domingo, 8 de dezembro de 2013

A falta da credibilidade

Dias atrás, a presidente da República havia dito ao jornal espanhol “El País” que o crescimento da economia em 2012 estaria sendo revisado e passaria de 0,9% – calculado no passado pelo IBGE - para 1,5%. Contudo, a presidente errou feio, porque o novo resultado, com a revisão anunciada, não passou do saltinho para cima de apenas 1%, ou seja, ela cometeu um vexame. Na ocasião, quando foi anunciado “seu número”, a presidente foi alvo de duras críticas pelo jornal “Financial Times”, tendo sentenciado que foi equivocada a maneira errada da forma escolhida, do momento anunciado e do interlocutor, em se tratando de novidade tão relevante e estrondosa para o Brasil. Muitos especialistas discordaram da aludida revista, por entender que a mandatária do país tem pleno direito de se manifestar sobre matéria de suma importância, no momento que considerar oportuno, em se tratando praticamente de informação de impacto, no caso, com o acréscimo de mais da metade do PIB, num piscar de olhos e aparentemente sem motivação plausível. Ninguém teria a capacidade de pensar que a presidente seria irresponsável de adiantar informação para, mais tarde, correr o risco de ser contrariada pelo trágico resultado do IBGE. Ocorre que a presidente cometeu erro crasso e foi desmentida pelo órgão governamental, que somente confirmou o ajuste do PIB para mais 0,1% e não 0,6%. No afã de mostrar eficiência que não ocorreu no desempenho da economia, a presidente quis pousar, mais uma vez, de heroína, mas os números não falham e o instituto tem o dever institucional de medi-los com total isenção, responsabilidade e alheio aos arranjos como aqueles aplicados no ajuste fiscal do final do ano, que causaram enorme desgaste ao governo, ao ser severamente censurado e criticado, nacional e internacionalmente, pelos analistas econômicos. Considerando a importância da liturgia do cargo de presidente do país, a declaração em causa foi considerada precipitada, em razão das consequências negativas sobre a matéria, por tratar de pífio desempenho da economia que a mídia já havia, embora a contragosto, digerido e assimilado, não merecendo que o tema fosse ressuscitado, quando ele diz respeito ao crescimento sofrível do PIB. Na verdade, a presidente teria sido bem mais feliz se não tivesse se arvorado para comentar sobre assunto que não possuía pleno domínio, ou seja, o verdadeiro estadista o teria evitado e se salvaria de colecionar informação errada nos seus anais. Aliás, não se pode esperar melhor desempenho da economia quando o governo não tem iniciativa para a implantação de reformas, por minimamente que sejam e há muito tempo exigidas para a modernização do Estado e dos fatores econômicos, que se encontram em pleno processo de sucateamento. Veja-se, em especial, o que ocorre com o desmoronamento do parque industrial, em virtude da falta de investimentos públicos e privados, a par dos escorchantes tributos sobre a sociedade e a produtividade, impedindo que a economia se livre em definitivo das monstruosas garras do retrocesso e do desgraçado atraso e se alie ao terrível e continuado processo da falta de competitividade. O Quadro se agrava à medida que nada é feito para incentivar e incrementar os investimentos, inclusive oriundos de recursos estrangeiros, que vêm perdendo aquela motivação dos idos tempos áureos. Enquanto o governo continuar na firme política voltada para o seu importante e prioritário projeto de reeleição, objetivando a perenidade no poder, o país segue galopante rumo ao horizonte do subdesenvolvimento, em franco prejuízo ao interesse da sociedade. Infelizmente, a população, apesar de pagar preços altíssimos com a precariedade administrativa e gerencial do país, ainda se satisfaz dando apoio às constantes, abusivas e mentirosas pesquisas presidenciais, na tentativa de demonstrar que tudo está bem, quando o decepcionante desempenho dos meios produtivos evidencia a realidade nua e crua da situação da pobre economia brasileira, cada vez mais depauperada pela falta de competência no seu gerenciamento. O povo precisa ser despertado, com urgência, dessa eterna letargia que impede seja dado o indispensável grito de independência e de negação à politicagem planejada e arquitetada, de forma maquiavélica, pelos marqueteiros palacianos, que se especializaram em ganhar eleições apoiadas nas mais deslavadas mentiras sobre o desempenho político-administrativo-econômico, como nesse caso vergonhoso do Produto Interno Bruto brasileiro, que não consegue competir sequer com a economia das republiquetas sem recursos econômicos. Ao contrário, o Brasil possui grandes potencialidades econômicas e fartos recursos naturais, mas não se cansa de ser a eterna potência emergente. Parece que o país nunca passará disso, a mentalidade sintonizada exclusivamente na dominação política do país, construída com base em alianças formadas normalmente por aproveitadores que exigem ministérios para ajudar a afundar cada vez mais os destinos desta grande nação. Impende se observar a acentuada perseguição à falta de priorização às medidas capazes de encaminhar o país ao correto rumo do desenvolvimento, ante a carência de estadista com visão direcionada exclusivamente para os estritos interesses públicos. À luz dos fracassos na administração da economia do país, urge que os candidatos de oposição ao governo à Presidência da República tenham competência para montar seus programas de governo amoldados à reformulação das estruturas fundamentais do país, de modo que a nação seja convocada a ajudar na implementação das reformas essenciais, como a tributária, administrativa, previdenciária, política etc., como forma de sacudir os princípios do aprimoramento e da modernidade como mola propulsora do desenvolvimento da nação, principalmente no que diz respeito ao real crescimento socioeconômico e à credibilidade às políticas públicas. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 07 de dezembro de 2013

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