quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Censura aos delizes antiético e imoral


Possivelmente com a finalidade de desviar o holofote do rumoroso mensalão, que se encontra no auge das discussões na mídia, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República afirmou ao site da IG que “O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz parte de um tempo em que não havia investigação para valer contra autoridades. FHC não combateu corrupção para valer. Os tucanos estão habituados a um tempo em que o procurador-geral da República era o engavetador-geral da República e que um procurador de São Paulo é um errador-geral de pasta. FHC não pode dizer que a compra de votos para sua reeleição foi uma coisa de menor importância. Há envolvimento de tucanos de alto coturno no cartel do metrô paulista. No julgamento do mensalão, a punição foi desproporcional ao erro cometido. Não houve uso de dinheiro público no caso Visanet”. É interessante a forma sutil e deselegante como o petista ressalta, em detalhe, falhas cometidas pelo governo anterior, procurando, ao que se intui, mostrar que falcatruas, corrupções e irregularidades ocorrem em todo governo, não sendo novidade que elas tenham surgido no governo que ele integra. Talvez ele quisesse, com sua delação, justificar os fatos anormais ocorridos no governo petista, como sendo prática corriqueira nos governos, como se isso tivesse o condão de sequer suavizar as inadmissíveis maldades perpetradas pelos mensaleiros contra o patrimônio público. As afirmações do ministro somente potencializam os erros protagonizados pelos petistas, principalmente porque os mensaleiros integrantes da cúpula do partido não sofreram nenhuma punição ante as irregularidades por eles praticadas. Muito pelo contrário, apesar de eles terem sido condenados pelo Supremo Tribunal Federal pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro etc., ninguém foi expulso do partido, que seria a medida justa e correta prevista no seu Estatuto. Diferentemente disso, os mensaleiros são exaltados e aplaudidos nas reuniões petistas, sendo saudados como verdadeiros heróis, como se seus atos de corrupção dignificassem as atividades político-administrativas, que os petistas insistem em incutir na cabeça dos incautos que isso foi o que realmente aconteceu, ou seja, na filosofia ideológica desse partido, a ética é contrariar os salutares princípios da moralidade e do decoro, sem o menor pudor. Ainda bem que a Excelsa Corte de Justiça cumpriu, com exação e imparcialidade, sua importante incumbência constitucional de julgar com profundidade e competência o escandaloso caso do mensalão, o mais delicado episódio político de corrupção da história republicana, tendo conseguido mostrar as entranhas do vergonhoso esquema arquitetado para desviar dinheiros públicos, destinados ao pagamento de propina a parlamentares, em troca de apoio no Congresso Nacional a projetos de interesse do governo. Impende frisar que um ministro petista da Suprema Corte de Justiça, contrariando o entendimento do governo, acaba de sentenciar que o dinheiro do Visanet era considerado recurso público, por estar sob a responsabilidade e a gestão de empresa pública, no caso, o Banco do Brasil. Em que pesem as substanciais provas materiais, periciais, testemunhais e outras legalmente válidas, todas chanceladas pela Polícia Federal, pela Procuradoria Geral da República e pelo Supremo Tribunal Federal, ainda assim os petistas não se vergam à realidade dos fatos, o que reforça ainda mais o seu nível de consciência quanto ao que realmente sejam para eles ética, moralidade, probidade, honestidade..., que diferem completamente do pensamento das pessoas que agem com lisura e cultuam a doutrina das boas condutas e dos bons exemplos de dignidade. É pena que a sociedade, na sua plenitude, não perceba a gravidade e a nocividade dos fatos de que trata o mensalão para o interesse público, haja vista que eles seriam capazes até mesmo de se concluir pelo banimento do partido governista da vida pública, por ter dado acolhido nos seus quadros pessoas com índole aética, indigna e imoral, que contribuem para denegrir os verdadeiros princípios democráticos e as estruturas dos procedimentos conformes ao código da ética humana. Na verdade, o ministro continua coerente com a sua consolidada filosofia de considerar normais os erros cometidos por seu partido, porque eles não diferem das falhas praticadas por outrem, como se isso pudesse justificar seus deslizes antiéticos e imorais. A sociedade precisa se conscientizar, com urgência, de que qualquer ato de corrupção ou irregularidade com recursos públicos deve ser severamente condenável e censurado, inclusive com aplicação de duras punições aos envolvidos, para que sirvam de lição e fatos semelhantes não voltem a incidir. Acorda, Brasil!          

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

 
Brasília, em 17 de dezembro de 2013

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