No momento em que o PT promove ruidosa cerimônia de
desagravo aos condenados com prisão pelo Supremo Tribunal Federal pelos crimes
de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de
dinheiro e outros delitos da mesma espécie, o senador tucano, potencial
candidato do PSDB à Presidência da República, discursou enaltecendo que “Se tiver alguém do PSDB que cometeu
irregularidade, que recebeu propina, se isso ficar provado, tem que ir para a
cadeia também”, a propósito de eventual consequência das apurações sobre o episódio
do cartel no metrô de São Paulo, que pode ter implicação na sua campanha ao
Palácio do Planalto. Sem dúvida, a posição do tucano contradiz completamente a
atitude inconsequente e de onipotência petista, que, de forma alucinada e
atrevida, sem nenhum fato novo, está pretendendo reescrever a história do
mensalão, como se a gravidade desse episódio para o país fosse de somenos
importância para os políticos. O tucano deixa claro, em oposição aos métodos
petistas, que o combate à corrupção é dever sagrado dos partidos, que têm
obrigação de repudiá-la e de propugnar por que seus protagonistas sejam
exemplarmente punidos e arquem com as consequências das suas desonestidades, como
forma de reparação dos danos causados ao país e à sociedade. No caso da
evidente amnésia petista, por jurar que não houve desvio de dinheiro público
nem compra de votos, urge que, para avivar a memória de alguns políticos, haja levantamento
dos fatos protagonizados pelos petistas mensaleiros e que eles sejam reiteradamente
mostrados ao povo como ocorreu a participação de cada um deles no escandaloso e
indecente processo do mensalão. Seria importante que houvesse a indicação de cada
ato, de forma minuciosa, inclusive dos valores envolvidos, das datas dos
acontecimentos, dos corruptos ativos e passivos, das situações, dos momentos e
tudo o mais sobre os horrores dos fatos irregulares e desabonadores dos bons
princípios e das boas condutas inerentes ao ser humano, de modo que ficassem
evidenciados os procedimentos delituosos praticados por cada "herói"
petista, deixando claro o quanto eles foram perniciosos para os interesses da
nação. Enquanto não forem mostrados, de forma minuciosa e nos mínimos detalhes,
os bastidores da compra de votos de parlamentares, a maneira ardilosa como os
recursos foram conseguidos para alimentar o indigno caixa para o pagamento das
propinas e tudo o mais que resultaram no maior esquema de corrupção da história
republicana por políticos de escol, arquitetado no âmbito do palácio mais
importante da República, os petistas vão continuar se sentindo injustiçados e
penalizados indevidamente por meras bobagens, sempre alegando que, no passado, fatos
idênticos também teriam sido cometidos, sem o menor pudor, por outros políticos,
como se isso não representasse a forma vil de administrar verbas públicas, em
cuja execução pode prescindir da observância dos padrões de dignidade e de
moralidade, haja vista que os recursos envolvidos eram apenas gerenciados por
empresa pública, que não tem, na sua avaliação, obrigação de prestar contas
sobre a sua boa e regular aplicação. A ganância dos homens públicos pelo poder
vem demonstrando o quanto isso tem sido prejudicial aos interesses do país,
porque os meios utilizados para a conquista dele não se adere ao apego à
verdade e à dignidade, quando os princípios fundamentais da honradez são
desprezados e as instituições públicas, a exemplo do Supremo Tribunal Federal,
são alvo de tentativa de ultrajes e desmoralizações, apesar de apenas terem cumprido,
com fidelidade, a sua competência constitucional, que constitui honra para a
nação poder sentir o resultado do trabalho para cujas finalidades elas foram
instituídas. Na verdade, há insistente tentativa de ser transmitida para a
sociedade menos instruída e de menor evolução cultural a ideia de que a classe
dominante é onipotente não erra nem comete irregularidade contra o Estado, e
ainda que a falha, quando existente, ela se origina da mente agressiva da burguesia
e da imprensa tendenciosa que não aceitam a ascensão do operariado ao poder.
Essas manobras maquiavélicas são invencionices arquitetadas por políticos
desprovidos de projetos ou programas capazes de contribuir para o benefício do
país, porque, ao contrário disso, eles não fariam senão boas realizações em
conformidade com os princípios democráticos. Urge que a transparência sobre a
administração pública possa contribuir para a moralização do país, de modo que
a historia republicana seja mostrada à sociedade e que os fatos, inclusive
aqueles inerentes ao escândalo do mensalão, possam ser revelados como eles
realmente aconteceram, inclusive os estragos materiais e morais que eles
causaram ao povo, para que possa prevalecer a verdade que os falsos políticos
tentam disseminar como inexistente e em versão inverossímil. O povo brasileiro tem
o dever cívico, em atenção aos princípios da dignidade e da moralidade, de exigir
a verdade dos homens públicos, sob pena do descrédito se institucionalizar para
sempre na vida pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de dezembro de 2013
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