quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A deprimente politicagem

A ex-senadora da Rede Sustentabilidade, diante da repercussão causada pela sua filiação ao PSB, disse que não quer "destruir" a presidente da República, mas ajudar a "construir o país". Ela fez essa afirmação para explicar o significado de um colar com pingente em forma de flecha com três pontas, feito por ela. Em sua opinião, o adereço resume a postura que pretende adotar a um ano da eleição presidencial, no sentido de que "Quando você a (flecha) estende para outra pessoa, duas pontas estão apontadas para você. O combate não é só com o que está fora, é com o que está dentro. Neste momento ela é muito simbólica para mim, porque para além dos desafios da política brasileira, do que a gente critica nos outros, é preciso que eu e o Eduardo nos voltemos para aquilo que são os nossos problemas e que nós devemos combater. Existem coisas que a gente não consegue controlar nos outros, mas na gente a gente controla. Eu não sei o que meus oponentes vão fazer comigo, vão dizer de mim, mas eu sei o que eu quero fazer. Eu não quero destruir a Dilma, nem o Aécio, nem ninguém. Eu quero ajudar a construir o Brasil. Na entrevista, a ex-senadora foi bastante enfática, ao sentenciar: "Não consigo imaginar que a presidente Dilma possa se sentir tranquila em mais quatro anos sendo chantageada dentro do Congresso. O meu movimento e o de Eduardo já criou um grupo que está pressionando a presidente, dizendo que se não tiver mais acenos eles podem sair da base. Eu acho isso um horror. Isso tem que acabar.". A afirmação da ex-senadora de que quer ajudar a construir o Brasil, pelo visto, significa o que ela sabe exatamente o que deve ser feito para consertar as monstruosidades e as deformações estruturais mediante as quais o país foi submetido ao atraso e ao subdesenvolvimento, em especial no que diz respeito ao sempre nebuloso relacionamento entre o Executivo e o Legislativo, onde não é novidade de que existe explícito esquema de espúria chantagem parlamentar, segundo a qual não são aprovadas matérias de interesse do governo enquanto não forem asseguradas as liberações das vexaminosas emendas parlamentares, com destinação de recursos para os fins indicados pelos parlamentares, normalmente seus currais eleitorais, em evidente manobra de pura deslealdade e de indignidade por parte do Parlamento, por haver utilização de cargos eletivos para manter a presidente da República refém do Congresso. Não há dúvida de que seria bastante salutar se os homens públicos tivessem reais condições de enxergar, com nitidez, as mazelas e as indecências que grassam na política e de tirar proveito pra valer da forma irresponsável e incompetente como o país vem sendo administrado, de modo que as lições e a aprendizagem pudessem contribuir positivamente para serem extirpadas, em definitivo, as práticas inescrupulosas e deprimentes das politicagens imperantes na gestão do país, onde a administração pública tem servido de permanente processo de atos escusos, em verdadeiro balcão de negociata que prevalece, sem o menor escrúpulo, o vergonhoso esquema denominado toma lá, dá cá, formalizado às claras por meio do loteamento dos órgãos, das entidades e das empresas públicas entre os partidos da coalizão, com a indecente finalidade de assegurar apoio à ridícula governabilidade, que não passa de esdrúxulo projeto de perenidade no poder, com o irregular e indecente envolvimento de recursos públicos. A sociedade anseia por que os homens públicos possam realmente vislumbrar alguma forma eficiente de o Brasil ser administrado com competência, dignidade e compromisso com o interesse público, observados os princípios da administração pública, em especial, a ética, a moralidade, o decoro, a efetividade, a eficiência, a transparência e a legalidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 15 de outubro de 2013

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