O fornecimento de
alimentos para a residência oficial do presidente do Senado Federal foi
interrompido em virtude da suspensão de licitação no valor de R$ 98 mil, para a
aquisição de gêneros alimentícios e gêneros diversos. O mencionado político
afirmou que "não procede" a informação de que faltam alimentos na sua
residência. Embora a assessoria dele tivesse informado à imprensa que, em razão
da interrupção do certame, a despensa da residência oficial do Senado estava
vazia há uma semana. De consequência, nos últimos dias, o parlamentar tem feito
refeições fora de casa, devido à falta de alimentos na sua residência. A
licitação foi suspensa após a constatação de graves irregularidades
relacionadas com superfaturamento e exageradas quantidades de produtos. A
título de exemplo, veja-se que o documento licitatório previa prazo de validade
do contrato de seis meses, para o fornecimento de produtos como cem quilos de
filé mignon, com valor estimado em R$ 40,50 o quilo, 25 quilos de camarões
vermelhos grandes, com preço estimado em R$ 110,63 o quilo, e 180 quilos de
frango congelado, com estimativa de custo de R$ 16,86 o quilo, entre outros
absurdos. Nem precisa ser especialista em preços de gêneros alimentícios para
perceber que esses preços estão superaquecidos para os padrões terráqueos,
muito superiores a 50% dos praticados na praça, o que demonstra verdadeiro
escárnio à dignidade do contribuinte, que apenas tem o direito de estrebuchar
contra mais essa perversidade e imoralidade com recursos públicos. Os elevadíssimos
gastos com a injustificável mordomia da casa do presidente do Senado contrastam
com o seu anúncio de corte de despesas e mais transparência naquela Casa, com o
propósito de amainar a fúria da sociedade, que se posicionou contra a sua
assunção à Presidência do Senado. Na verdade, as promessas de políticos são
rigorosamente seguidas, desde que não prejudiquem os interesses pessoais, a exemplo
do caso em comento, que demonstra total falta de zelo com a coisa pública, uma
vez que os preços dos produtos extrapolam o princípio de austeridade que deve
imperar na despesa pública. A propósito, impende frisar que, bem recente, o
jornal “O Globo” denunciou que o Senado comprou dois guardanapos no valor de R$
420 cada e um freezer por quase R$ 78 mil para equipar restaurante da Casa. A
assessoria do Senado confirmou a compra de 24 guardanapos de linho e 3 toalhas
de mesa pelo valor total de R$ 2.085,00. Pode-se perceber que a despesa
pública, em especial no que diz respeito às mordomias, aos privilégios e às
regalias das autoridades públicas são postas a salvo de limitações e do
rigoroso crivo da economicidade e da parcimônia que o administrador público tem
o dever constitucional de observar. O fato é que nem mesmo os órgãos de
controle e fiscalização são capazes de apontar as distorções e os exageros
quanto ao desperdício e aos abusos que ocorrem em nome da legalidade com os
elevadíssimos custos para a manutenção das autoridades públicas, que ainda têm
o absurdo e o injustificável direito de usar o famigerado Cartão Corporativo,
mediante o qual o besta do contribuinte paga todo tipo de despesa, inclusive os
gastos realizados por esposas e familiares de governantes. Urge que a sociedade
repudie com veemência os gastos absolutamente injustificáveis com a manutenção
das indecentes mordomias garantidas às autoridades da República, por serem
servidores públicos bem remunerados, em tranquilas condições financeiras que
não deveriam, ante aos salutares princípios constitucionais do bom senso, da
honestidade, da moralidade, da isonomia, do decoro e da legalidade, se
beneficiar dessa situação, haja vista que ela não se compatibiliza com a
realidade de penúria da expressiva maioria dos brasileiros, fato a recomendar
que os homens públicos tenham a dignidade de zelar pela coisa pública, com o
esforço de desempenhar os cargos públicos eletivos sob o primado da economia
dos recursos públicos, principalmente com recusa aos abomináveis privilégios.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de outubro de 2013
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