terça-feira, 1 de outubro de 2013

Vale um crédito de confiança?

Por enquanto, o hercúleo esforço demonstrado pelos responsáveis para a criação da Rede de Sustentabilidade ainda não conseguiu convencer os doutos julgadores do Tribunal Superior Eleitoral, quanto ao atendimento dos requisitos exigidos pela legislação aplicável à espécie. Há ainda questões a serem resolvidas com relação à validade de centenas de assinaturas, muitas das quais faltando a complementação de informações para a confirmação da sua aceitação pelo órgão máxima da Justiça Eleitoral. No momento, o vice-procurador-geral eleitoral se debate no seu parecer para dizer se concorda ou não com a concessão de registro para a aprovação do aludido partido. Como se sabe, o novo partido poderá dar sustentação à candidatura da principal adversária, até o momento, da mandatária do país, na disputa da eleição presidencial do próximo ano. A situação pertinente ao registro se complicou, nos últimos dias, diante da exigência de diligências saneadoras pertinentes às assinaturas, que são exigidas aos menos 492 mil validadas por cartórios eleitorais, embora os organizadores garantam que foi coletada quantidade superior a 900 mil assinaturas, das quais 220 mil já foram descartadas na origem, antes da remessa do pedido ter sido entregue ao órgão competente. No entanto, os analistas do TSE estão trabalhando com somente 455 mil assinaturas certificadas até a semana passada, mas a parte interessada insiste no reconhecimento de outras 95 mil assinaturas que foram rejeitadas sem motivo justificável pelos cartórios. No meio dessa confusão, a Secretaria Judiciária do tribunal disse ter concluído nova contagem de assinaturas de apoio ao partido, mas esse resultado não foi divulgado, deixando motivos de expectativa. Enquanto isso acontece, o prazo máximo para obter registro, a tempo de participar do próximo pleito, vence no próximo dia 5, mas o TSE garante que a análise do caso será depois de amanhã, dia 3. O certo é que não há a mínima garantia de que o partido seja criado, ante a existência de opiniões contraditórias e cheias de incertezas, porquanto alguém diz não saber quantas assinaturas exatamente estão confirmadas, mas vem outro órgão para informar número diferente, contribuindo para aumentar a dúvida sobre a realidade dos fatos e deixar atônita a parte interessada. No contexto político da atualidade brasileira, há compreensível insatisfação com a superabundância de partidos políticos, ante o apodrecimento despontado nas suas atividades, normalmente representadas por ideias antagônicas às da sua fundação, desde a incorporação do arraigado fisiologismo doentio e desmoralizador que interage de forma inescrupulosa nas suas entranhas até a busca de benesses que não condizem com os princípios democráticos. Nos países civilizados e desenvolvidos, os partidos políticos são criados com objetivos claros e definidos de fortalecimento dos princípios democráticos e de engrandecimento das atividades políticas. Já no país tupiniquim, a criação de partido enseja a defesa de sectarismo retrógrado, apaixonado e contrário aos interesses nacionais, por sua ligação com as piores correntes ideológicos da classe dominante, que tratam a política com o único propósito de perenidade no poder. Na prática, nenhum partido representa exatamente sua ideologia institucional, por se entrincheirar primordialmente na consecução de objetivos pessoais da cúpula partidária, quando deveria se empenhar na defesa das causas essenciais da sociedade. Não obstante, apesar das acirradas críticas, à vista das falcatruas e dos desvirtuamentos das suas ideologias, a Rede de Sustentabilidade merece ser instituído, não somente em razão do seu enorme esforço de mobilização e das promessas de seriedade com relação aos seus objetivos. A legitimidade desse partido se justifica, sobretudo, porque o povo o aprova, por enxergar nele o nascimento de agremiação com o propósito de seriedade e de poder contribuir para o engrandecimento da democracia, ante a demonstração de que ele realmente se destinará à implementação de fins voltados à satisfação do interesse púbico, ao fortalecimento das instituições democráticas e ao bem do povo. A sociedade acredita que a Rede de Sustentabilidade poderá desempenhar importante papel na política nacional, ante o notório esforço empreendido com vistas ao seu registro pelo Tribunal Superior Eleitoral, que não pode deixar de empregar ao pleito os princípios do bom senso e da sensibilidade, quanto mais quando se percebe que vários partidos não cumprem, nas suas atividades, as funções alegadas para a sua criação, mas nem por isso deixam de existir. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 1º de outubro de 2013

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