terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A Petrobras em queda livre


Por não detalhar como funciona a nova política de reajustes dos preços dos combustíveis, as ações da Petrobras simplesmente despencaram na Bolsa de Valores, caindo, somente hoje, mais de 10%, deixando desesperados e enlouquecidos os investidores que acreditaram na solidez operacional da empresa. Por via de consequência, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve significativa queda, puxada o Ibovespa - principal indicador da bolsa - para recuo de menos de 2%. Essa situação de insegurança dos aplicadores nas ações da Petrobras decorre da avaliação negativa de analistas sobre a decisão de a empresa de não ter divulgado detalhe sobre a nova metodologia de reajustes de preços de combustíveis, deixando o mercado inseguro quanto ao futuro operacional e financeiro da empresa, apesar do reajuste médio de 4% do preço da gasolina nas refinarias no país e do diesel em 8%, mas não houve sinalização como funciona a nova política de preços, razão da insegurança dos investidores. Não há a menor dúvida de que a má gestão da petrolífera é coerente com a capacidade administrativa desse governo, que não tem visão gerencial com vistas à obtenção de resultados econômicos e financeiros satisfatórios, como forma a satisfazer os fins preconizados pelas atividades operacionais da empresa. Na verdade, o governo está manipulando as atividades operacionais da Petrobras atreladas ao projeto político de perenidade do PT no poder, tendo em vista que a nova política de preços, que não foi autorizada por ele, que tem o poder sobre a empresa, forçaria à majoração dos preços em conformidade com a oscilação do valor do barril no mercado internacional e a produtividade interna. Não obstante, a nova sistemática poderia causar reflexo na inflação e, por via de consequência, influenciar diretamente nas pesquisas presidenciais, que não podem causar o mínimo impacto nos planos da reeleição da presidente. É bastante lamentável que a questão pessoal da presidente interfira gravemente no desempenho financeiro da empresa petrolífera que já foi destaque na economia internacional, mas que, no presente, a sua saúde financeira vem sofrendo ataques um atrás do outro, com significativas perdas de bilhões de reais. O que realmente acontece com a Petrobras é a má gestão, por se tratar de empresa estatal que é obrigada a se submeter ao doentio projeto político da continuidade no poder, fazendo com que a reeleição da presidente da República não seja contaminada com os efeitos trágicos do aumento da inflação, que refletiria diretamente no desempenho das pesquisas. Também pesa no desempenho operacional-financeiro da empresa a equivocada política de importação de petróleo por preço bastante superior ao que ela exporta, tendo reflexo no seu resultado econômico-financeiro, a par de ter diminuída a exploração de petróleo. Numa análise sobre a derrocada da Petrobras, não precisa ser experiente ou especialista em assuntos petrolíferos para entender que a empresa passa por momento de gerenciamento inadequado às circunstâncias das suas atividades operacionais, que não está exatamente sintonia com o que seria praticado se ela estivesse na administração da iniciativa privada, onde os negócios são gerenciados sob a exclusiva ótica da lucratividade, tendo por orientação primacial o custo-benefício, ficando completamente a salvo das influências de interesses escusos, inclusive pessoais, e de outros elementos estranhos às finalidades institucionais da empresa. Basta se verificar como funcionavam, no passado, as empresas do sistema de comunicações, sempre má gerenciadas, assoberbadas de cargos comissionados ocupados por indicações políticas, deficitárias, deficientes e totalmente inoperantes. Após a sua privatização, as comunicações tiveram gigantesco salto de qualidade e desenvolvimento e o país entrou na fase de modernização nesse setor.  Não se pretende fazer defesa da privatização, mas tão somente de mostrar que as empresas privadas são regidas pelos princípios do gerenciamento da eficiência e da eficácia, obviamente visando sempre lucros, enquanto as empresas estatais sofrem o malefício e a perversidade dos interesses estranhos às finalidade públicas. Aliás, o gerenciamento desastroso da Petrobras por políticos, sindicalistas e outros dirigentes inexperientes e alheios ao ramo petrolífero vem demonstrando a completa capacidade de ser jogada a sua riqueza pelos ralos, em tão pouco tempo, propiciando significativos prejuízos para os investidores e o país. Urge que a sociedade repudie a forma trágica e funesta como a principal empresa petrolífera estatal vem sendo administrada, em pleno descaso quanto aos seus fins operacionais, que deveriam levar em conta os elevadíssimos investimentos e a natural lucratividade, ante a necessidade primacial de ser preservado o patrimônio do Estado e dos acionistas que acreditaram na pujança do seu desempenho econômico e operacional, desatrelada das influências e dos interesses oportunistas e de conveniências políticas. Acorda, Brasil!

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

 
Brasília, em 02 de dezembro de 2013

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