Circula na internet importante
reportagem versando sobre a situação funcional de juízes e políticos da Suécia,
que é considerado um dos países de menor índice de corrupção do mundo, onde os
aludidos servidores públicos têm, pasmem, o mesmo tratamento dispensado aos
cidadãos comuns. O vídeo mostra um magistrado da Suprema Corte daquele país
indo para o trabalho pedalando uma bicicleta. Nesse país, os juízes e os
políticos não têm imunidade nem foro privilegiado. No caso dos juízes, eles não
contam com secretária particular, auxílio, ajuda, gratificação, mordomia,
regalia ou qualquer benefício nem vantagem senão os seus vencimentos, que
variam entre R$ 12 mil a R$ 25 mil, que são considerados satisfatórios e suficientes
para o custeio deles e o da sua família, quanto às necessidades de moradia,
transporte, alimentação, educação, despesas médicas, lazer, atividades
culturais etc. Os juízes e os políticos suecos são proibidos de receber presentes
e cortesias e suas atividades são completamente transparentes e acessíveis pela
sociedade, não havendo nada que impeça o conhecimento do que é feito no serviço
público. Não há a menor dúvida de que os servidores públicos suecos, no caso de
juízes e políticos, integram sistema civilizado, racional, transparente e
eficiente que revela a sua compatibilidade com o nível de desenvolvimento
cultural do seu povo, inspirado naturalmente nas conquistas e nos avanços da
humanidade, hauridos nos salutares princípios de modernidade que devem se
inserir necessariamente na administração pública dos países de primeiro mundo.
No país tupiniquim, se depender exclusivamente da consciência dos homens
públicos, nunca que ser mudado o status quo dos privilégios, das regalias, das
mordomias, dos auxílios, das ajudas, das verbas de gabinete e de representação,
das benesses governamentais e demais vantagens vergonhosas e injustificáveis,
porque essa cristalina iniquidade se encontra arraigada e consolidada na
mentalidade pouco evoluída dos homens públicos tupiniquins. Aliás, essa
dicotomia entre a realidade socioeconômica e a suntuosa e perversa situação
remuneratória dos políticos brasileiros somente é comparável ao que ocorre nas
republiquetas, onde os homens públicos são verdadeiros aproveitadores dos
recursos públicos e tratam o Estado como sendo da sua propriedade, com direito
a se beneficiar dele o máximo possível, para satisfazer seus interesses.
Induvidosamente, compete ao povo promover a indispensável reformulação da
estrutura da administração púbica, com inspiração nos países desenvolvidos, a
exemplo da culturalmente evoluída Suécia, de modo que sejam extirpados do
serviço público os mecanismos contrários ao interesse da sociedade, notadamente
as espúrias, inescrupulosas e indecorosas vantagens que privilegiam apenas alguns,
sem a menor razoabilidade, em completa contraposição com a realidade do país,
bastante sufocado diante do gigantismo do poder das classes dominantes, que têm
enorme dificuldade de sensibilização e conscientização sobre a necessidade de
reformulação e modernização desses ultrajantes métodos de exploração da
sociedade, que se acomoda e permite que o país ainda seja administrado de forma
ineficiente e sem a devida transparência, no sentido de não haver justificativa
para os absurdos e inconvincentes privilégios no serviço público. Com certeza, o Brasil
nunca vai se tornar um país desenvolvido culturalmente como a Suécia, porque seu
povo não tem dignidade para exigir que a classe política dominante deixe de aproveitar
o máximo das benesses do poder e dos recursos públicos, para se conscientizar sobre
a necessidade de o patrimônio público ser respeitado e zelado, por depender
dela a iniciativa de defender o interesse público. Urge que o povo se
conscientize quanto à necessidade da real valorização das causas nacionais, de
modo que a classe política seja inoculada com a sensibilidade de justiça, capaz
de entender que a sua precípua e importante função é de representar com
dignidade o povo, sem qualquer direito aos privilégios, às mordomias, às regalias
e às vergonhosas benesses injustificáveis e incompatíveis com a maioria da população,
que ainda vive no mundo real de completa miséria, enquanto o erário sustenta a
vaidade de inescrupulosos homens públicos, que não abrem mão das vantagens e
dos benefícios proporcionados de forma indevida e extravagante pelo Estado. O
Brasil precisa, com urgência, de homens públicos com dignidade suficiente para perceber
a realidade do país, captar as carências da população, entender que a finalidade
de representar o povo não concede direito de ser diferente dele e que não deve
ter o direito senão da remuneração suficiente para a sua manutenção e a da sua
família, uma vez que o serviço público, mantido pela sociedade, deve ser
preservado, zelado e bem administrado, haja vista que a política é o
instrumento por meio do qual o homem público deve prestar serviços públicos, na
forma escolhida como representante da sociedade, que tem o dever cívico de
exigir que as funções político-administrativas sejam exercidas com dignidade e
nobreza, principalmente por serem emanadas do povo, para representá-lo em forma
de trabalho em prol e em benefício dele, com embargo de outros interesses.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de dezembro de 2013
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