A Assembleia
Legislativa do Maranhão aprovou aumento de valores referentes a benefícios concedidos
aos deputados daquele Estado, significando a incorporação anual para cada
deputado do montante de R$ 41 mil. A medida visa simplesmente compensar a
extinção dos 14º e 15º salários, que teria sido adotada como contenção de
gastos, o equivalente a aproximadamente R$ 42 mil por ano que o corte causaria
nos contracheques de cada deputado. Os aumentos incidiram sobre o
auxílio-moradia - mesmo para os deputados que têm base eleitoral e moram em São
Luís -, a "Verba Indenizatória de Exercício Parlamentar” e a Verba Indenizatória
de Ajuda de Gabinete. Um deputado defendeu a medida, ao achar justo o pagamento
dos novos valores e que "Não é
ilegal e enquanto a lei permitir, não abrirei mão desse direito". Esse
mesmo parlamentar disse que seus vencimentos como deputado não cobririam os
gastos para a manutenção dos imóveis que possui. Houve quem se posicionasse
contrário aos aumentos em apreço, por achá-los inoportunos e não haver justificativa
nem fundamento legal para a sua concessão. É patente o descaramento do político
que alega receber remuneração para custear a manutenção de seus imóveis. Isso
demonstra o péssimo grau da mentalidade do político não somente maranhense, mas,
de resto, brasileiro, que padece do mesmo nível cultural retrógrado e nefasto
de entrar na vida pública para resolver as questões de ordem pessoal, de forma
espúria, indecente e injustificável, em total menosprezo aos consagrados
princípios da administração pública. Enquanto os parlamentos continuarem sendo
compostos por homens públicos com a formação visando ao exclusivo propósito de
trabalhar em função da defesa de causas próprias, sem qualquer compromisso com
os interesses da sociedade e do país, não há a mínima condição para que esta nação
seja capaz de alcançar níveis de credibilidade e muito menos da possibilidade
de haver limpeza ética, porque as instituições públicas estão contaminadas com
o perverso vírus da desmoralização. Elas vêm agonizando de longa data, diante
da clara rejeição aos preceitos do decoro, escrúpulo e pudor, que deveriam
servir de norte para as ações dos homens públicos, mas, ao contrário disso, os reiterados
espetáculos de indignidade protagonizados pelos políticos estão se tornando
sofisticados e ainda mais agressivos contra o erário, a exemplo do caso em
epígrafe. O episódio em foco é o retrato fiel da personalidade dos políticos,
que, com rara exceção, representam com indignidade o povo brasileiro, mas, apesar
da traição aos princípios da decência e honestidade, são mantidos na vida
pública, graças à cultura retrógrada da sociedade, que não revide à perfídia. É
evidente que os poucos políticos com viés de sensibilidade à honestidade e amor
à pátria resiste, a princípio, às falcatruas e sujeiras da politicagem, mas
terminam aderindo ao nefasto e poderoso corporativismo institucionalizado. Em
se tratando de ente da federação com população altamente carente dos serviços
públicos, ante a visível precariedade despontada nas áreas de competência do
Estado, onde falta tudo e a deficiência é generalizada, em decorrência da
escassez de recursos, é absolutamente injustificável que os parlamentares aumentem
seus vencimentos. Urge que os parlamentares do Maranhão tenham a sensibilidade e
dignidade de entender que os aumentos em apreço são absolutamente incompatíveis
com a realidade do Estado e principalmente por elas não corresponderem à produção
em benefício da população, que tem a obrigação de se indignar contra os sanguessugas
dos cofres públicos e de revidá-los no momento das eleições. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de maio de 2013
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