sábado, 19 de outubro de 2013

Por que controlar a internet?

Ex-ministro das Comunicações e deputado federal pelo PROS-RJ declarou-se contrário à aprovação do chamado Marco Civil da Internet, cujo texto é relatado por petista na Câmara dos Deputados.  Ele entende que ”A internet não depende de governo para funcionar. Outra coisa, chamar de Marco Civil algo que tem um projeto governamental é debochar um pouco também”. Em sua opinião, “Não precisa de nenhuma lei para melhorar a internet. A lei só vai restringir. Governos querem controlar a internet”. Trata-se, sem dúvida, de intenção pioneira de ser criada legislação específica como primeiro passo sobre o funcionamento da internet, para, logo em seguida, ser implantado verdadeiro controle governamental sobre ela, tendo como justificativa ajuda à proteção da privacidade dos brasileiros na rede mundial. Essa situação vem à lume o fato de que, incomodados com as imprescindíveis atividades desempenhadas pela imprensa, pela mídia e pelo povo, que utilizam a internet, vários países da América do Sul resolveram controlá-las, mediante a aprovação de regulamentações específicas, a exemplo do que fez, recentemente, o Equador, que criou a Lei da Mordaça, submetendo a liberdade de imprensa e de expressão às rédeas do controle governamental. A tentativa tupiniquim de regular, sob a forma de marco civil, nada mais é do que a colocação do inadmissível dedo do governo sobre atividades privadas, que há pouco tempo atrás isso se denominava ditadura, que não combinava com a liberdade de expressão pela imprensa e sociedade. À toda evidência, o controle da mídia, incluída a internet, demonstra postura retrógrada, que não combina com os novos tempos de liberdade e responsabilidade, como convém às nações desenvolvidas. Não se justifica que os Estados Unidos da América espionem quem quer que seja e que isso sirva de pretexto para a introdução de ferrolho nas atividades internas da internet. Convém, isto sim, a adoção de medidas capazes apenas de impedir que os bisbilhoteiros possam acessar as informações produzidas no país, como resposta inteligente de mostrar capacidade para gerenciar de forma eficiente o sigilo de suas comunicações, permitindo que as atividades da internet sejam desempenhadas livremente, em harmonia com os consagrados princípios democráticos, que abominam terminantemente qualquer forma de controle. No Estado Democrático de Direito, quando se imagina a possibilidade de regular algo do domínio público tem-se a ideia de que haverá monitoramento e, enfim, controle, sempre prejudiciais aos interesses da sociedade, que não pode ser tolhida no seu direito constitucional de se expressar livremente também na internet. Nada justifica a necessidade de regulamentação sobre as atividades da internet senão como forma de controle pelo governo, que deveria se preocupar exclusivamente com suas atividades, principalmente quanto à forma segura de evitar que os países estrangeiros se imiscuam nas suas comunicações, a exemplo da humilhante espionagem realizada pelos Estados Unidos da América, que foram capazes de vasculhar tranquilamente as entranhas da administração pública e de autoridades brasileiras, sem que o governo tupiniquim desconfiasse que estivesse sendo bisbilhotado e muito menos quais os objetivos dessas espionagens, que somente foram reveladas em virtude da dissidência de ex-funcionário da agência americana de informação. Em consonância com as conquistas da humanidade e em prestígio à saudável liberdade de expressão, os países desenvolvidos e avançados não controlam e muito menos regulam as atividades concernentes à internet. Na verdade, essa forma esdrúxula de se imiscuir nas comunicações privadas, especificamente as atividades da internet, é comum nos países que sequer têm competência para controlar as suas próprias comunicações, que pouco investem na tecnologia de ponta, como forma de preservar o sigilo do governo, das autoridades públicas e da sociedade. Essa forma nada inteligente de regular as atividades da internet demonstra sobretudo que as matérias que interessam ao desenvolvimento do país ficam em planos secundários, quando, ao contrário, deveriam ser prioritárias, em termos de análise e aprovação. A sociedade anseia por que as atividades concernentes à internet sejam modernizadas, aperfeiçoadas, ampliadas, popularizadas e jamais regulamentadas, por suscitar mecanismo indesejável à plena liberdade de expressão. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de outubro de 2013

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