quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O reconhecimento da incompetência

Depois de bater cabeças entre os membros da cúpula do governo e de acusar desesperadamente a falta de escrúpulo dos Estados Unidos da América, por terem espionado, com serenidade e às escondidas, as comunicações da mandatária, dos órgãos públicos e das empresas estatais - entre as quais a Petrobras - brasileiros, a presidente tupiniquim anunciou que determinou a implantação de sistema para proteger os e-mails do governo federal contra espionagem. Segundo ela, “Esta é 1ª medida para ampliar privacidade e inviolabilidade de mensagens oficiais”, tendo por base sistema seguro de e-mails no âmbito do governo federal, sob a justificativa de haver necessidade de mais segurança nas mensagens, com vistas a prevenir possível espionagem. O sistema concebido pelo governo funciona por meio de mensagens criptografadas somente acessáveis por seus membros, de modo a impedir que suas comunicações sejam bisbilhotadas ou acessadas por programas de espionagem, como os do governo norte-americano. Diante da enorme repercussão causada pela interferência externo nas comunicações brasileiras, o governo ainda acena para a criação de serviço público e gratuito de e-mail, que será operado pelos Correios, também com a tecnologia de serviços criptografados, desenvolvidos pelo Serpro. Não há dúvida de que as espionagens contra governos e pessoas estrangeiros ferem os salutares princípios insculpidos no Direito Internacional, além de demonstrar desrespeito à sua privacidade, mas os países ou as organizações prejudicados na sua soberania têm a suprema obrigação de se proteger, mediante a implantação de sistemas capazes de bloquear, com total segurança, o acesso dos abelhudos, que se aproveitam das fragilidades reinantes nos países que sequer imaginavam que suas entranhas estavam sendo vasculhadas tranquilamente e a distância, como a ingênua nação tupiniquim, que apenas foi despertada da sua letargia pelos préstimos de pessoa que resolveu denunciar um dos maiores escândalos da história da espionagem internacional. A medida anunciada pela presidente da República vem com bastante atraso, de pelo menos vinte anos, quando então o governo deveria ter implantado os sistemas de controle e segurança destinados à proteção das comunicações no serviço público. As aparições espalhafatosas feitas mundo afora pela mandatária brasileira, inclusive na principal tribuna do planeta Terra, i.e., a ONU, apenas certificaram e atestaram o que todo mundo já sabia, inclusive os Estados Unidos, qual seja, a plena incompetência do país quanto ao total despreparo e à precariedade no que diz à segurança das comunicações do governo. As ameaças presidenciais aos norte-americanos não passaram de atitudes de prepotências e de alardes inúteis, não surtindo resultado de coisa nenhuma, salvo da demonstração de que o país se encontra a ano-luz da realidade dos fatos da atualidade, no que se que referem à era da tecnologia avançada, matéria que o país do Tio Sam domina com superior vantagem sobre o resto do mundo. Constitui ato de mera puerilidade se imaginar que as nações vão respeitar a privacidade das outras, quando os interesses econômicos prevalecem sobre os choros presidenciais inúteis e improdutivos. A ilação que se tira sobre a decisão em comento é de que ela teria sido muito mais benéfica aos interesses da nação se tivesse sido adotada com bastante antecedência e sem nenhum alarde quanto à disseminação para o mundo sobre a vulnerabilidade das comunicações do país, notadamente da sua mandatária, que não teve a dignidade de reconhecer as deficiências do Estado, ao permitir a devassidão das informações, inclusive dos assuntos sigilosos de governo. A sociedade anseia por que a implantação do sistema de proteção sobre as comunicações no serviço público sejam efetivamente capazes de manter sob absoluto sigilo as comunicações oficiais e particulares, além de evitar que o governo volte a se precipite em reclamar ao mundo sobre as suas precariedades administrativas. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNNDES
 
Brasília, em 16 de outubro de 2013

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