sábado, 21 de dezembro de 2013

A história republicana às escondidas

No momento em que o PT promove ruidosa cerimônia de desagravo aos condenados com prisão pelo Supremo Tribunal Federal pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e outros delitos da mesma espécie, o senador tucano, potencial candidato do PSDB à Presidência da República, discursou enaltecendo que “Se tiver alguém do PSDB que cometeu irregularidade, que recebeu propina, se isso ficar provado, tem que ir para a cadeia também”, a propósito de eventual consequência das apurações sobre o episódio do cartel no metrô de São Paulo, que pode ter implicação na sua campanha ao Palácio do Planalto. Sem dúvida, a posição do tucano contradiz completamente a atitude inconsequente e de onipotência petista, que, de forma alucinada e atrevida, sem nenhum fato novo, está pretendendo reescrever a história do mensalão, como se a gravidade desse episódio para o país fosse de somenos importância para os políticos. O tucano deixa claro, em oposição aos métodos petistas, que o combate à corrupção é dever sagrado dos partidos, que têm obrigação de repudiá-la e de propugnar por que seus protagonistas sejam exemplarmente punidos e arquem com as consequências das suas desonestidades, como forma de reparação dos danos causados ao país e à sociedade. No caso da evidente amnésia petista, por jurar que não houve desvio de dinheiro público nem compra de votos, urge que, para avivar a memória de alguns políticos, haja levantamento dos fatos protagonizados pelos petistas mensaleiros e que eles sejam reiteradamente mostrados ao povo como ocorreu a participação de cada um deles no escandaloso e indecente processo do mensalão. Seria importante que houvesse a indicação de cada ato, de forma minuciosa, inclusive dos valores envolvidos, das datas dos acontecimentos, dos corruptos ativos e passivos, das situações, dos momentos e tudo o mais sobre os horrores dos fatos irregulares e desabonadores dos bons princípios e das boas condutas inerentes ao ser humano, de modo que ficassem evidenciados os procedimentos delituosos praticados por cada "herói" petista, deixando claro o quanto eles foram perniciosos para os interesses da nação. Enquanto não forem mostrados, de forma minuciosa e nos mínimos detalhes, os bastidores da compra de votos de parlamentares, a maneira ardilosa como os recursos foram conseguidos para alimentar o indigno caixa para o pagamento das propinas e tudo o mais que resultaram no maior esquema de corrupção da história republicana por políticos de escol, arquitetado no âmbito do palácio mais importante da República, os petistas vão continuar se sentindo injustiçados e penalizados indevidamente por meras bobagens, sempre alegando que, no passado, fatos idênticos também teriam sido cometidos, sem o menor pudor, por outros políticos, como se isso não representasse a forma vil de administrar verbas públicas, em cuja execução pode prescindir da observância dos padrões de dignidade e de moralidade, haja vista que os recursos envolvidos eram apenas gerenciados por empresa pública, que não tem, na sua avaliação, obrigação de prestar contas sobre a sua boa e regular aplicação. A ganância dos homens públicos pelo poder vem demonstrando o quanto isso tem sido prejudicial aos interesses do país, porque os meios utilizados para a conquista dele não se adere ao apego à verdade e à dignidade, quando os princípios fundamentais da honradez são desprezados e as instituições públicas, a exemplo do Supremo Tribunal Federal, são alvo de tentativa de ultrajes e desmoralizações, apesar de apenas terem cumprido, com fidelidade, a sua competência constitucional, que constitui honra para a nação poder sentir o resultado do trabalho para cujas finalidades elas foram instituídas. Na verdade, há insistente tentativa de ser transmitida para a sociedade menos instruída e de menor evolução cultural a ideia de que a classe dominante é onipotente não erra nem comete irregularidade contra o Estado, e ainda que a falha, quando existente, ela se origina da mente agressiva da burguesia e da imprensa tendenciosa que não aceitam a ascensão do operariado ao poder. Essas manobras maquiavélicas são invencionices arquitetadas por políticos desprovidos de projetos ou programas capazes de contribuir para o benefício do país, porque, ao contrário disso, eles não fariam senão boas realizações em conformidade com os princípios democráticos. Urge que a transparência sobre a administração pública possa contribuir para a moralização do país, de modo que a historia republicana seja mostrada à sociedade e que os fatos, inclusive aqueles inerentes ao escândalo do mensalão, possam ser revelados como eles realmente aconteceram, inclusive os estragos materiais e morais que eles causaram ao povo, para que possa prevalecer a verdade que os falsos políticos tentam disseminar como inexistente e em versão inverossímil. O povo brasileiro tem o dever cívico, em atenção aos princípios da dignidade e da moralidade, de exigir a verdade dos homens públicos, sob pena do descrédito se institucionalizar para sempre na vida pública. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de dezembro de 2013

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