domingo, 13 de outubro de 2013

Intromissão indesejada

A presidente da República se reuniu, por quatro horas, com o seu antecessor, o ministro da Educação, os membros do PT, incluído seu presidente, o seu núcleo de marketing, o marqueteiro responsável pela campanha presidencial em 2010 e que atualmente dirige seus vídeos institucionais, o ex-ministro de Comunicação Social do governo anterior, e o chefe de gabinete dela, para discutir política internacional, políticas de governo e o cenário das eleições de 2014. Foi a primeira reunião de alto nível ocorrida no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidente, após o anúncio da aliança entre a ex-senadora da Rede Sustentabilidade e o presidente do PSB. Na verdade, o encontro discorreu basicamente sobre os rumos que estão sendo delineadas as próximas eleições, tendo o ministro da Educação, em resposta a questionamento sobre a aludida aliança, declarado que isso “faz parte do processo” e “Sinceramente, estamos menos preocupados em como é o quadro dos outros concorrentes,... O foco principal para quem governa é a qualidade do governo. É nisso que estará nossa vitória. A gente tem que olhar para a qualidade do governo. É nisso que o governo está focado, é nisso que estamos trabalhando e essa é a prioridade da presidenta. Por isso que ela é só beijos”. O ministro ainda afirmou que a vitória da presidente na próxima eleição "dependerá mais da qualidade do governo do que das articulações dos adversários.". Nem uma coisa nem outro faz sentido, porque é mais do que notório de que, se qualidade do governo ganhasse eleição neste país, seriam realizadas sucessivas eleições e não se elegeria ninguém, ante a explícita falta de qualidade dos homens públicos e dos governantes, que estão muito mais preocupados em discutir, a um ano do pleito, o cenário e as estratégias sobre as eleições de 2014, quando as precariedades, de naturezas diversas, invadem o país e muito pouco é feito para saná-las. A reeleição da presidente da República está mais condicionada à qualidade cultural do povo de discernir o que realmente o governo faz ou o que deveria realizar para o melhoramento da nação. Se dependesse da qualidade do governo, certamente que a presidente jamais seria reeleita, pois a sua administração já está na escala descendente e nada foi feito em benefício da nação. É lamentável que o governo não tenha capacidade de reformular as estruturas arcaicas do Estado nem consiga priorizar qualquer política pública, para mostrar a sua qualidade de administrar o país. Enquanto a presidente da República se reúne com seu staff e suas "cabeças" pensantes, em pleno expediente e fazendo uso de bens e recursos públicos, com clara finalidade para tratar de assuntos relacionados à sua reeleição, antecipando ao período permitido, em cristalina contrariedade à legislação de regência, as graves questões do país são ignoradas e empurradas com a barriga, em prejuízo para o interesse público. Num país evoluído e desenvolvido essas manobras estranhas e ilegais não são somente censuradas, mas servem de motivo para responsabilização e penalização daqueles que tratam prioritariamente suas causas, em demonstração de desprezo aos interesses da sociedade e do país, porquanto assuntos sobre eleições são tratados na época própria, na forma legal. Agora, é muito estranho que nada acontece nesse governo que não tenha a participação, a orientação e o aval do ex-presidente da República, que, para o infortúnio do povo brasileiro, apenas se afastou fisicamente dos palácios presidenciais, mas permanece espiritual e com o mesmo poder de antes, como se nada tivesse acontecido, deixando a sensação de que nada é decidido na Presidência sem a sua chancela, dando a entender que a eleição presidencial foi de fachada e a titular do cargo demonstra insegurança para assumir a responsabilidade de administrar o país sem a ingerência do “todo-poderoso”, que ainda se acha, sem legitimidade, na obrigação de se imiscuir nos destinos dos brasileiros. A sociedade repudia a efetiva participação do ex-presidente da República na administração do país, por causar sentimento de incapacidade gerencial e insegurança da titular oficial na condução dos negócios da nação, e concita que o mandatário do país seja cônscio de suas responsabilidades constitucionais, não permitindo que pessoas estranhas à sua gestão fiquem comandando as ações de Estado. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de outubro de 2013

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