quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A Rede Sustentabilidade não se sustenta

Um ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou que está "um pouco difícil" a aprovação do registro do partido Rede Sustentabilidade, pelo qual a pré-candidata em segundo lugar na preferência nacional pretende disputar as eleições à Presidência da República, no próximo ano. O ministro disse que “... Devemos considerar que não estamos a julgar no campo jurisdicional. Nós estamos a constatar dados concretos para decidir administrativamente. Ou seja, se houve percalços nos cartórios, evidentemente, nós não poderemos considerar esses percalços" e "A ex-senadora forma no melhor quadro da República em termos de apego a princípios, em termos de ética, mas, em direito, o meio justifica o fim e não o fim ao meio. Não podemos estabelecer, considerados esses aspectos ligados à personalidade de quem capitaneia o futuro partido, o critério de plantão. O critério é linear para todos.". O TSE deve definir hoje se o partido será registrado para participar das eleições de 2014 ou se será obrigado a juntar novas assinaturas de apoio à sua criação. Por enquanto, o Ministério Público Eleitoral se manifestou em contrário à criação do partido, por considerar que são validados 442 mil assinaturas de apoio, mas a exigência legal estipula em 492 mil. A pré-candidata insiste que o TSE reconheça a validade de mais 95 mil assinaturas, que foram inexplicavelmente rejeitadas pelos cartórios, o que ultrapassaria o apoio mínimo exigido. Se o processo for baixado em diligência, para novas assinaturas, não haverá mais condições de a Rede participar da próxima eleição, porquanto o partido precisa estar registrado um ano antes do pleito, ou seja, até depois de amanhã. Embora a situação se apresente delicada, por depender da compreensão dos doutos ministros do TSE, há alguma esperança caso o exame da matéria leve em conta os argumentos oferecidos no sentido de que teria havido aqui e acolá abusos na rejeição de algumas assinaturas. Seria interessante que a Justiça Eleitoral analisasse a questão sob a ótica da racionalidade e do sentimento de brasilidade, à vista de haver muito mais de 700 mil assinaturas, apenas algumas apresentaram falhas formais que não podem invalidar todo sacrifício para a geração de um partido que pode contribuir verdadeiramente para a melhoria da mentalidade das atividades políticas, em termos de seriedade de respeito aos princípios democráticos. É pena que pessoa pública que tem ficha limpa correr o risco de não conseguir concretizar seu maior sonho de se candidatar no seu partido, criado segundo as suas feições de servir ao interesse público, diferentemente das demais agremiações, que normalmente são registradas para se beneficiar das benesses do poder, em forma do fisiologismo com a ocupação de cargos públicos, das cotas do fundo partidário e de alguns minutos do horário eleitoral, para barganhar posições no cenário nacional. As pessoas de bem, com certeza, vão ficar tristes com a negativa do registro da Rede Sustentabilidade, por falta de sensibilidade do TSE. Este é o país dos absurdos contrastes, em que os casos de corrupção, depois do arranjo e da admissibilidade do jeitinho brasileiro, são passíveis de novo julgamento e os corruptos podem ser absolvidos, enquanto talvez o único partido com feições de seriedade e bons propósitos, surgido nos últimos tempos, não mereça registro, diante do infrutífero rigorismo, em que pese o levantamento de mais de 700 mil assinaturas com bastante empenho e extremo esforço, para depois, em cima do prazo, não haver alternativa senão voltar às ruas em busca de novos e dispensáveis formalismos que não servem absolutamente para coisa nenhuma. Num país sério, basta que o partido prometa cumprir seu ideário programático, sob pena de perder seu registro se não cumpri-lo conforme prometido à Justiça Eleitoral. De nada adianta cumprir o rigorismo para registro do partido se o seu idealismo estatutário, na prática, não é observado. A sociedade anseia por que haja partidos com finalidades ideológicas fundamentadas na seriedade, honestidade e sobretudo fiel observância dos princípios institucionais, inspirados nos pilares democráticos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 03 de outubro de 2013

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