terça-feira, 28 de maio de 2013

Promiscuidade com recursos públicos

Da Etiópia, onde esteve participando dos 50 anos da União Africana, a presidente da República anunciou a anulação de US$ 900 milhões em dívidas de países africanos. Ao total, são 12 países que terão suas dívidas perdoadas, sendo que os principais beneficiados são a República do Congo, com uma dívida cancelada de US$ 352 milhões, e a Tanzânia, com US$ 237 milhões. Para justificar tamanha generosidade com recursos dos bestas dos brasileiros foi dito, pasmem, que “Manter relações especiais com a África é estratégico para a política externa brasileira". Na ocasião, também foi justificada a viagem da turística presidente brasileira, assim: "Eu acho uma deferência o Brasil ter sido convidado para falar em nome da nossa região nesse Jubileu de Ouro. E eu acho que reflete o fato e o reconhecimento da importância que o Brasil atribui à África. Eu estive há pouco com o presidente Hailemariam Desalegn e isso fica claro também nas relações bilaterais entre o Brasil e a Etiópia". Em ambos os casos, fica nítida a manifestação de incompetência da mandatária brasileira, com a inevitável demonstração de desperdício de verbas públicas, em virtude da absoluta falta de responsabilidade na gestão dos negócios dos brasileiros. A uma, ao perdoar dívidas de montantes significativos por conta própria, como se o dinheiro tivesse saído do seu bolso, sem motivo plausível que o justifique, quando há muitas carências nas populações necessitadas, que ficam à míngua, passando as maiores privações nas suas condições de vida, exatamente por falta de recursos. A duas, ao viajar frequentemente para o exterior, com numerosa comitiva, como nesse caso, para participar, acreditem, de mero aniversário da Liga Africana, pode? Enquanto a presidente da República fica fazendo benesses com chapéu alheio, ou seja, com recursos dos otários dos contribuintes, perdoando dívidas de países muitos dos quais comandados por ditadores, déspotas, corruptos, que desrespeitam os direitos humanos e menosprezam os princípios democráticos, aqui no país tupiniquim são visíveis os problemas, a exemplo dos esgotos que correm nas ruas, a céu aberto, contribuindo para contaminar e adoecer as comunidades das periferias; as estradas são sucateadas e detonadas, facilitadoras aos múltiplos acidentes de veículos, resultando em enormes perdas de preciosas vidas e invalidez de pessoas, que ficam improdutivas; os hospitais pedem socorro, mas permanecem padecendo na precariedade pela absoluta falta de recursos materiais e pessoais, permitindo que os doentes não sejam atendidos e fiquem apenas acomodados nos corredores, correndo risco de contaminação e morte prematura; a violência nas metrópoles cresce assustadoramente, por falta de combate à criminalidade, que domina placidamente até mesmo nos centros das grandes cidades; entre tantas deficiências que certamente poderiam ser amenizadas com o advento dos recursos pertinentes à anulação em referência. Compete aos órgãos de fiscalização e controle, em especial o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público avaliarem a legitimidade e razoabilidade da anunciada anulação da dívida, envolvendo recursos dos bestas dos brasileiros, tendo em conta a necessidade de se promover, se for o caso, a devida medida de responsabilização daqueles que deram causa ao inexplicável e injustificável perdão da dívida em causa, com vistas a se evitar que casos semelhantes a esse se repitam, por constituir visível prejuízo aos interesses dos brasileiros, que ficam privados de serviços que seriam feitos com aquelas verbas. A sociedade repudia a forma leviana e irresponsável como os recursos públicos estão sendo administrados e exigem que os órgãos de fiscalização e controle, além da oposição ao governo, promovam as devidas apurações sobre a forma promíscua como os créditos referentes aos empréstimos a países estão sendo perdoados, ante a realidade de carência do povo brasileiro, para fins, se for o caso, de responsabilizar os culpados pelos prejuízos causados ao interesse do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 27 de maio de 2013

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