sábado, 4 de maio de 2013

Fim aos sanguessugas do erário

A Assembleia Legislativa do Maranhão aprovou aumento de valores referentes a benefícios concedidos aos deputados daquele Estado, significando a incorporação anual para cada deputado do montante de R$ 41 mil. A medida visa simplesmente compensar a extinção dos 14º e 15º salários, que teria sido adotada como contenção de gastos, o equivalente a aproximadamente R$ 42 mil por ano que o corte causaria nos contracheques de cada deputado. Os aumentos incidiram sobre o auxílio-moradia - mesmo para os deputados que têm base eleitoral e moram em São Luís -, a "Verba Indenizatória de Exercício Parlamentar” e a Verba Indenizatória de Ajuda de Gabinete. Um deputado defendeu a medida, ao achar justo o pagamento dos novos valores e que "Não é ilegal e enquanto a lei permitir, não abrirei mão desse direito". Esse mesmo parlamentar disse que seus vencimentos como deputado não cobririam os gastos para a manutenção dos imóveis que possui. Houve quem se posicionasse contrário aos aumentos em apreço, por achá-los inoportunos e não haver justificativa nem fundamento legal para a sua concessão. É patente o descaramento do político que alega receber remuneração para custear a manutenção de seus imóveis. Isso demonstra o péssimo grau da mentalidade do político não somente maranhense, mas, de resto, brasileiro, que padece do mesmo nível cultural retrógrado e nefasto de entrar na vida pública para resolver as questões de ordem pessoal, de forma espúria, indecente e injustificável, em total menosprezo aos consagrados princípios da administração pública. Enquanto os parlamentos continuarem sendo compostos por homens públicos com a formação visando ao exclusivo propósito de trabalhar em função da defesa de causas próprias, sem qualquer compromisso com os interesses da sociedade e do país, não há a mínima condição para que esta nação seja capaz de alcançar níveis de credibilidade e muito menos da possibilidade de haver limpeza ética, porque as instituições públicas estão contaminadas com o perverso vírus da desmoralização. Elas vêm agonizando de longa data, diante da clara rejeição aos preceitos do decoro, escrúpulo e pudor, que deveriam servir de norte para as ações dos homens públicos, mas, ao contrário disso, os reiterados espetáculos de indignidade protagonizados pelos políticos estão se tornando sofisticados e ainda mais agressivos contra o erário, a exemplo do caso em epígrafe. O episódio em foco é o retrato fiel da personalidade dos políticos, que, com rara exceção, representam com indignidade o povo brasileiro, mas, apesar da traição aos princípios da decência e honestidade, são mantidos na vida pública, graças à cultura retrógrada da sociedade, que não revide à perfídia. É evidente que os poucos políticos com viés de sensibilidade à honestidade e amor à pátria resiste, a princípio, às falcatruas e sujeiras da politicagem, mas terminam aderindo ao nefasto e poderoso corporativismo institucionalizado. Em se tratando de ente da federação com população altamente carente dos serviços públicos, ante a visível precariedade despontada nas áreas de competência do Estado, onde falta tudo e a deficiência é generalizada, em decorrência da escassez de recursos, é absolutamente injustificável que os parlamentares aumentem seus vencimentos. Urge que os parlamentares do Maranhão tenham a sensibilidade e dignidade de entender que os aumentos em apreço são absolutamente incompatíveis com a realidade do Estado e principalmente por elas não corresponderem à produção em benefício da população, que tem a obrigação de se indignar contra os sanguessugas dos cofres públicos e de revidá-los no momento das eleições. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 03 de maio de 2013

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