Dias atrás, a
presidente da República havia dito ao jornal espanhol “El País” que o
crescimento da economia em 2012 estaria sendo revisado e passaria de 0,9% –
calculado no passado pelo IBGE - para 1,5%. Contudo, a presidente errou feio,
porque o novo resultado, com a revisão anunciada, não passou do saltinho para
cima de apenas 1%, ou seja, ela cometeu um vexame. Na ocasião, quando foi
anunciado “seu número”, a presidente foi alvo de duras críticas pelo jornal “Financial
Times”, tendo sentenciado que foi equivocada a maneira errada da forma escolhida,
do momento anunciado e do interlocutor, em se tratando de novidade tão relevante
e estrondosa para o Brasil. Muitos especialistas discordaram da aludida
revista, por entender que a mandatária do país tem pleno direito de se
manifestar sobre matéria de suma importância, no momento que considerar
oportuno, em se tratando praticamente de informação de impacto, no caso, com o
acréscimo de mais da metade do PIB, num piscar de olhos e aparentemente sem motivação
plausível. Ninguém teria a capacidade de pensar que a presidente seria irresponsável
de adiantar informação para, mais tarde, correr o risco de ser contrariada pelo
trágico resultado do IBGE. Ocorre que a presidente cometeu erro crasso e foi
desmentida pelo órgão governamental, que somente confirmou o ajuste do PIB para
mais 0,1% e não 0,6%. No afã de mostrar eficiência que não ocorreu no
desempenho da economia, a presidente quis pousar, mais uma vez, de heroína, mas
os números não falham e o instituto tem o dever institucional de medi-los com
total isenção, responsabilidade e alheio aos arranjos como aqueles aplicados no
ajuste fiscal do final do ano, que causaram enorme desgaste ao governo, ao ser
severamente censurado e criticado, nacional e internacionalmente, pelos analistas
econômicos. Considerando a importância da liturgia do cargo de presidente do
país, a declaração em causa foi considerada precipitada, em razão das
consequências negativas sobre a matéria, por tratar de pífio desempenho da
economia que a mídia já havia, embora a contragosto, digerido e assimilado, não
merecendo que o tema fosse ressuscitado, quando ele diz respeito ao crescimento
sofrível do PIB. Na verdade, a presidente teria sido bem mais feliz se não
tivesse se arvorado para comentar sobre assunto que não possuía pleno domínio,
ou seja, o verdadeiro estadista o teria evitado e se salvaria de colecionar
informação errada nos seus anais. Aliás,
não se pode esperar melhor desempenho da economia quando o governo não tem
iniciativa para a implantação de reformas, por minimamente que sejam e há muito
tempo exigidas para a modernização do Estado e dos fatores econômicos, que se
encontram em pleno processo de sucateamento. Veja-se, em especial, o que ocorre
com o desmoronamento do parque industrial, em virtude da falta de investimentos
públicos e privados, a par dos escorchantes tributos sobre a sociedade e a
produtividade, impedindo que a economia se livre em definitivo das monstruosas
garras do retrocesso e do desgraçado atraso e se alie ao terrível e continuado
processo da falta de competitividade. O Quadro se agrava à medida que nada é
feito para incentivar e incrementar os investimentos, inclusive oriundos de
recursos estrangeiros, que vêm perdendo aquela motivação dos idos tempos áureos.
Enquanto o governo continuar na firme política voltada para o seu importante e
prioritário projeto de reeleição, objetivando a perenidade no poder, o país
segue galopante rumo ao horizonte do subdesenvolvimento, em franco prejuízo ao
interesse da sociedade. Infelizmente, a população, apesar de pagar preços
altíssimos com a precariedade administrativa e gerencial do país, ainda se
satisfaz dando apoio às constantes, abusivas e mentirosas pesquisas
presidenciais, na tentativa de demonstrar que tudo está bem, quando o decepcionante
desempenho dos meios produtivos evidencia a realidade nua e crua da situação da
pobre economia brasileira, cada vez mais depauperada pela falta de competência
no seu gerenciamento. O povo precisa ser despertado, com urgência, dessa eterna
letargia que impede seja dado o indispensável grito de independência e de
negação à politicagem planejada e arquitetada, de forma maquiavélica, pelos
marqueteiros palacianos, que se especializaram em ganhar eleições apoiadas nas
mais deslavadas mentiras sobre o desempenho político-administrativo-econômico,
como nesse caso vergonhoso do Produto Interno Bruto brasileiro, que não
consegue competir sequer com a economia das republiquetas sem recursos
econômicos. Ao contrário, o Brasil possui grandes potencialidades econômicas e
fartos recursos naturais, mas não se cansa de ser a eterna potência emergente.
Parece que o país nunca passará disso, a mentalidade sintonizada exclusivamente
na dominação política do país, construída com base em alianças formadas
normalmente por aproveitadores que exigem ministérios para ajudar a afundar
cada vez mais os destinos desta grande nação. Impende se observar a acentuada perseguição
à falta de priorização às medidas capazes de encaminhar o país ao correto rumo
do desenvolvimento, ante a carência de estadista com visão direcionada exclusivamente
para os estritos interesses públicos. À luz dos fracassos na administração da
economia do país, urge que os candidatos de oposição ao governo à Presidência
da República tenham competência para montar seus programas de governo amoldados
à reformulação das estruturas fundamentais do país, de modo que a nação seja
convocada a ajudar na implementação das reformas essenciais, como a tributária,
administrativa, previdenciária, política etc., como forma de sacudir os princípios
do aprimoramento e da modernidade como mola propulsora do desenvolvimento da
nação, principalmente no que diz respeito ao real crescimento socioeconômico e
à credibilidade às políticas públicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de dezembro de 2013
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