Em
entrevista concedida a importante site, o presidente da Companhia Vale do Rio
Doce afirmou que a presidente da República deixará marcante legado na área da
saúde e na infraestrutura. Na opinião dele, o “Grande legado na área da saúde e iniciando um grande e vigoroso
programa de infraestrutura”. Ao fazer essa afirmação, o ilustre dirigente
demonstra que vive em país diferente e desconhece suas reais precariedades e
mazelas, que martirizam a população mais carente do interior do país. Não deixa
de ser curioso que as áreas por ele ressaltadas passarem por terríveis dificuldades e envolverem as carências básicas que exigem urgentes medidas saneadoras, sem que
sejam adotadas as necessárias prioridades. Ante a importância da saúde
pública e da infraestrutura para a sociedade, o que tem sido feito até agora é insignificante
e insuficiente para satisfazer plenamente, pelo menos, o mínimo das
necessidades do povo. Não há dúvida de que, em termos de publicidade, as ações
públicas têm sido simplesmente enganosas, porque a realidade é bem diferente
dos fatos propalados pela propaganda de cunho eleitoral. É fato que as pessoas que são atendidas, quando adoecem,
nos hospitais de referência, a exemplo no Sírio-Libanês, desconhecem a lástima e
os horrores do atendimento feito nos hospitais e unidades médicas do Sistema Único de
Saúde, que se encontra em eterna decadência e sem perspectivas de melhoras, à vista do comodismo que impera nele e à falta de aperfeiçoamento e de
modernização da sua estrutura, notoriamente arcaica e ineficiente. O legado negativo
da presidente da República vem sendo mostrado, com bastante ênfase, por alguns
programas da Rede Globo de Televisão, a exemplo do Fantástico, que tem feito importantes
reportagens, expondo as vísceras imundas e podres da saúde prestada no país
pela rede alimentada financeiramente pelo Sistema Único de Saúde, que repassa
toneladas de verbas para as prefeituras e órgãos públicos, que contratam a prestação
de serviços junto a cooperativas de fachada, que apenas fazem atendimento
precário e prejudicial à população, justamente por se aproveitarem da falta de fiscalização
por parte dos órgãos federais, responsáveis pela liberação dos recursos, mas incompetentes
e sem condições de controlar a efetividade dos serviços prestados. Em pior
situação se encontram os hospitais públicos, abarrotados de doentes pelos
corredores, pelo chão, totalmente entulhados de mortos-vivos, sem condições de
prestar minimamente a assistência de competência do Estado. O fantástico
mostrou o retrato fiel da precariedade do sistema de saúde pública do país, em
verdadeiro estado de falência e de irresponsabilidade das autoridades que têm a
atribuição constitucional de zelar pelo que de mais importante o ser humano
tem, que é a vida. O governo, depois das manifestações dos protestos das ruas, reclamando
do desgoverno e da falta de políticas públicas de qualidade, resolveu importar
milhares de médicos, num arroubo de dar inveja aos melhores estadistas
mundiais, porém, não teve capacidade de preparar a infraestrutura para
viabilizar as mínimas condições para o atendimento digno ao povo, porque
somente a presença dos profissionais não significa absolutamente nada se não
houver adequada estrutura para propiciar os exames necessários ao diagnóstico e
ao tratamento dos pacientes. Em última análise, o governo, mais uma vez, fez
tudo apressadamente, sem os indispensáveis suportes para o atendimento com
qualidade e eficiência, demonstrando apenas que os recursos públicos são
aplicados sem a menor efetividade e economicidade, haja vista a impossibilidade
de resolver o grave problema da saúde pública, que não merece tanta
negligência, à vista de os resultados alcançados não condizerem com a
expressiva aplicação de recursos públicos, que poderiam ser despendidos em
condições normais de planejamento estratégico para as situações emergentes e
localizadas, dando-se prioridades aos casos de maior gravidade, de modo que a
implantação do pleno atendimento à saúde pública poderia ser concretizada em
obediência aos princípios da racionalidade, prioridade e economicidade, que
prezam pela busca da eficiência e da eficácia, notadamente em se tratando de
questões que envolvem vidas humanas, que não se harmonizam com remediações,
despreparos e desorganizações, posto que o resultado das medidas efetivadas sirva
apenas de mero paliativo, totalmente prejudicial ao interesse da sociedade, que
não aguenta mais continuar nesse eterno sofrimento, diante das improvisações e
das medidas empíricas, de pouca efetividade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de dezembro de 2013
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