Depois da negativa do
registro da sua Rede Sustentabilidade, passando por longas negociações com
aliados e diversos partidos políticos, a ex-senadora pelo Acre resolveu se
filiar ao PSB, num lance político que desnorteou os rumos da próxima eleição
presidencial. De forma surpreendente, um dos planos acertados consta lançá-la
ao cargo de vice na chapa presidencial que será encabeçada pelo governador de
Pernambuco, no próximo ano, contrariando a lógica de que o cabeça de chapa
deveria ser o pré-candidato com maior preferência do eleitorado, como é o caso
dela, que desponta agora com 16% de preferência contra 6% dele. A explicação
para a ida da ex-senadora para o PSB foi a negativa da criação do seu partido,
obrigando-a a decidir na última hora a sua filiação, sem ter opção de impor seu
cacife político conquistado na última eleição e até mesmo sua superioridade
sobre os demais pré-candidatos já lançados, em termos de preferência do
eleitorado. No caso das negociações com os demais partidos, a ex-senadora
exigia tanto o controle do processo referente à sua candidatura presidencial
como a imposição do seu ideário programático, não foram aceitos. Como cabeça de
chapa, ele realmente tem importante força político-eleitoral, conquistada no
último pleito, tendo por base sua coerência ideológica, capacidade de
aglutinação e principalmente a simplicidade como vem liderando sua nova
legenda, mas essa possibilidade de transferir votos para outro candidato não
parece assim tão viável, principalmente em se tratando, no caso do socialista, de
pessoa que controla com rédea curta o comando do seu partido. Não há dúvida de
que a ex-senadora demonstrou infantilidade e ingenuidade políticas, por ter
sido levada a imaginar que a sua filiação ao PSB teria chance de serem
implantados facilmente seus ideários programáticos, quando seu novo partido já
tem consolidado seus projetos políticos, que não serão modificados nos seus
propósitos. O patrimônio político
adquirido pela ex-senadora daria a impressão ao seu eleitorado de que ela seria
levada a se conscientizar sobre a conquista de personalidade política própria,
capaz de assegurar autonomia e independência políticas não desperdiçadas com
tanta banalidade, como ocorreu com a sua filiação do PSB, fato que evidencia que
ela menospreza milhões de votos conquistados na última eleição, porque o seu
pensamento e as suas ideias sobre a governabilidade do país serão completamente
aniquilados pelos propósitos do governador de Pernambuco. Ele, como socialista
experimentado e traquejado nos meandros da politicagem, certamente não irá
abrir espaço para ela aparecer e disseminar suas ideias no partido dele. No
caso, ela vai ser obrigada a ler na cartilha do novo partido e se submeter aos
caprichos do socialista pernambucano, que tem projeto político próprio de
chegar ao Palácio do Planalto, custe o que custar. Com certeza, pessoas que já
votaram nela não concordam com essa esdrúxula e estranha coligação, que tem o
condão de transfigurar o seu perfil de independência e autonomia políticas, motivando
incerteza quanto ao voto nela e no seu cabeça de chapa. Acredita-se que a
solução adotada pela ex-senadora terá repercussão muito mais negativa e desastrosa
se ela tivesse se filiado a outro partido, em condições de se candidatar no
cargo de presidente da República, porque teriam sido mantidos incólumes seus
ideários e suas filosofias políticas pelas quais alcançou posição de destaque
no cenário político nacional. Não há dúvida de que, em tão pouco espaço de
tempo, a ex-senadora foi alvo de duas tragédias políticas. A uma, pela negativa
do registro do seu partido e, a duas, por essa desastrada filiação, que não
corresponde por certo às expectativas dos seus admiradores. No fundo, a
decisão em comento causa enorme surpresa no mundo político, tendo em conta, em
especial, que o programa do PSB não condiz com o discurso ideológico projetado
pela Rede Sustentabilidade, com viés voltado para princípios de proteção e
preservação do meio ambiente como forma de construção do desenvolvimento social
e econômico. O Brasil já passou do ponto de mudar essa mentalidade de retrocesso
político, em que a pequenez dos dirigentes do país tem projeto apenas para a
perpetuação no poder, pelo que fazem as piores negociatas em troca de apoio
político. Veja-se o inchamento dos órgãos públicos e empresas estatais com o
exclusivo propósito de sustentar as indecentes e vergonhosas coalizões. O
Estado e o sistema político precisam ser reformados com urgência nas suas
estruturas, de modo que o cerne das preocupações políticas seja exclusivamente
a nação, com embargo dos interesses políticos pessoais e partidários, que não
condizem com os princípios democráticos. Não obstante, como o tempo é o senhor da razão, a sociedade almeja que a
ex-senadora consiga encontrar paz quanto aos seus objetivos políticos e possa trabalhar
positivamente em benefício do povo brasileiro. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de outubro de 2013
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