segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Diplomacia como princípio?

Segundo o Palácio do Planalto, as práticas ilegais de interceptação das comunicações e dos dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem fato grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais e incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos. Não dúvida de que a espionagem norte-americana constitui grave desrespeito à privacidade, mas o governo brasileiro demonstrou precipitação ao exigir explicações de forma espalhafatosa. A nação foi envolvida em verdadeira trapalhada, por incompetência e falta de habilidade da diplomacia, que poderia ter articulado conversação no nível de bem preparado estadista, para tratar das demandas com a qualidade, discrição e competência políticas que se exigem do presidente da República, em virtude de ter-se inserido indevidamente no imbróglio a soberania nacional, quando a avaliação sobre os fatos teria sido feita de maneira prematura e precipitada, ante a falta de precisas informações sobre eles. A atitude do governo brasileira se mostrou completamente inconsequente, porque os pedidos de esclarecimentos poderiam ter sido feitos de forma velada, na via diplomática, como fazem as nações civilizadas, para depois, se for o caso, serem adotadas as medidas convenientes, não de forma espalhafatosa como foram feitas, que levaram o presidente americano a descartá-las e ignorá-las. A síntese da ópera bufa, protagonizada pela mandatária tupiniquim, teve como resultado, como não poderia ser diferente, a sua desmoralização, fruto da possível qualidade de seu assessoramento, por orientá-la a colocar o fato acima dos interesses do país, a despeito de nada ter ficado provado ou comprovado que as questionadas espionagens causaram alguma espécie de prejuízo à soberania nacional, a ponto de a presidente ter pousado inflexível e durona para enfrentar o poderio norte-americano, com a mesma empáfia dos incompetentes governos bolivarianos. A intenção da presidente foi de muita clareza para se passar por vítima das espionagens, apesar de o governo nada conhecer sobre o que realmente foi bisbilhotado. Isso pouco importa para quem precisa mostrar autoridade diante de situação humilhante para o país, pela demonstração de incompetência quanto ao controle sobre as comunicações oficiais e evitar que os contatos das autoridades sejam espionados. Causa espanto a presidente aparecer, após a rusga presidencial, como vitoriosa, apesar de o presidente americano ficar apenas no lero-lero e nada informar sobre as suspeitas do que foi efetivamente bisbilhotado. O certo é que, até nos assuntos pertinentes à diplomacia, a presidente da República aproveito-o para transformar seu resultado em bônus eleitoreiro, em clara demonstração de que, na viagem que faria aos Estados Unidos, nada de importante deveria ser tratado em relação aos interesses nacionais. Em se tratando da espionagem em si, o presidente norte-americano sequer perdeu tempo para prestar os esclarecimentos exigidos com a maior arrogância e prepotência pela mandatária tupiniquim, como se a questionada invasão de privacidade fosse algo excepcional para os EUA e a descoberta tivesse impacto negativo para eles, que encaram isso com naturalidade. A desistência da presidente de viajar aos EUA reafirma a imaturidade da diplomacia do governo e a sua incapacidade de entender que, no resto do mundo, houve evolução, em termos de tecnologia, enquanto o país se encontra em eterna estagnação, incapaz de acompanhar os avanços do mundo moderno. Na verdade, ao que tudo indica, o encontro dos presidentes brasileiro e norte-americano nada tinha de importante, a não ser o estreitamento de relações de amizade, mas a mandatária tupiniquim aproveitou o imbróglio, como sói acontecer, para demonstrar sua autoridade. Urge que o governo brasileiro seja mais cauteloso quando os assuntos de interesse do país exijam a sua decisão, de modo que a diplomacia prepondere sobre os ímpetos pessoais. Acorda, Brasil!

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES


Brasília, em 28 de outubro de 2013

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