O drama resultante da
falta d’água no nordeste se prolonga e continua castigando o sofrido povo nordestino,
que vem sendo submetido às piores punições sem ter cometido nenhum crime. As
medidas adotadas pelo governo em combate à escassez do precioso líquido não têm
sido capazes de solucionar de vez a grave crise. Conviria que as atitudes do
governo fossem realmente inteligentes e mais apropriadas à gravidade da
situação pela qual os sertanejos não conseguem se desvencilhar. O trágico
acontecimento exige a adoção de medidas efetivas e eficazes, que compensem e
justifiquem os altos custos, de modo a possibilitar efetivo beneficiamento à
população, a exemplo da maciça construção de barragens, com capacidade para
acumular e reservar grande volume de água, e de adutoras, para permitir o
encanamento, de forma perene, de água doa mananciais aos reservatórios das
cidades, além da perfuração de poços artesianos em locais estrategicamente
pesquisados e a distribuição de cisternas em abundância, obedecido planejamento
racional e devidamente acompanhado por especialistas, e do empenho para a
agilização do término das obras de transposição do Rio São Francisco, que seria
altamente benéfico para a região nordestina. O que não pode é continuar a indecente
e vergonhosa farra com recursos públicos, em beneficio apenas dos
aproveitadores da seca, que se profissionalizaram na arte de ganhar dinheiro
fácil, em cima das deficiências da gestão pública, que gasta montanhas de
recursos sem o mínimo de efetividade e muito menos consegue resolver a trágica
crise da falta de água, justamente porque os serviços dos pipeiros não passam
de paliativo momentâneo e circunstancial. Não há dúvida de que a região carente
é bem vasta, o que dificulta atendimento à população com a necessária
eficiência, mas a falta de fiscalização e de controle dos gastos públicos é
outro entrave à efetivação de melhor assistência aos necessitados e tem
facilitado a dispersão de verbas e a precariedade da ação governamental, como
forma de amenizar as dificuldades caso houvesse a presença do Estado nas
regiões afetadas, exigindo que os programas de abastecimento de água, de
fornecimento de alimentos para as pessoas e ração para os animais e outras políticas
criadas para diminuir o sofrimento dos sertanejos tivessem acompanhamento dos
órgãos de controle, especialmente dos tribunais de contas, que têm a
incumbência de atestar a efetividade da prestação dos serviços contratados. Na
verdade, enquanto a política for exercida estritamente em consonância com a
concepção absolutista dos maus políticos, que incutiram que ela tem por
finalidade satisfazer seus interesses, em dissonância com a real destinação da
garantia do bem-estar da população, não somente o povo nordestino deverá
continuar no seu padecimento diante da inclemente seca e das suas terríveis
consequências. Não há dúvida de que a maior sede do povo reside na falta de
conscientização sobre seus direitos de cidadania, por deixar de exigir o cumprimento
dos seus direitos. É inadmissível que, em pleno século XXI, com a modernidade
servindo de inspiração às conquistas do homem, ainda seja possível que o
nordestino seja obrigado a se humilhar e se arrastar à espera da água para a
sua sobrevivência. Em contraposição, nos confortáveis gabinetes palacianos
jamais haverá o terrível sufoco da falta do precioso líquido. O que causa
perplexidade é que, neste momento de enorme aflição e desespero dos bravos
nordestinos, o governo se mantém em plena quietude, sem esboçar nada, em termos
emergenciais, para dar efetiva assistência aos flagelados da seca, de modo a
alterar completamente a forma irresponsável e ineficiente como vem sendo
entregue água a população, sob atrasos e com suspeita de contaminação. É
totalmente inaceitável que o povo do Nordeste exponha tamanha paciência ante o
descaso como atua o governo na região, de forma desorganizada e deficiente,
quando deveria exigir, ante a sua reconhecida força eleitoral, a adoção de
políticas públicas realmente capazes de satisfazer, com plena eficiência, suas
necessidades, em especial quanto ao fornecimento d´água potável, com abundância
e qualidade, sem precisar se ajoelhar à espera que a irresponsabilidade das
pessoas incumbidas desse mister se apiede da trágica situação causada pela
terrível seca. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR
FERNANDES
Brasília, em 08 de
dezembro de 2013
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