segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Responsabilidade na alternância do poder


O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB defende, agora, a alternância dos partidos no poder e afirmou que o “PSB precisa estar preparado para assumir responsabilidades”. Ele ressaltou a importância dos partidos que ocuparam a presidência da república, a exemplo do PMDB, PSDB e PT, que tiveram seus momentos históricos, tendo destacado a preocupação em não repetir erros: “A gente tem obrigação de aprender com os erros dos outros, a gente precisa ter humildade, ter um partido que dialoga com os valores reclamados pela sociedade, tem que renovar seus quadros, tem que acreditar na alternância do poder, que é algo que faz muito bem aos partidos. Exercer o governo e exercer a oposição é um ciclo que alimenta o processo de renovação”. O político pernambucano defendeu ainda novo ciclo na política, à vista do que foi feito pelos antecessores, para possibilitar a busca da renovação: “O que blinda as instituições dos vícios, das distorções, é exatamente a capacidade de elas se inovarem, de elas estarem submetidas ao controle social, à alternância de papel que ela passa a cumprir na vida política do país. Por isso que é importante que todo tempo os partidos possam experimentar governar, fazer oposição, cuidar com responsabilidade do seu papel naquele determinado processo histórico”. Ele disse que o país precisa de obras em diversas frentes e de mecanismos eficientes de gestão, para evitar atrasos: “Eu acho que o Brasil precisa de obra em tudo que é setor, no setor de saúde, educação, saneamento, abastecimento d'água, estradas, portos. E é fundamental para que as obras cumpram o cronograma acertado ter não só um time com capacidade, mas ter também um modelo que gerencie no dia a dia os gargalos”. Ao contrário do que afirmou o governador, de que a alternância do poder deve fazer bem para os partidos, a mudança de governo é necessária, na verdade, para o beneficio da sociedade, que não pode permitir que políticas muitas vezes viciadas com práticas retrógradas perpetuem no tempo, em prejuízo da administração do país. A alternância no poder também pode demonstrar o nível cultural do povo, que não tem o direito de se acomodar diante de governo que não apresente senão o mesmo programa administrativo, sem a iniciativa para priorizar investimentos em obras de melhorias. A alternância de poder é forma democraticamente salutar e absolutamente necessária para se evitar a continuidade da incompetência e da ineficiência na administração do país. A perenidade no poder ocorre normalmente nas republiquetas, onde prevalecem, de forma preponderante, os conchavos políticos das coalizões mantidas sob a indigna politicagem à base do fisiologismo, em suas formas inaceitáveis, tendo por finalidade apoio político. Nos países desenvolvidos, a alternância no poder é prática indispensável, em consonância com a modernidade e a evolução da humanidade. É estranho o governador idealizar a necessidade de mudança do governo que ele ajudou a elegê-lo, a mantê-lo no poder e de quem se beneficiou com cargos públicos e benesses próprias das alianças partidárias, mas, por interesses pessoais, até mesmo a morosidade das obras em andamento é motivo de crítica, por entender que elas podem ser feitas com celeridade, basta ter competência para tocá-las. Fica difícil acreditar em político que demonstra falta de ética quando a situação já não satisfaz seus interesses. Seria melhor que ele tivesse a elegância de não criticar seu passado muito próximo. No caso do Brasil, a alternância de poder já deveria ter se processado há bastante tempo, à vista do caos que assola a sua estrutura, em especial pela predominância das mazelas, a exemplo da insegurança pública, com devassidão das drogas, cuja disseminação e falta de combate do narcotráfico vem contribuindo para turbinar a violência no país; da falta de priorização para as políticas públicas essenciais, como educação, saúde, infraestrutura etc.; banalização do fisiologismo na administração pública, em troca de apoio político e tantas outras práticas não recomendáveis para a grandeza do país. A sociedade tem enorme dificuldade para entender essa opinião de alternância de poder, que, em princípio, implicaria novas filosofias de governo, com ideologias modernas, eficientes e totalmente diferentes do que vem sendo praticado na atualidade, quando o mentor dessa ideia de mudança participou, com absoluta efetividade, por dez anos desse governo que foi incapaz de implementar as reformas estruturais que o país precisa. Como acreditar em quem, somente a partir da sua candidatura à Presidência da República, enxerga atraso nas práticas políticas e acha que urgem inovações na gestão do país. Infelizmente, a predominância da ignorância da população tem propiciado a perenidade no comando da nação, mercê da facilidade de manipulado do povo pela esperteza do marketing partidário e da alienação mediante a indigna política assistencialista, infalivelmente funcionando em prol do sistema donatário do poder. A sociedade entende que a alternância de poder, não de partidos, é saudável e fundamental para a manutenção e o fortalecimento da democracia, desde que sejam efetivamente mudadas as corriqueiras práticas sebosas do toma lá, dá cá, do fisiologismo, das benesses e das maracutaias com recursos públicos, visando exclusivamente à continuidade no poder. Acorda, Brasil!

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES


Brasília, em 27 de outubro de 2013

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