A presidente da
República se reuniu, por quatro horas, com o seu antecessor, o ministro da
Educação, os membros do PT, incluído seu presidente, o seu núcleo de marketing,
o marqueteiro responsável pela campanha presidencial em 2010 e que atualmente
dirige seus vídeos institucionais, o ex-ministro de Comunicação Social do
governo anterior, e o chefe de gabinete dela, para discutir política
internacional, políticas de governo e o cenário das eleições de 2014. Foi a
primeira reunião de alto nível ocorrida no Palácio da Alvorada, residência
oficial da presidente, após o anúncio da aliança entre a ex-senadora da Rede
Sustentabilidade e o presidente do PSB. Na verdade, o encontro discorreu basicamente
sobre os rumos que estão sendo delineadas as próximas eleições, tendo o
ministro da Educação, em resposta a questionamento sobre a aludida aliança, declarado
que isso “faz parte do processo” e “Sinceramente, estamos menos preocupados em
como é o quadro dos outros concorrentes,... O foco principal para quem governa
é a qualidade do governo. É nisso que estará nossa vitória. A gente tem que olhar para a qualidade do
governo. É nisso que o governo está focado, é nisso que estamos trabalhando e
essa é a prioridade da presidenta. Por isso que ela é só beijos”. O ministro ainda afirmou que a vitória da
presidente na próxima eleição "dependerá
mais da qualidade do governo do que das articulações dos adversários.".
Nem uma coisa nem outro faz sentido, porque é mais do que notório de que, se
qualidade do governo ganhasse eleição neste país, seriam realizadas sucessivas
eleições e não se elegeria ninguém, ante a explícita falta de qualidade dos homens
públicos e dos governantes, que estão muito mais preocupados em discutir, a um
ano do pleito, o cenário e as estratégias sobre as eleições de 2014, quando as
precariedades, de naturezas diversas, invadem o país e muito pouco é feito para
saná-las. A reeleição da presidente da República está mais condicionada à
qualidade cultural do povo de discernir o que realmente o governo faz ou o que
deveria realizar para o melhoramento da nação. Se dependesse da qualidade do
governo, certamente que a presidente jamais seria reeleita, pois a sua
administração já está na escala descendente e nada foi feito em benefício da
nação. É lamentável que o governo não tenha capacidade de reformular as
estruturas arcaicas do Estado nem consiga priorizar qualquer política pública,
para mostrar a sua qualidade de administrar o país. Enquanto a presidente da
República se reúne com seu staff e
suas "cabeças" pensantes, em pleno expediente e fazendo uso de bens e
recursos públicos, com clara finalidade para tratar de assuntos relacionados à
sua reeleição, antecipando ao período permitido, em cristalina contrariedade à
legislação de regência, as graves questões do país são ignoradas e empurradas
com a barriga, em prejuízo para o interesse público. Num país evoluído e
desenvolvido essas manobras estranhas e ilegais não são somente censuradas, mas
servem de motivo para responsabilização e penalização daqueles que tratam prioritariamente
suas causas, em demonstração de desprezo aos interesses da sociedade e do país,
porquanto assuntos sobre eleições são tratados na época própria, na forma legal.
Agora, é muito estranho que nada acontece nesse governo que não tenha a
participação, a orientação e o aval do ex-presidente da República, que, para o
infortúnio do povo brasileiro, apenas se afastou fisicamente dos palácios
presidenciais, mas permanece espiritual e com o mesmo poder de antes, como se nada
tivesse acontecido, deixando a sensação de que nada é decidido na Presidência sem
a sua chancela, dando a entender que a eleição presidencial foi de fachada e a
titular do cargo demonstra insegurança para assumir a responsabilidade de
administrar o país sem a ingerência do “todo-poderoso”, que ainda se acha, sem
legitimidade, na obrigação de se imiscuir nos destinos dos brasileiros. A sociedade
repudia a efetiva participação do ex-presidente da República na administração do
país, por causar sentimento de incapacidade gerencial e insegurança da titular
oficial na condução dos negócios da nação, e concita que o mandatário do país
seja cônscio de suas responsabilidades constitucionais, não permitindo que pessoas
estranhas à sua gestão fiquem comandando as ações de Estado. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de outubro de 2013
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