segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A irresponsabilidade que martiriza

O drama resultante da falta d’água no nordeste se prolonga e continua castigando o sofrido povo nordestino, que vem sendo submetido às piores punições sem ter cometido nenhum crime. As medidas adotadas pelo governo em combate à escassez do precioso líquido não têm sido capazes de solucionar de vez a grave crise. Conviria que as atitudes do governo fossem realmente inteligentes e mais apropriadas à gravidade da situação pela qual os sertanejos não conseguem se desvencilhar. O trágico acontecimento exige a adoção de medidas efetivas e eficazes, que compensem e justifiquem os altos custos, de modo a possibilitar efetivo beneficiamento à população, a exemplo da maciça construção de barragens, com capacidade para acumular e reservar grande volume de água, e de adutoras, para permitir o encanamento, de forma perene, de água doa mananciais aos reservatórios das cidades, além da perfuração de poços artesianos em locais estrategicamente pesquisados e a distribuição de cisternas em abundância, obedecido planejamento racional e devidamente acompanhado por especialistas, e do empenho para a agilização do término das obras de transposição do Rio São Francisco, que seria altamente benéfico para a região nordestina. O que não pode é continuar a indecente e vergonhosa farra com recursos públicos, em beneficio apenas dos aproveitadores da seca, que se profissionalizaram na arte de ganhar dinheiro fácil, em cima das deficiências da gestão pública, que gasta montanhas de recursos sem o mínimo de efetividade e muito menos consegue resolver a trágica crise da falta de água, justamente porque os serviços dos pipeiros não passam de paliativo momentâneo e circunstancial. Não há dúvida de que a região carente é bem vasta, o que dificulta atendimento à população com a necessária eficiência, mas a falta de fiscalização e de controle dos gastos públicos é outro entrave à efetivação de melhor assistência aos necessitados e tem facilitado a dispersão de verbas e a precariedade da ação governamental, como forma de amenizar as dificuldades caso houvesse a presença do Estado nas regiões afetadas, exigindo que os programas de abastecimento de água, de fornecimento de alimentos para as pessoas e ração para os animais e outras políticas criadas para diminuir o sofrimento dos sertanejos tivessem acompanhamento dos órgãos de controle, especialmente dos tribunais de contas, que têm a incumbência de atestar a efetividade da prestação dos serviços contratados. Na verdade, enquanto a política for exercida estritamente em consonância com a concepção absolutista dos maus políticos, que incutiram que ela tem por finalidade satisfazer seus interesses, em dissonância com a real destinação da garantia do bem-estar da população, não somente o povo nordestino deverá continuar no seu padecimento diante da inclemente seca e das suas terríveis consequências. Não há dúvida de que a maior sede do povo reside na falta de conscientização sobre seus direitos de cidadania, por deixar de exigir o cumprimento dos seus direitos. É inadmissível que, em pleno século XXI, com a modernidade servindo de inspiração às conquistas do homem, ainda seja possível que o nordestino seja obrigado a se humilhar e se arrastar à espera da água para a sua sobrevivência. Em contraposição, nos confortáveis gabinetes palacianos jamais haverá o terrível sufoco da falta do precioso líquido. O que causa perplexidade é que, neste momento de enorme aflição e desespero dos bravos nordestinos, o governo se mantém em plena quietude, sem esboçar nada, em termos emergenciais, para dar efetiva assistência aos flagelados da seca, de modo a alterar completamente a forma irresponsável e ineficiente como vem sendo entregue água a população, sob atrasos e com suspeita de contaminação. É totalmente inaceitável que o povo do Nordeste exponha tamanha paciência ante o descaso como atua o governo na região, de forma desorganizada e deficiente, quando deveria exigir, ante a sua reconhecida força eleitoral, a adoção de políticas públicas realmente capazes de satisfazer, com plena eficiência, suas necessidades, em especial quanto ao fornecimento d´água potável, com abundância e qualidade, sem precisar se ajoelhar à espera que a irresponsabilidade das pessoas incumbidas desse mister se apiede da trágica situação causada pela terrível seca. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 08 de dezembro de 2013

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