indiscutível prejuízo para os interesses da nação. Urge que os congressistas se conscientizem sobre a necessidade de valorização dos interesses da nação, com a aprovação de medidas modernizantes e de vanguarda, tendentes à transformação dos portos nacionais em empresas eficientes e capazes de operar em benefício da competitividade e do desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 13 de maio de 2013

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