Um influente
parlamentar garantiu que cada deputado
vale uma cifra. Ao fazer abalizada crítica ao modelo político vigente, ele
disse que “Existe uma bolsa de valores de
deputados”. Segundo o político, essa bolsa é guiada pelo que cada deputado
representa em termos de tempo de TV e verbas do fundo partidário. Em
complementação às suas assertivas, ele disse que, se o grupo de trabalho da
reforma política instituído pela Câmara dos Deputados tentar esconder isso,
qualquer reforma que se faça estará condenada. Normalmente toda causa tem seus
efeitos. Foi exatamente o que aconteceu com a autêntica representação pela sociedade,
quando teve a dignidade de se manifestar por meio de protestos explícitos e, às
vezes, violentos, com o descortinar das precariedades gerenciais dos poderes da
República, exigindo urgente renovação das práticas político-administrativas, inclusive
mediante completa reformulação de toda ruindade que se encontra enraizada em
cada cantinho e nos mais diversos setores da administração pública. O ideal seria
que o alerta do parlamentar tivesse o poder de acenar para atrair a atenção dos
políticos, que são o pivô do descalabro imperante no país, quanto à imperiosa
reforma político-eleitoral, de modo a purificar e passar a limpo as sujeiras que
tanto desacreditam o Congresso Nacional. Não obstante, a reforma política, feita exclusivamente por
parlamentares, está fadada ao profundo questionamento, porque os ínsitos
princípios éticos e morais nas atividades políticas não serão, seguramente,
observados com os rigores que a sociedade anseia e exige, ante a preponderância
dos interesses e das ideologias pessoais e partidárias, que, na ótica dos
retrógrados políticos brasileiros, estão sempre na dianteira das causas
nacionais. Essa indecorosa patologia política somente será extirpada da
história político-brasileira quando a sociedade, o povo, invocar o direito de estabelecer
as regras a serem fielmente cumpridas pelos homens públicos, por serem seus lídimos
representantes na administração pública, os quais devem se submeter às
condições indispensáveis à realização dos sentimentos da sociedade, em especial
quanto à necessidade de trabalhar exclusivamente para satisfazer ao interesse
público, com embargo das costumeiras ideologias fisiológicas, próprias da quase
generalidade dos políticos em ação, como reconhece o parlamentar acima aludido.
Tudo conspira para que a reforma política ideal, revestida de seriedade,
moralidade, confiabilidade e eficiente aos padrões brasileiros deva se originar
da própria sociedade, da qual o poder é emanado, segundo princípio constitucional
e, como corolário, a finalidade essencial da função político-partidária é
satisfazer o interesse da nação e da população, tendo em conta ainda que o povo
tem a obrigação de arcar com os altos vencimentos e injustificáveis auxílios,
ajudas, verbas de gabinete e de representação e tantos privilégios somente
concedidos, de forma inexplicável e incongruente, aos políticos brasileiros. A
reforma política elaborada pela sociedade teria o condão de moralizar também o
pagamento desses vergonhosos vencimentos, que não correspondem à dignidade do
servidor público e muito menos aos trabalhos apresentados pelos parlamentares e
governantes, que, de forma unânime, são criticados por não exerceram com
presteza e dignidade suas funções públicas, como no caso dos parlamentares, que
aprovaram o trabalho semanal, pasmem, de somente três dias, quando são obrigados
ao comparecimento ao Congresso Nacional, sem que isso implique redução das suas
remunerações. No momento em que o povo vai às ruas e protesta contra os
desmandos e os desgovernos do país, nada melhor do que seus anseios serem
atendidos mediante a completa limpeza dos abusos, vícios e atos espúrios
protagonizados contra o patrimônio público e o interesse da sociedade, sob pena
de o país continuar padecendo do mal crônico da incompetência e do descaso,
prejudiciais ao aperfeiçoamento e à modernização da democracia. O Brasil já
merece o amadurecimento e a conscientização dos políticos, no sentido de
permitir que uma reforma política seja implantada com o único propósito de
beneficiar o país e o povo brasileiro, que não suportam mais a banalização das
más práticas políticas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de outubro de 2013
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